Mundo

Bolton cita "troika da tirania" na América Latina e saúda Bolsonaro

A eleição de Jair Bolsonaro no Brasil significa "que há muitas novas oportunidades para lidar com o regime de Nicolás Maduro"

John Bolton: ele é conselheiro de segurança nacional da Casa Branca (Alexander Zemlianichenko/Reuters)

John Bolton: ele é conselheiro de segurança nacional da Casa Branca (Alexander Zemlianichenko/Reuters)

E

EFE

Publicado em 2 de novembro de 2018 às 13h04.

Miami, 1 nov (EFE).- O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, justificou nesta quinta-feira a mobilização de 15 mil militares na fronteira com o México ao afirmar, em entrevista à Agência Efe, que os imigrantes que chegam em caravanas devem encarar o assunto com "seriedade".

Antes de um discurso em Miami sobre a política dos EUA para a América Latina, no qual anunciou sanções a Cuba e Venezuela, Bolton disse que é "inaceitável" entrar no país em caravanas, como as que se aproximam com milhares de imigrantes, a maioria de Honduras.

"Acho que há muitas oportunidades (de negociar com os países centro-americanos), mas as pessoas têm que levar a sério. Simplesmente, essa não é uma forma aceitável de entrar nos Estados Unidos", disse, ao pontuar que a ameaça através da fronteira "é um problema de segurança nacional".

"Não é simplesmente imigração ilegal, é tráfico de pessoas, tráfico de drogas, são potenciais terroristas entrando, assim como armas de destruição em massa, é uma questão de soberania. Portanto, há muitos assuntos muito importantes em jogo", destacou.

Para Bolton, trata-se de um problema que o governo de Donald Trump herdou e tenta resolver com a parte mexicana, com a qual teve "bons tratos".

O conselheiro declarou que a caravana é, em "muitos aspectos, organizada pela oposição em Honduras e por outros que estão tentando politizá-la".

"A caravana é uma boa evidência de que as pessoas do outro lado da fronteira estão politizadas", analisou.

Segundo Bolton, a decisão sobre a mobilização de militares é algo de longa data. Ele recordou que fazia parte do governo do presidente Ronald Reagan (1981-1989) quando foi aprovada a reforma migratória de 1986, que abriu as portas para a cidadania a milhões de imigrantes ilegais.

"A suposição era que solucionaria o problema. Foi feito um grande esforço e estamos aqui hoje. Isso me lembra em muitos aspectos a mesma situação que encaramos no governo Reagan. Então, isto é algo que o presidente herdou", disse.

Sobre as relações com Cuba, Bolton indicou que nos próximos dois meses será "revista cuidadosamente" a lei que permite apresentar processos nos EUA por expropriações do regime de Fidel e Raul Castro a cidadãos americanos.

Esses processos e possíveis sanções a outros países que têm negócios com o regime gerariam, segundo especialistas, um enredo e uma série de processos internacionais.

Bolton explicou que serão levados em conta todos os aspectos sobre o título III da Lei Helms-Burton (de 1996, que endureceu o embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba) e que "seria recomendável analisar este problema com um olhar fresco e revisá-lo seriamente", mas não deu "garantias" que a política vá mudar.

Por outro lado, afirmou que "todo o hemisfério ocidental" enfrenta um problema com Cuba, Venezuela e Nicarágua e que as sanções dos EUA a esta "troika da tirania" não são unilaterais.

"Acredito que seja importante para o povo americano compreender que enfrentamos um problema com estes países que nos afetam, e afetam todo o hemisfério", manifestou.

Bolton declarou que o governo americano quer falar com todos os parceiros do hemisfério, ao ressaltar que as sanções anunciadas hoje contra a Venezuela não são uma "posição unilateral dos Estados Unidos".

"Isto nós compartilhamos recentemente com os governos escolhidos democraticamente na América Central e na América do Sul", exemplificou.

O conselheiro presidencial anunciou nesta quinta-feira sanções aos americanos envolvidos em "transações fraudulentas" com ouro venezuelano e também a ampliação de medidas contra quem comercialize com empresas cubanas vinculadas com o Exército do país.

De acordo com Bolton, o novo governo da Colômbia, presidido por Iván Duque, e a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil significam "que há muitas novas oportunidades para lidar com o regime de Nicolás Maduro".

Para Bolton, as democracias na região estão se dando conta que esta "troika" representa "um mal para o resto do hemisfério". Segundo ele, Trump teve recentemente uma conversa "muito tensa" com Duque sobre a "exploração do comércio e do narcotráfico por parte do regime de Maduro" durante a Assembleia da ONU em Nova York.

Outros pontos abordados foram os êxodos de milhares de venezuelanos que tiveram que fugir do país e se "tornaram refugiados na Colômbia e no Brasil". "O regime de Maduro é o problema em muitos, muitos aspectos", expressou. EFE

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)MéxicoNicolás Maduro

Mais de Mundo

Trump afirma que declarará cartéis de drogas como organizações terroristas

Polícia da Zâmbia prende 2 “bruxos” por complô para enfeitiçar presidente do país

Rússia lança mais de 100 drones contra Ucrânia e bombardeia Kherson

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia