Caracas diz ter frustrado golpe orquestrado por EUA, Colômbia e Chile
Segundo o governo venezuelano, o golpe previa o assassinato do presidente Nicolás Maduro e a proclamação de um general da reserva como chefe de Estado
AFP
Publicado em 26 de junho de 2019 às 19h35.
O governo venezuelano assegurou nesta quarta-feira (26) ter desbaratado um plano de golpe de Estado, que incluía o assassinato do presidente Nicolás Maduro e a proclamação de um general da reserva como chefe de Estado.
"Estivemos em todas as reuniões para planejar o golpe de Estado, estivemos em todas as conferências", disse o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, ao indicar que houve infiltrados no complô, que envolvia oficiais da ativa e da reserva e devia ter sido executado entre o domingo e a segunda-feira passadas.
Pelo menos seis dos envolvidos estão detidos, acrescentou o ministro em discurso televisionado, apresentando o depoimento de um deles - o tenente Carlos Saavedra - e gravações de videoconferência em que a suposta tentativa foi feita.
Quatro dos soldados foram presos na sexta-feira passada, de acordo com o que o líder da oposição, Juan Guaidó, denunciou na terça-feira, sem detalhar as razões. Além deles, Guaidó mencionou outro militar e dois comissários da polícia científica.
Saavedra disse que ele era sobrinho do general da reserva Ramón Antonio Lozada Saavedra, que foi preso na quarta-feira no estado de Barinas (oeste) por agentes da inteligência.
De acordo com o ministro, com o depoimento de Saavedra e com as conferências, o plano incluiu a tomada de três destacamentos - como a base aérea La Carlota em Caracas - e a fuga do ex-general Raul Baduel para proclamá-lo presidente do país. "É um golpe de estado militar contra Guaidó ou contra o presidente Nicolás Maduro?" ironizou Rodriguez, criticando o líder da oposição, que se proclamou presidente em 23 de janeiro e é reconhecido por 50 países.
Baduel foi ministro da Defesa do ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013) e foi rebaixado por Maduro em 2018 junto com o general Antonio Rivero, que segundo o governo mora na República Dominicana e liderou a conspiração.
Rodríguez disse, ainda, que Estados Unidos, Colômbia e Chile se uniram para executar o suposto plano, que previa levar Baduel de helicóptero para território colombiano caso a estratégia fracassasse. "Até quando, Iván Duque! (...) Já chega de planejar golpes militares, assassinatos do presidente", disse o ministro, mencionando também o presidente chileno, Sebastián Piñera, e o conselheiro de Segurança Nacional americano, John Bolton.
O líder opositor Juan Guaidó desconsiderou a denúncia que o vincula ao suposto golpe, mas advertiu que vai insistir com os militares para que rompam com o presidente Nicolás Maduro. "É o conto número N, a imprensa já perdeu a conta de quantas vezes houve acusações reiteradas sobre o mesmo. Nós, o chamado que vimos fazendo e continuamos fazendo é à família militar, é à Força Armada, que se ponham ao lado da Constituição", disse Guaidó em declarações à imprensa.