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Bagdá retoma campo de petróleo e bases militares dos curdos

Após o fracasso do diálogo entre Bagdá e Erbil, o exército retomou várias zonas e infraestruturas de Kirkuk, sob controle curdo desde 2014

Militares: em razão das operações militares, milhares de habitantes deixavam os bairros curdos de Kirkuk nesta segunda (Stringer/Reuters)
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AFP

Publicado em 16 de outubro de 2017 às 10h26.

Campo de petróleo, base e aeroporto militares: as tropas iraquianas retomaram nesta segunda-feira (16), praticamente sem combate, o controle de parte de seus objetivos na rica província de Kirkuk, de onde milhares de habitantes fugiram.

Após o fracasso do diálogo entre Bagdá e Erbil e o fim de um ultimato lançado pelo poder central após a realização de um referendo de independência no Curdistão iraquiano, o exército retomou desde domingo (15) à noite várias zonas e infraestruturas de Kirkuk, sob controle curdo desde 2014.

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Um dos seis campos petrolíferos da província, bem como uma base e um aeroporto militares, foram recuperados pelas forças governamentais.

Com exceção de algumas trocas de tiros, o avanço do exército foi facilitado pela retirada dos peshmergas da União Patriótica do Curdistão (UPK) das posições que controlavam ao sul de Kirkuk.

O UPK é rival do Partido Democrata do Curdistão (PDK) do presidente curdo Massud Barzani, responsável pela organização do referendo de autodeterminação.

Dez combatentes curdos morreram e 27 ficaram feridos nos combates noturnos contra as unidades paramilitares do Hachd al-Chaabi. Sherzad Hassan, vice-diretor da Saúde na região de Jamjamal, forneceu esse balanço com base nas informações dos hospitais da área.

De acordo com autoridades curdas, dezenas de combatentes estariam desaparecidos.

Em razão das operações militares, milhares de habitantes deixavam os bairros curdos de Kirkuk nesta segunda-feira, em direção a Erbil e Suleimaniyeh, as duas principais cidades da região autônoma curda, constatou um jornalista da AFP.

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, comandante em chefe das Forças Armadas, chamou suas tropas a agir "em coordenação com os habitantes e peshmergas" (combatentes curdos).

"Segurança e autoridade"

Justificando que o referendo curdo de 25 de setembro criou um "risco de divisão" do Iraque, o primeiro-ministro acusou os líderes da região autônoma de persistir em fazer valer o "sim" maciço (93%) desta consulta declarada contrária à Constituição por Bagdá.

Seu "dever constitucional", acrescentou em um comunicado, é "impor a segurança e a autoridade federal" em Kirkuk, onde chamou "todos os cidadãos a cooperar" com as tropas.

Na cidade, autoridades curdas convocaram os civis durante a noite a pegar em armas.

Ao mesmo tempo, o Comando Conjunto das Operações (JOC), que reúne todas as forças iraquianas envolvidas na ofensiva, anunciou uma sucessão de avanços rápidos.

Em particular, a "base militar K1", a mais importante da província disputada, a noroeste da cidade de Kirkuk, tomada pelas unidades antiterroristas (CTS).

Ali, as forças iraquianas queriam apagar a humilhação sofrida em junho de 2014, quando os peshmergas tomaram a base e forçaram os soldados iraquianos a retirar seus uniformes. Eles também haviam confiscado suas armas.

Logo depois, de acordo com o JOC, as forças "assumiram o controle do aeroporto militar de Kirkuk", a leste da cidade, "do quartel-general da North Oil" (NOC) - uma instituição pública encarregada da extração e comercialização do petróleo - e do "campo petrolífero de Baba Gargar".

Os peshmergas controlavam até então os seis campos de petróleo da região de Kirkuk, que produzem 340.000 bpd dos 550.000 bpd exportados em média pelo Curdistão.

Os curdos administram diretamente o campo de Khormala desde 2008 e os de Havana e Bay Hassan desde 2014, que produzem 250.000 bpd. Os três outros campos - Baba Gargar, Jambur e Khabbaz -, são administrados oficialmente pela NOC, mas as receitas vão para os curdos.

Pedras e cuspe

"As forças continuam a avançar", acrescentou o JOC, ressaltando sua "intenção de proteger a vida dos habitantes curdos, turcomanos e árabes".

O comando pede a "todos os funcionários e policiais locais que vão ao trabalho (...) normalmente sob a proteção da polícia federal".

Na cidade de Kirkuk, no entanto, as famílias curdas, assustadas, deixaram suas casas para ir a Erbil e Suleimaniyeh.

Entre os curdos, a ofensiva trouxe à luz a crise que surgiu entre o UPK, que preferia adiar o referendo de independência e negociar com Bagdá sob os auspícios das Nações Unidas, e o PDK de Massud Barzani.

O sul da província de Kirkuk é controlado pelos peshmergas afiliados ao UPK, enquanto o PDK controla o norte e o leste.

Conselheiro do presidente Barzani, Hemin Hawrami denunciou no Twitter "problemas internos e acordos ambíguos", que levaram os "comandantes a ordenar seus peshmergas a deixar suas posições".

Vídeos postados na internet mostram o momento em que comboios do UPK abandonam suas posições enquanto os habitantes cuspiam e atiravam pedras.

Os curdos assumiram o controle de grande parte da província de Kirkuk aproveitando-se do caos no país pela ascensão do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

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