Brasil e Colômbia querem checagem de atas por governo de Maduro e oposição da Venezuela
Diplomacia de países alinhados não cogitam auditoria independente para processo eleitoral
Agência de notícias
Publicado em 26 de agosto de 2024 às 06h37.
Ao contrário do que defendem atores internacionais, como a União Europeia, os governos do Brasil e da Colômbia avaliam que a checagem das atas eleitorais na Venezuela deve ser feita por representantes do presidente Nicolás Maduro e da oposição, e não por uma auditoria independente.
Segundo um importante interlocutor da área diplomática, a averiguação, se ocorrer, terá de resultar de um entendimento entre os venezuelanos e de forma imparcial.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro divulgaram uma nota, na noite de sábado, sobre a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano, que na semana passada validou a eleição de Maduro em 28 de julho último. Lula e Petro cobraram transparência e deixaram claro que não reconhecem o resultado, enquanto os boletins de urna, que mostram como foi a votação no país, não forem apresentados.
Logo após a eleição, Maduro foi proclamado presidente eleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A oposição afirmou que houve fraude eleitoral e que seu candidato, Edmundo González, havia sido o vencedor. O CNE encaminhou o caso ao TSJ do país, que deu sua sentença.
Na sexta-feira, os Estados Unidos, a União Europeia e mais dez países da América Latina, além da Organização dos Estados Americanos (OEA), rejeitaram a decisão do TSJ de respaldar a vitória de Maduro. Brasil e Colômbia quebraram o silêncio no sábado.
Pressionados interna e externamente para subirem o tom com o venezuelano Nicolás Maduro , Lula e Petro articulam novos movimentos, ao longo desta semana, em busca de uma solução pacífica para a crise no país vizinho. Interlocutores que acompanham de perto o assunto afirmam que os dois líderes estão em "total sintonia", apesar das dificuldades.
Um graduado diplomata que acompanha de perto a estratégia dos dois presidentes afirmam que "ambos entendem seu papel neste momento delicado". No caso de Gustavo Petro, a pressão ainda é maior porque a Colômbia é o país que mais recebeu venezuelanos que saíram do país por causa do regime chavista, e a sociedade cobra medidas mais assertivas.