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Candidata Meral Aksener altera o tenso equilíbrio dos partidos na Turquia

Quatro partidos dominam a política turca desde 2002 e figura de Aksener, dirigente da recém-fundada legenda IYI ("Bom"), revolucionou

Meral Aksener: até hoje ela foi a única primeira-ministra da história da Turquia (Huseyin Aldemir/Reuters)
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EFE

Publicado em 22 de junho de 2018 às 20h08.

Istambul - O tenso equilíbrio entre quatro partidos, que domina a política turca desde 2002, foi revolucionado pela figura de Meral Aksener, dirigente da recém-fundada legenda IYI ("Bom") e candidata presidencial nas eleições antecipadas deste domingo.

Aksener, nascida em Izmit (perto de Istambul) em 1956, é doutora em História e foi professora universitária antes de entrar na política e ser eleita deputada pela primeira vez em 1995, nas fileiras do Partido Via Justa (DYP).

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Estreou assim como política sob a direção de Tansu Çiller, até hoje única primeira-ministra da história da Turquia , e em 1996 chegou a ser ministra de Interior, embora tenha passado apenas oito meses no cargo.

Após o desastre eleitoral do DYP em 2002, Aksener filiou-se ao direitista Ação Nacional (MHP), com o qual obteve cadeira em 2007 e 2011, sempre na oposição, mas também ocupou o posto de vice-presidente do parlamento.

Em 2016, a aproximação do chefe do MHP, Devlet Bahçeli, com as posições do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e de seu partido, o islamita Justiça e Desenvolvimento (AKP), levou Aksener a liderar uma revolta na formação nacionalista para convocar um congresso extraordinário e substituir Bahçeli.

A tentativa fracassou depois que a polícia impediu a reunião dos membros dissidentes do partido, no que foi interpretado como uma tentativa de Erdogan de proteger Bahçeli, já transformado em aliado, e de fechar o caminho para Aksener.

Excluída do MHP, a ex-ministra fundou em outubro de 2017 uma nova formação com as siglas IYI, imitando ao mesmo tempo visualmente uma antiga marca de povos turcos da Ásia Central.

Embora o IYI só disponha atualmente de seis deputados frente aos 35 do MHP, as pesquisas indicam que Aksener levará praticamente todos os votos desse partido, um potencial que costuma oscilar entre 13% e 17%, deixando o MHP reduzido a um parceiro insignificante do AKP.

Embora apele para um eleitorado nacionalista e apesar de seu breve período como ministra de Interior ser associado a momentos de linha dura com relação ao ativismo curdo, Aksener se mostrou mais flexível que Bahçeli.

Este, por exemplo, já afirmou que jamais votaria no mesmo sentido que o esquerdista Partido Democrático dos Povos (HDP), a força política que defende os direitos dos curdos.

Por sua vez, a candidata defende a libertação de seu rival Selahattin Demirtas, o candidato presidencial do HDP preso preventivamente desde novembro de 2016, com o argumento de que ainda não foi julgado.

"Foi aceito como candidato e deve competir em igualdade de condições, fora da prisão. O que acontecerá se depois for absolvido?", questionou Aksener.

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