Centenas de pessoas protestam por suposta fraude eleitoral no Paquistão
Diferentes partidos políticos reivindicam a formação de uma comissão judicial que averigue as alegações de fraude e a apuração dos votos
EFE
Publicado em 8 de agosto de 2018 às 12h24.
Islamabad - Centenas de integrantes de vários partidos políticos protestaram nesta quarta-feira em frente ao edifício da Comissão Eleitoral do Paquistão (ECP, na sigla em inglês) em Islamabad pela suposta fraude nas eleições gerais de 25 de julho, nas quais venceu o partido o Pakistan Tehreek-i-Insaf (PTI) do ex-jogador de críquete Imran Khan.
"Comissão eleitoral, renuncie" e " Fraude eleitoral, inaceitável" eram alguns dos slogans entoados pelos manifestantes no protesto organizado pela Aliança do Paquistão por Eleições Livres e Justas (PAFFE), um grupo formado por 11 partidos que se uniram contra a suposta fraude.
Em frente à sede da ECP aconteceu uma cena incomum no país, pois se misturaram as bandeiras verdes com um tigre da Liga Muçulmana do Paquistão (PML-n), a tricolor vermelha, preta e verde de seu grande rival, o Partido Popular do Paquistão (PPP), e as vermelhas do regional Partido Nacionalista Awami (ANP), entre outros grupos políticas.
"É um mandato roubado e entregue a Imran Khan. Ele não representa a livre escolha do povo do Paquistão", disse no protesto Ahsan Iqbal, líder do PML-n e ex-ministro de Interior no último governo.
O político afirmou que os diferentes partidos reivindicam a formação de uma comissão judicial que averigue as alegações de fraude e a apuração dos votos, e assegurou que os protestos vão continuar se suas reivindicações não forem atendidas.
Nas eleições, o PTI de Khan obteve 116 das 270 cadeiras em jogo, enquanto a PML-n do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif obteve 64 assentos.
O líder da aliança de partidos religiosos Muttahida Majlis-e-Amal (MMA), Fazlur Rehman, avisou que o grupo "não aceitará" a forma como Imran Khan foi "imposto" pelos "poderes estabelecidos", eufemismo com o qual se refere ao todo-poderoso exército do país.
Durante a tensa campanha eleitoral, partidos e grupos de direitos humanos denunciaram pressões por parte dos "poderes estabelecidos" à imprensa e a alguns candidatos, para favorecer o PTI.
O anúncio dos resultados do pleito foi adiado em mais de dois dias e vários partidos denunciaram que seus representantes foram expulsos dos colégios eleitorais durante a apuração de votos.
O PTI tem planejada a formação de governo para meados deste mês com uma coalizão com outros partidos menores.