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Campanha eleitoral britânica tem último dia ofuscado por ataques

Premiê britânica Theresa May convocou uma eleição antecipada na esperança de fortalecer sua maioria parlamentar antes do início das negociações do Brexit

Theresa May: "deem-me seu apoio nas urnas amanhã para lutar pelo Reino Unido em Bruxelas" (Neil Hall/Reuters)
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AFP

Publicado em 7 de junho de 2017 às 08h59.

Última atualização em 7 de junho de 2017 às 21h48.

A líder conservadora britânica Theresa May e o trabalhista Jeremy Corbyn participaram, nesta quarta-feira, dos últimos comícios de uma uma campanha eleitoral marcada por dois atentados e não pelo Brexit, como se pensava.

No que se refere ao atentado de sábado em Londres, as autoridades confirmaram nesta quarta-feira a morte de oito pessoas, entre eles o espanhol Ignacio Echeverría.

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Em uma nova demonstração da tensão que tem cercado os últimos momentos da campanha eleitoral, a Polícia efetuou nesta quarta-feira uma explosão controlada perto da futura embaixada americana, um local atualmente vazio, em cujas proximidades estavam estacionados dois carros suspeitos.

Segundo as autoridades, estão previstas medidas de segurança reforçadas para esta quinta-feira, dia de votação na capital.

May, que foi ministra do Interior (2010-2016) antes de assumir o posto de primeira-ministra e se encontra sob uma tempestade de críticas pelos cortes orçamentários nas forças de segurança e negligências dos serviços de segurança, tentou contra-atacar na terça-feira com a promessa de que fortalecerá a luta antiterrorista e que nada a deterá, nem os direitos humanos.

A polícia e os serviços de inteligência foram alertados sobre o perigo representado por dois dos três terroristas, o que provocou muitos questionamentos da opinião pública.

Depois de enumerar suas propostas - penas de prisão mais duras, restrição dos deslocamentos de suspeitos, deportação de suspeitos estrangeiros, entre outras -, afirmou:

"E se as leis dos direitos humanos nos impedirem, mudaremos estas leis".

O Reino Unido sofreu três atentados em menos de três meses, dois deles durante a campanha, com um total de 35 mortos: em 22 de março, perto do Parlamento britânico (5 mortos); em 22 de maio ao final de um show de Ariana Grande em Manchester (22 mortos) e no sábado passado em Londres (8 mortos, segundo um balanço atualizado).

Nesta quarta-feira, véspera das eleições, a Polícia anunciou a detenção de mais três pessoas no âmbito das investigações sobre o ataque de sábado.

Um jovem de 27 anos foi detido juntamente com outro, de 33, em uma operação de policiais, "apoiada por bombeiros armados" em uma rua de Ilford, bairro do leste de Londres, próximo a Barking, onde moravam dois dos autores do atentado, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).

Um terceiro suspeito, de 29 anos, foi detido em casa na mesma região da capital britânica.

Hora da verdade para May e Corbyn

May anunciou em 18 de abril a antecipação das eleições, previstas apenas para 2020, quando tinha uma vantagem de 20% nas pesquisas em relação ao trabalhista Jeremy Corbyn.

Ela argumentou que desejava fortalecer sua posição antes das negociações de divórcio com a UE, ampliando sua maioria absoluta, atualmente de 17 de deputados.

Mas o que começou como um plebiscito sobre Corbyn e sua aptidão para enfrentar uma União Europeia com sede de vingança - de acordo com a descrição de May - acabou virando uma votação sobre a capacidade da primeira-ministra para melhorar a vida dos mais pobres, proteger o país de atentados e, no final das contas, governar a nação.

"Me dê seu apoio para liderar o Reino Unido, me dê a autoridade para falar em nome do Reino Unido, me fortaleça para lutar pelo Reino Unido", pediu na terça-feira May em Stoke-on-Trent, a cidade com maior índice de apoio ao Brexit no referendo de junho de 2016.

Corbyn reduziu a desvantagem nas pesquisas a apenas 1%, de acordo com o instituto Survation, um dado que deve ser encarado com precaução após os grandes equívocos das pesquisas britânicas nas últimas votações no país.

O líder trabalhista prometeu acabar com a austeridade orçamentária, contratar mais policiais e fortalecer os serviços públicos.

"Os conservadores passaram os últimos sete anos minando nosso NHS" (Serviço Nacional de Saúde)", afirmou na terça-feira.

Confirmada morte de espanhol

A descoberta do cadáver de uma vítima do atentado no rio Tâmisa, a 2 km do local do ataque em Londres, elevou a oito o número de mortos. A confirmação de que o espanhol Ignacio Echeverría, que se posicionou com o seu skate entre uma mulher e os terroristas, está entre os mortos, completou a identificação das vítimas fatais.

Foram três franceses, duas australianas, uma canadense, um britânico e o espanhol.

Jurista e especialista na luta contra a lavagem de dinheiro no banco HSBC em Londres, Echeverría enfrentou os agressores com seu skate, segundo os amigos que o acompanhavam, o que lhe rendeu o apelido de "o herói do skate", dado pela emissora britânica BBC.

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