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Bebeto adota jeitão discreto na política em vez do estilo popstar de Romário

Deputado estadual e ex-craque da Seleção Brasileira, Bebeto fala sobre seus primeiros meses no cargo, Copa do Mundo, Olimpíadas e a equipe de Mano Menezes

Bebeto diz que a dupla que formou com Romário em 1994 foi 'coisa de Deus' (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2011 às 08h00.

São Paulo - Toda vez que um jogador de futebol comemora seu gol balançando os braços como se embalasse um bebê, fica difícil não lembrar de José Roberto Gama de Oliveira. Bebeto, craque que foi o dono da camisa sete da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1994, imortalizou o gesto na homenagem que fez para o filho Matheus - que nasceu em julho daquele ano - ao marcar um gol no jogo contra os Estados Unidos.

Hoje em dia, em vez das camisas de futebol, Bebeto, há tempos longe dos gramados, usa terno e gravata quase que diariamente em sua nova função. Ele foi eleito Deputado Estadual pelo Rio de Janeiro no ano passado. E até agora vem mostrando na Assembleia Legislativa o mesmo empenho que exibia dentro de campo. Em seis meses, o deputado teve 100% de presença nas sessões obrigatórias, e já apresentou 22 projetos de lei.

Em entrevista a EXAME.com, o ex-jogador falou sobre seus primeiros meses de mandato e seu futuro na política. Também comentou temas importantes como os eventos esportivos que o Brasil vai sediar nos próximos anos. Para ele, se as Olimpíadas fossem hoje, o Rio de Janeiro não teria condições de receber o evento. Mas ele afirma ter certeza de que a cidade será capaz de se preparar a tempo para fazer bonito nos jogos. Acompanhe abaixo a entrevista com o deputado Bebeto.

EXAME.com - O senhor teve um primeiro semestre bastante ativo na Alerj, com diversos projetos. Como avalia seus seis primeiros meses de mandato?

Bebeto: A avaliação que faço do meu desempenho no primeiro semestre de casa é positiva, pois estou tendo a humildade para aprender o que desconhecia, com muita determinação, interesse e empenho, e, apresentei 39 matérias, sendo 22 Projetos de Lei.

EXAME.com - O senhor tem algum projeto previsto que tenha a ver com a Copa ou as Olimpíadas?

Bebeto - Sim, pois com a experiência que adquiri não só nos gramados, mas, principalmente, como amante de todos os esportes, estou criando uma série de projetos, sendo um deles o aproveitamento das estruturas esportivas já existentes (e, muitas delas, atualmente, em desuso), viabilizando parcerias com escolas estaduais, que poderiam usufruir destes espaços, incentivando a prática da educação física, despertando e estimulando nos jovens o amor pelo esporte.

Além disso, outro projeto seria o aproveitamento de grandes ícones do esporte e ex-atletas que nos ajudariam na formação e busca de atletas que possam defender o nosso país, proporcionando infraestrutura adequada para que não precisem ir para o exterior a fim de mostrar o talento que tem.


EXAME.com - Várias matérias o descrevem como um deputado discreto, que fala pouco e observa muito. O senhor acha que este perfil te ajuda nas relações políticas?

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Bebeto - Penso que sim, pois minha carreira política está apenas começando, estou tentando observar ao máximo, a fim de aumentar o meu aprendizado. A discrição foi sempre uma característica ao longo da minha vida como atleta profissional, não me preocupando com vaidades, mas sendo decisivo quando preciso.

EXAME.com - As comparações entre o seu estilo e o do deputado Romário são inevitáveis. Isso incomoda?

Bebeto - Não, de forma alguma, pois cada pessoa tem a opção de escolher o melhor caminho para viver. Respeito a tudo e a todos, e estou muito feliz com o meu jeito de conduzir a vida.

EXAME.com - O senhor acha que deveria ter um pouco mais do estilo popstar do Romário, ou ele deveria ter um pouco mais do seu jeito discreto?

Bebeto - Acho que cada um tem a sua própria maneira de ser, não cabe a mim julgar quem quer que seja, muito pelo contrário.

EXAME.com - O que o senhor teria mais gosto em ver? Um filho seu encaminhado no mundo político, ou virando um jogador de futebol de sucesso?

Bebeto - Em qualquer área que eles resolvam atuar me deixariam muito orgulhoso, pois como todos sabem tenho um filho que é atleta de futebol, e outro que esta se formando em direito, e que poderia exercer com muito sucesso um cargo político, o que me deixa extremamente realizado.

EXAME.com - Depois de cumprir mandato como deputado, quais seus planos? Pretende concorrer a um cargo maior?

Bebeto - Penso que a minha maior preocupação hoje é com a minha reeleição, fortalecendo cada vez mais o meu trabalho. A princípio não tenho a pretensão a um cargo maior, estou muito feliz com o cargo que ocupo.



EXAME.com - O senhor acha que o país tem condições de fazer bonito como sede da Copa de 2014?

Bebeto - É claro que sim, desde que as pessoas desempenhem as funções que lhes são atribuídas e não visando o favorecimento pessoal.

EXAME.com - E o Rio de Janeiro, tem estrutura para um evento do porte das Olimpíadas?

Bebeto - Nesse momento não. Mas acredito que com a integração dos Governos Federal, Estadual e Municipal e com os investimentos que estão sendo feitos, tem tudo para ser um grande evento.

EXAME.com - O senhor tem acompanhado a série de denúncias contra o Ricardo Teixeira? Qual a opinião sobre o caso? Como o senhor vê a situação da CBF atualmente?

Bebeto - Estou acompanhando, espero que os fatos sejam bem apurados, a fim de que não se cometam injustiças. Lógico que estas denúncias podem prejudicar a imagem da CBF, que até então, tem se mostrado uma instituição com credibilidade.

EXAME.com - O que o senhor acha da atual seleção brasileira, e do técnico Mano Menezes? Acha que o time atual tem a base que nós vamos ver no Mundial de 2014?

Bebeto - Penso que está sendo feita uma renovação natural, de forma gradativa, mesclando a juventude com a experiência. Temos que ter paciência, pois necessitamos de tempo. Tenho uma preocupação muito grande porque o Brasil não vai participar das Eliminatórias, que é uma competição preparatória para o Mundial. E o atual técnico é um treinador novo na seleção, e também requer tempo para trabalhar. Infelizmente no Brasil as pessoas são imediatistas, não querem esperar e as cobranças sempre vão existir como já aconteceu na Copa América.

EXAME.com - As seleções mais recentes tiveram vários jogadores que decidem pelo talento individual. Em 1994, os destaques eram você e o Romário. Quais as diferenças entre os times, e o que falta atualmente? Por que estamos há tanto tempo sem títulos importantes?

Bebeto - Na realidade, qualquer seleção tem que ter uma base para início de trabalho, como foi a de 1994, que tinha como base a de 1990. E também não vai existir outra dupla como Bebeto e Romário, ali era coisa de Deus. Você não vence o Mundial só com talentos individuais, você necessita um time unido, com entrosamento e todos pensando com o único objetivo, aí sim, o talento faz a diferença.

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