Campanha de Milei denuncia fraude dias antes das eleições na Argentina
Sem apresentar provas, partido acusou as forças de segurança do país de alterarem o conteúdo das urnas para favorecer Sergio Massa, candidato do governo peronista, no primeiro turno
Agência de notícias
Publicado em 16 de novembro de 2023 às 18h48.
Última atualização em 16 de novembro de 2023 às 18h48.
A campanha do candidato de ultradireita argentino, Javier Milei , apresentou nesta quinta-feira uma denúncia acusando sem provas a Gendarmaria Nacional, principal força de segurança do país, de alterar "o conteúdo das urnas e a documentação" em benefício de Sergio Massa, candidato do governo peronista que venceu no primeiro turno — contrariando o resultado das primárias e da maioria das pesquisas, que apontavam Milei na liderança.
A alegação surge a três dias do segundo turno e é mais uma de uma série de ações impetradas pelo partido que ajudam semear dúvidas sobre o pleito no domingo, 19.
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A ação foi apresentada formalmente à corte eleitoral por Karina Milei, irmã do candidato ultradireirista, e denuncia uma "fraude colossal" na entrega das urnas às forças de segurança, cujos membros, "juntamente com os chefes regionais", teriam supostamente mudado "o conteúdo das urnas e a documentação de outras que modificaram em favor do partido governista e de Sergio Massa, o que alterou consideravelmente o resultado eleitoral".
Segundo o partido, as violações teriam sido informadas por fontes que "preferem permanecer anônimas" por motivos de seguranças. De acordo com a ação apresentada, os agentes fizeram tal manobra em seções em províncias como Buenos Aires, Misiones, Santiago del Estero e outras motivados por "alguma contrapartida dos instigadores do crime", sem determinar qual.
Ao final do documento, o partido sugere como solução mais participação da Força Aérea e da Marinha da Argentina na custódia das urnas e seus deslocamentos, além de um controle mais rígido das seções. Em resposta, a justiça eleitoral disse que levará o caso à Câmara Nacional Eleitoral (CNE) e aos distritos, e pontuou que os partidos estão autorizados por lei a vigiarem as urnas até o final da votação, procedimento comum nos pleitos do país.
Embate jurídico
O partido de Milei, A Liberdade Avança, vem acionando a Justiça com frequência antes da votação. Segundo um interlocutor da campanha ouvido pelo La Nación, uma nova ação ainda deve ser apresentada para prevenir interferências nas fronteiras.
— Eles nos dizem que estamos gritando fraude. O que estamos fazendo é todo o possível para que não tenhamos que gritar fraude no domingo — disse a fonte, sob anonimato, ao La Nación.
O que Milei faria caso perdesse por uma margem muito pequena para Massa?
— A decisão sobre qual atitude tomar dependerá de Javier. Nesse cenário, eu o aconselharia a esperar pela contagem definitiva dos votos para reconhecer o resultado — disse um dos principais colaboradores de Milei ao jornal argentino.
De acordo com a reconstituição do La Nación, o partido implementou uma série de ações para fiscalizar os votos no domingo que vão além do controle que normalmente é feito nas seções eleitorais. A campanha de Milei cobrou a Indra, empresa responsável pela contagem provisória dos votos — acusada por Milei nesta quinta de ser "amiga" do primeiro-ministro socialista da Espanha, Pedro Sánchez, em uma postagem no X (antigo Twitter) — informações sobre os códigos-fonte e os procedimentos tomados. Paralelamente, buscaram se aproximar da companhia com cientistas da computação forense.
— Fizemos tudo o que podíamos, pedimos todas as informações sobre o sistema e até fomos à empresa com cientistas da computação forense. No domingo, teremos fiscais de informática examinando a contagem. Eles sabem que os estamos observando de perto — disseram fontes do partido.
O partido também pediu à Direção Nacional Eleitoral (Dine), subordinada à Presidência e responsável pela contagem, compartilhasse com a Câmara Nacional Eleitoral os dados de GPS dos veículos para transportarão as urnas ao final da votação.