Câmara dos Deputados da Bolívia aprova imposto sobre grandes fortunas
O governo estima que o novo imposto arrecade cerca de 105 milhões de bolivianos por ano (15,1 milhões de dólares)
AFP
Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 17h15.
Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 17h39.
A Câmara dos Deputados da Bolívia , controlada pelo partido governista, aprovou nesta quinta-feira, 10, uma lei para arrecadar um imposto anual e permanente sobre fortunas individuais acima de 4,3 milhões de dólares. O projeto foi encaminhado ao Senado para ratificação.
A casa legislativa também aprovou outra norma para a devolução de 5% de todas as compras faturadas a pessoas com renda inferior a 9.000 bolivianos (cerca de 1.293 dólares). Ambas as leis foram bem recebidas pelo presidente Luis Arce.
"Saudamos a Câmara dos Deputados por aprovar dois importantes projetos de lei voltados para a reativação da economia, como o reembolso do RE-IVA aos trabalhadores que recebam salário mensal igual ou inferior a Bs 9.000, e o imposto a grande fortunas (IGF)", reagiu Arce no Twitter.
A norma, segundo explicações anteriores do Ministério da Economia, estabelece uma base tributária progressiva: 150.000 bolivianos (cerca de 21.500 dólares) para pessoas com fortunas de 30 milhões a 40 milhões de bolivianos (entre 4,3 milhões e 5,7 milhões de dólares).
Da mesma forma, uma alíquota de 600.000 bolivianos (86.200 dólares) será aplicada a fortunas de 40 milhões a 50 milhões de bolivianos (5,7 milhões a 7,2 milhões de dólares). O imposto aumentará de acordo com a riqueza.
O governo estima que o novo imposto arrecade cerca de 105 milhões de bolivianos por ano (15,1 milhões de dólares).
O deputado Omar Yujra, do Movimento ao Socialismo (MAS), explicou que a novo tributo vai atingir 150 cidadãos do país, que possuem fortunas superiores a 4,3 milhões de dólares.
O economista Gary Rodríguez, gerente do Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE), disse à AFP nesta semana que o novo imposto "é um sinal que preocupa investidores locais e estrangeiros".
Segundo o deputado da oposição de direita Creemos José Carlos Gutiérrez, a receita gerada pela nova taxa irá para o Tesouro Geral da Nação. "Será para alimentar a burocracia, quando propusemos que fosse para a saúde", criticou.
Por se tratar de uma lei do Executivo, que controla hoje o Congresso, é certa a ratificação pelo Senado, que começará a discuti-la nesta semana.