Mundo

Lei contra Brexit sem acordo caminha para sanção da rainha Elizabeth II

Como parte do processo de formalidade, agora decisão será encaminhada à rainha Elizabeth II

As 28 monarquias que ainda existem no Mundo_Rainha Elizabeth II (WPA Pool / Pool/Getty Images)

As 28 monarquias que ainda existem no Mundo_Rainha Elizabeth II (WPA Pool / Pool/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 6 de setembro de 2019 às 12h35.

Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 19h58.

A Câmara dos Lordes aprovou, nesta sexta-feira (6), o projeto de lei que obriga o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a pedir o adiamento do Brexit.

Adotado pelos deputados da Câmara dos Comuns na última quarta, o texto agora deve receber o aval da rainha Elizabeth II, a partir de segunda-feira, para se tornar lei. O objetivo é adiar o Brexit por mais três meses, caso Johnson não chegue a um acordo de divórcio com a União Europeia (UE) até 19 de outubro.

Ainda determinado a obter eleições antecipadas para superar a situação de bloqueio do Brexit, Johnson visitou a Escócia hoje em um clima de pré-campanha, mas cada vez mais abalado pelas derrotas no Parlamento e pela renúncia do irmão.

Boris Johnson visitou uma fazenda na região norte do país ao fim de uma semana intensa. O governo perdeu a maioria parlamentar, viu a aprovação de uma lei que o obrigaria a solicitar outro adiamento do Brexit, e os deputados votaram contra a opção de eleições gerais.

No evento desta sexta, Johnson anunciou uma importante ajuda financeira para os agricultores escoceses após o Brexit - um ato com toda cara de campanha eleitoral.

"Não acredito que teremos um Brexit sem acordo. Tenho confiança em conseguir um acordo na reunião europeia de 17 de outubro", declarou o premiê ao canal Sky News durante a visita à área rural.

Quase ao mesmo tempo, porém, Antti Rinne, primeiro-ministro da Finlândia, país que preside a União Europeia (UE) atualmente, afirmou que, pelo caos político no Reino Unido, "não parece agora possível" alcançar um acordo até o fim de outubro.

No campo judicial, Johnson obteve uma vitória: o Alto Tribunal de Londres rejeitou nesta sexta-feira uma ação contra sua decisão de suspender as atividades do Parlamento a partir da próxima semana e até 14 de outubro, duas semanas antes da data prevista para o Brexit.

Apresentada pela empresária e ativista anti-Brexit Gina Miller com o apoio de vários pesos pesados políticos - entre eles o ex-primeiro-ministro conservador John Major -, a ação foi rejeitada, como já havia acontecido na quarta-feira com uma demanda similar apresentada em Edimburgo.

Apresentada na Irlanda do Norte, uma terceira demanda contra a suspensão parlamentar ainda será examinada.

Miller - que em 2017 venceu uma importante batalha judicial sobre o Brexit contra o governo de Theresa May - anunciou que vai recorrer à Suprema Corte em 17 de setembro.

"Minha equipe legal e eu não abandonaremos a luta pela democracia", declarou.

- Brexit "divide as famílias" -

Johnson recebeu duros golpes esta semana.

No plano pessoal, seu irmão mais novo, Jo Johnson, renunciou ao cargo de secretário de Estado para a Ciência e ao posto de deputado. Ele alegou a "tensão irresolúvel entre a lealdade familiar e o interesse nacional".

O primeiro-ministro parece ter ficado abalado e afirmou que "Jo é um cara fantástico".

"Mas não concorda comigo sobre a União Europeia, porque é um tema que obviamente divide as famílias", declarou Boris, sem esconder a emoção.

No Parlamento, 21 deputados conservadores se rebelaram contra Johnson e o deixaram em minoria. Além disso, a oposição votou contra a proposta do chefe de Governo de convocar eleições legislativas para 15 de outubro.

Seis semanas depois de chegar a Downing Street, Johnson está encurralado, sem maioria e incapaz de cumprir sua grande promessa de retirar o país da UE em 31 de outubro a qualquer custo.

Na próxima segunda-feira (9), o Parlamento organizará uma nova votação sobre a possibilidade de antecipar as eleições. Não parece que Johnson conseguirá obter o apoio necessário, já que a oposição desconfia de uma possível "armadilha".

O primeiro-ministro "demonstrou ser um mentiroso manifesto e alguém que disse que prefere morrer em uma vala a impedir um Brexit sem acordo", declarou à rádio BBC a trabalhista Emily Thornberry.

Ela garantiu que a principal força de oposição voltará a votar contra as eleições, enquanto o novo adiamento do Brexit não for solicitado à UE e concedido pelo bloco, possivelmente na reunião de cúpula de 17 e 18 de outubro.

 

Acompanhe tudo sobre:Boris JohnsonBrexitRainha Elizabeth IIReino Unido

Mais de Mundo

Após dois anos de pausa, Blue Origin, de Jeff Bezos, leva passageiros ao espaço

Bombardeios continuam em Rafah, mesmo com chegada de emissário dos EUA a Israel

Irã inicia buscas por helicóptero do presidente Raisi após 'acidente'

Beyond Expo, em Macau, reúne 30 mil pessoas em feira tech que conecta a China ao mundo

Mais na Exame