Bósnia festeja êxito futebolístico como esperança de mudança
Seleção da Bósnia-Herzegovina acaba de conseguir classificação para a Copa do Mundo de 2014, criando esperanças para que esta dividida sociedade possa se unir
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2013 às 10h25.
Sarajevo - A seleção de futebol da Bósnia-Herzegovina acaba de conseguir o maior êxito de sua história com a classificação para a Copa do Mundo de 2014 , que será disputada no Brasil, criando esperanças para que esta dividida sociedade possa se unir quase 20 anos depois da sangrenta guerra étnica.
Frente à dura retórica nacionalista dos políticos bósnios, a seleção triunfou com jogadores muçulmanos, sérvios e croatas, as três principais etnias que compõem o país.
Trata-se de muçulmanos, como Edin Dzeko, servo-bósnios como Miroslav Stevanovic ou bósnio-croatas como Zoran Kvrzic.
Após o triunfo diante da Lituânia, que selou o bilhete bósnio para a Copa do Brasil, um sentimento de euforia inundou o país balcânico durante dias, com milhares de pessoas nas ruas de Sarajevo para saudar os heróis em seu retorno.
A classificação "é como uma aspirina psicológica em um país no qual tudo é política, em que a religião é política, até o censo da população é política, e no qual não acontece nada lindo", comentou à Agência Efe o psicólogo Ibrahim Prohic.
"É um dos poucos momentos em nossas vidas nos quais nos sentimos felizes, como vencedores, quando alcançamos por nós mesmos algo grande", acrescentou.
Os jogadores parecem ter devolvido a muitos bósnios o sentimento de respeito por si mesmos, embora a felicidade poderia acabar em breve perante uma realidade diária desalentadora.
E apesar de muitos considerarem que o êxito da seleção seria uma oportunidade para unir os três povos bósnios, é pouco provável que a situação mude a curto prazo.
A Bósnia, um país de 4 milhões de habitantes, quer se integrar à União Europeia (UE), mas está estagnada há anos por constantes divergências entre os líderes dos três povos.
Um fator crucial para o êxito da equipe bósnia foi a grande qualidade de seus jogadores, seu profissionalismo, seu trabalho e a disciplina além da origem étnica, destacam os comentaristas.
"A seleção demonstrou que é possível. Tomara que os políticos sejam tão sólidos como os jogadores", disse Ivica Osim, lendário técnico bósnio, que pediu aos líderes políticos do país que usem a seleção como um exemplo a seguir.
Vários jogadores bósnios viveram sua infância como refugiados após abandonar o país pela guerra (1992-1995), como o goleiro Asmir Begovic, o atacante Vedai Ibisevic e o meia Miralem Pjanic.
"Desde a infância, só tive dois desejos: ser jogador profissional e jogar para Bósnia-Herzegovina. Estou feliz porque ambos se concretizaram", declarou à Agência Efe Pjanic, educado em Luxemburgo, onde chegou com sua família no início da guerra.
"Jogar para nosso país, que tanto sofreu, é algo que faz nos sentirmos orgulhosos, que nos dá sempre mais força e encoraja para vencer", assegurou o jogador.
É precisamente esta carga patriótica e um sentimento de dívida com seu país o que impulsiona muitos jogadores bósnios.
Outro fator-chave para o êxito foi a estabilização da Federação Bósnia de Futebol (NS BiH), que há dois anos estava à beira do colapso perante a incapacidade de seus dirigentes, escolhidos segundo o princípio étnico.
A Uefa suspendeu então a NS BiH e colocou Osim à frente, que com uma dezena de colaboradores conseguiu normalizar as coisas em somente um ano e meio substituindo os princípios de trabalho étnicos pelos profissionais.
Assim, o técnico Safet Susic pôde trabalhar em paz e calma, e o resultado no esporte não demorou em chegar.
A seleção da Bósnia e Herzegovina conseguiu com que o mundo se fixe no país pela primeira vez em anos por um evento positivo e não por divisões étnicas e sequelas traumáticas da guerra, que deixou milhares de mortos e feridos.
Sarajevo - A seleção de futebol da Bósnia-Herzegovina acaba de conseguir o maior êxito de sua história com a classificação para a Copa do Mundo de 2014 , que será disputada no Brasil, criando esperanças para que esta dividida sociedade possa se unir quase 20 anos depois da sangrenta guerra étnica.
Frente à dura retórica nacionalista dos políticos bósnios, a seleção triunfou com jogadores muçulmanos, sérvios e croatas, as três principais etnias que compõem o país.
Trata-se de muçulmanos, como Edin Dzeko, servo-bósnios como Miroslav Stevanovic ou bósnio-croatas como Zoran Kvrzic.
Após o triunfo diante da Lituânia, que selou o bilhete bósnio para a Copa do Brasil, um sentimento de euforia inundou o país balcânico durante dias, com milhares de pessoas nas ruas de Sarajevo para saudar os heróis em seu retorno.
A classificação "é como uma aspirina psicológica em um país no qual tudo é política, em que a religião é política, até o censo da população é política, e no qual não acontece nada lindo", comentou à Agência Efe o psicólogo Ibrahim Prohic.
"É um dos poucos momentos em nossas vidas nos quais nos sentimos felizes, como vencedores, quando alcançamos por nós mesmos algo grande", acrescentou.
Os jogadores parecem ter devolvido a muitos bósnios o sentimento de respeito por si mesmos, embora a felicidade poderia acabar em breve perante uma realidade diária desalentadora.
E apesar de muitos considerarem que o êxito da seleção seria uma oportunidade para unir os três povos bósnios, é pouco provável que a situação mude a curto prazo.
A Bósnia, um país de 4 milhões de habitantes, quer se integrar à União Europeia (UE), mas está estagnada há anos por constantes divergências entre os líderes dos três povos.
Um fator crucial para o êxito da equipe bósnia foi a grande qualidade de seus jogadores, seu profissionalismo, seu trabalho e a disciplina além da origem étnica, destacam os comentaristas.
"A seleção demonstrou que é possível. Tomara que os políticos sejam tão sólidos como os jogadores", disse Ivica Osim, lendário técnico bósnio, que pediu aos líderes políticos do país que usem a seleção como um exemplo a seguir.
Vários jogadores bósnios viveram sua infância como refugiados após abandonar o país pela guerra (1992-1995), como o goleiro Asmir Begovic, o atacante Vedai Ibisevic e o meia Miralem Pjanic.
"Desde a infância, só tive dois desejos: ser jogador profissional e jogar para Bósnia-Herzegovina. Estou feliz porque ambos se concretizaram", declarou à Agência Efe Pjanic, educado em Luxemburgo, onde chegou com sua família no início da guerra.
"Jogar para nosso país, que tanto sofreu, é algo que faz nos sentirmos orgulhosos, que nos dá sempre mais força e encoraja para vencer", assegurou o jogador.
É precisamente esta carga patriótica e um sentimento de dívida com seu país o que impulsiona muitos jogadores bósnios.
Outro fator-chave para o êxito foi a estabilização da Federação Bósnia de Futebol (NS BiH), que há dois anos estava à beira do colapso perante a incapacidade de seus dirigentes, escolhidos segundo o princípio étnico.
A Uefa suspendeu então a NS BiH e colocou Osim à frente, que com uma dezena de colaboradores conseguiu normalizar as coisas em somente um ano e meio substituindo os princípios de trabalho étnicos pelos profissionais.
Assim, o técnico Safet Susic pôde trabalhar em paz e calma, e o resultado no esporte não demorou em chegar.
A seleção da Bósnia e Herzegovina conseguiu com que o mundo se fixe no país pela primeira vez em anos por um evento positivo e não por divisões étnicas e sequelas traumáticas da guerra, que deixou milhares de mortos e feridos.