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Brasil terá 2 vezes mais venezuelanos em 2019, diz ONU

É a primeira vez que a crise é classificada como "crise humana". A ONU estima que a resposta custará US$ 736 milhões

Imigrantes venezuelanos entrando tentando entra na Colômbia (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de dezembro de 2018 às 15h32.

Por Jamil Chade, correspondente

- O número de imigrantes da Venezuela no Brasil deve praticamente dobrar em 2019 e chegar a 190 mil pessoas. A ONU, autora do levantamento, teme que os venezuelanos enfrentem fome, falta de abrigo, violência e estima que o governo brasileiro precisará de US$ 56 bilhões em ajuda internacional para lidar com a crise.

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"A região terá de responder, em algumas áreas, como se fosse um terremoto. Vivemos um terremoto humanitário", disse Eduardo Stein, representante especial da ONU para a crise na Venezuela, ao jornal O Estado de S. Paulo. O fluxo, que era de 18 mil pessoas por dia em agosto entrando no Brasil, agora está em cerca de 5 mil. "É um movimento sem precedentes."

Esta é a primeira vez que a situação é classificada como "crise humana". A ONU estima que uma resposta custará no total US$ 736 milhões. Com o dinheiro solicitado, a ONU espera ajudar 2,2 milhões de venezuelanos.

Cerca de 500 mil cidadãos de países vizinhos também seriam beneficiados.

O ritmo do êxodo continuará crescendo em 2019, segundo a ONU. Até dezembro de 2019, mais 2 milhões de venezuelanos deixarão o país, elevando o êxodo para 5,3 milhões de pessoas. Destas, 3,6 milhões precisarão de ajuda, incluindo 460 mil crianças.

O país mais afetado será a Colômbia, com a expectativa de receber um total de 2,3 milhões de pessoas. Quase 1 milhão entrará apenas em 2019. Por isso, 43% dos recursos pretendidos pela ONU serão destinos para Bogotá. O Equador receberá 16% e o Peru, 14%.

Até o fim deste ano, 88,9 mil venezuelanos terão entrado no Brasil, diz a ONU. A partir de novembro, uma média de 400 a 500 pessoas passaram a cruzar a fronteira em direção ao País, "muitos em condições desesperadoras e precisando de ajuda humanitária urgente".

"Projeta-se que haverá cerca de 190 mil refugiados e imigrantes da Venezuela no Brasil ao final de 2019, incluindo 86 mil novas chegadas ao longo do ano", afirma a organização em seu plano.

A posição do Brasil é considerada estratégica. Stein espera que o governo de Jair Bolsonaro não mude a política em relação aos venezuelanos. "Não acreditamos que essa atitude de portas abertas vá mudar em um futuro próximo", disse. "Não prevemos qualquer mudança significativa na forma pela qual as instituições públicas brasileiras reagem a essa situação humanitária na Venezuela. Isso é uma boa notícia."

Destino

Os números da ONU revelam uma situação alarmante vivida pelos venezuelanos no Brasil. Até outubro, 5,2 mil estrangeiros viviam em abrigos em Boa Vista e Pacaraima. Os documentos apontam, porém, que "a demanda por moradia superou a capacidade local e estruturas".

Entre fevereiro e junho, o total de venezuelanos vivendo fora dos abrigos oficiais aumentou 23%. Um terço dos que não encontram locais em abrigos oficiais da ONU ou do governo acaba se alimentando apenas uma vez por dia.

Por isso, a organização acredita que o Brasil precisará de ajuda. Para 2019, a ONU apela a doadores internacionais que enviem ao Brasil pelo menos US$ 56 milhões para atender ao fluxo de venezuelanos, além de reforçar saúde e escolas para cerca de 110 mil brasileiros na região de fronteira. O pacote inclui alimentos, material higiênico e água. Novos abrigos devem ser erguidos e programas serão criados para treinar funcionários públicos e acelerar o processo de registros.

Para a ONU, essa população não voltará tão cedo para a Venezuela. Estudos mostram que quando alguém foge de seu país não há um retorno em pelo menos três anos - isso se houver uma solução no país de origem. Por isso, os imigrantes precisam ser qualificados e integrar o mercado de trabalho local. O desafio do Brasil será a integração dos venezuelanos: 49% do dinheiro recolhido será destinado para promover a coexistência entre venezuelanos e populações locais e 28% irão para ajuda humanitária.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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