Palestinos protestam na Faixa de Gaza contra Israel (/Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)
AFP
Publicado em 30 de maio de 2018 às 15h50.
Última atualização em 30 de maio de 2018 às 15h57.
A calma retornou nesta quarta-feira (30) à Faixa de Gaza e a Israel após serem registrados os mais duros confrontos entre as forças israelenses e os grupos armados palestinos desde a guerra de 2014, apesar de terem desmentido a conclusão de um cessar-fogo.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que seu Exército infligiu "o golpe mais duro há anos" aos grupos palestinos em Gaza. "Reagiu com força aos disparos provenientes de Gaza, atacando dezenas de alvos terroristas", acrescentou.
O Exército israelense afirmou nesta quarta ter atacado 65 posições militares do grupo islamita Hamas na Faixa de Gaza em represália aos disparos de foguetes e obuses contra seu território, alguns deles interceptados pelos sistemas de defesa aérea, na terça-feira e na madrugada desta quarta-feira.
Contudo, a calma aparentemente retornou horas depois. Não foi registrado nenhum novo disparo de foguetes e a Força Aérea israelense cessou seus ataques sobre o enclave palestino, distanciando a perspectiva de uma nova guerra entre as duas partes.
Três soldados ficaram feridos, dois deles levemente, indicou o Exército israelense. O Hamas não comunicou se houve feridos em Gaza.
Um dirigente do Hamas havia confirmado nesta quarta-feira de manhã as declarações da Jihad Islâmica, outro movimento palestino, segundo as quais haviam chegado a uma trégua, aparentemente com a mediação do Egito. No entanto, o ministro israelense da Inteligência, Yisrael Katz, negou a existência de tal acordo.
A Faixa de Gaza está cercada por Israel, Egito e pelo Mediterrâneo. Israel afirmou que atingiu com sua aviação e sua artilharia posições do Hamas, que governa o território, e da Jihad Islâmica, seu aliado e segunda força em Gaza.
Israel já protagonizou três guerras na Faixa de Gaza com o Hamas, a Jihad Islâmica e outros grupos armados palestinos.
Os braços armados do Hamas e da Jihad Islâmica reivindicaram o lançamento de dezenas de projéteis contra Israel na terça-feira, em reposta, segundo os movimentos palestinos, a ataques do Exército israelense contra suas posições, um dos quais matou três integrantes do segundo dos grupos no domingo.
Apesar do anúncio de um acordo de cessar-fogo pela Jihad Islâmica, o exército israelense anunciou que bombardeou durante a noite 25 objetivos militares vinculados ao Hamas, incluindo fábricas de foguetes, refúgios de drones e "infraestruturas militares".
A Jihad Islâmica anunciou na terça-feira à noite um acordo de cessar-fogo entre os movimentos palestinos - incluindo o Hamas - e Israel, com a mediação do Egito, histórico intermediário entre as duas partes.
O Egito, que já foi a potência dominante em Gaza, é um dos dois únicos países árabes a manter relações com Israel.
Khalil al-Hayya, auxiliar do líder do Hamas na Faixa de Gaza, confirmou nesta quarta-feira que uma trégua foi alcançada "graças a um determinado número de mediadores". Israel negou este acordo.
"Israel não deseja que a situação se deteriore, mas quem desencadeou a violência deve encerrá-la. Israel fará pagar (o Hamas) pelos disparos contra Israel", afirmou.
A escalada de terça-feira, após semanas de violência na fronteira entre Israel e Gaza, ressuscitou o fantasma de um novo conflito no território, cenário de três guerras desde 2008.
Israel e Hamas, com seus aliados, observam desde 2014 um cessar-fogo que é desafiado regularmente.
Nem Israel nem um enfraquecido e isolado Hamas têm interesse em uma escalada. Mas diplomatas e analistas afirmam que o isolamento de Gaza pelo bloqueio israelense e egípcio, a crise econômica e a ausência de um horizonte político desestabilizam a situação.
O governo dos Estados Unidos, aliado de Israel, denunciou os disparos palestinos "contra instalações civis" e pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU nesta quarta-feira.
As autoridades palestinas anunciaram a morte de um palestino ferido nas manifestações da sexta-feira passada na fronteira de Gaza com Israel.
Desde o início das manifestações pelo direito ao retorno, em 30 de março, 122 palestinos morreram vítimas dos tiros de soldados israelenses.