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Aumento da repressão no Irã leva opositores a pedir asilo

Jornalistas e ativistas de destaque estão presos ou exilados, alertou a Human Rights Watch

Segundo a HRW, organizações de direitos humanos independentes têm seu trabalho barrado no Irã (Peter Macdiarmid/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 22h35.

Beirute - A repressão no Irã contra os ativistas aumentou consideravelmente desde as eleições presidenciais de 2009, o que levou muitos opositores a buscarem asilo político em países vizinhos, denunciou nesta quinta-feira a Human Rights Watch (HRW).

Em seu relatório, a organização não-governamental assinala que nenhuma organização de direitos humanos independente pode trabalhar abertamente com a situação política atual na República Islâmica.

Além disso, se queixa que muitos ativistas proeminentes e jornalistas estão na prisão ou exilados, ou sofrem um assédio contínuo dentro do país.

Um dos ativistas que optou por sair do Irã após ser detido foi Shahram Bolouri, de 27 de anos, que participou dos protestos desencadeados após as controvertidas eleições presidenciais em 2009 e documentou a violência empregada contra os manifestantes pelas forças de segurança.

No dia 23 de junho de 2009, Boulouri foi detido e enviado à prisão de Evin onde permaneceu quase oito meses, nos quais esteve 45 dias em uma cela isolada.


O jovem explicou à HRW que os guardas da prisão o submeteram a graves torturas físicas e psicológicas: 'Minha cela media 2,5 metros por um. Tinha uma privada e não havia janelas'.

Além disso, os guardas lhe obrigavam a realizar tarefas insólitas. 'Um dia um deles me disse 'parece um atleta, escolha um esporte. Levante e sente para mim 100 vezes e tenha certeza de contar bem'', lembrou Boulouri, que executou essa mesma ordem em várias ocasiões apesar de estar com a perna fraturada.

Em de fevereiro de 2010, o ativista foi libertado após o pagamento de uma fiança de US$ 200 mil por parte de sua família.

Meses depois, um tribunal o condenou a quatro anos de prisão por 'reunir-se e conspirar contra o regime participando de protestos e comunicando-se com meios estrangeiros e disseminando notícias'.

O jovem decidiu então abandonar seu país e buscou refúgio no escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) no Iraque em julho de 2011. Na atualidade, procura asilo como refugiado em outro país.


A HRW destacou que desde 2009 se registrou de forma notável um aumento de ativistas que pediram asilo político em outros países.

O subdiretor para o Oriente Médio dessa organização, Joe Stork, afirmou que 'a repressão posterior a 2009 afetou profundamente à sociedade civil no Irã'.

'As imagens da polícia batendo sem piedade nos manifestantes pode ser que desapareçam da televisão e das telas dos computadores, mas muitos ativistas seguem tomando a opção dolorosa de abandonar suas casas e famílias', lamentou.

Assim demonstram os dados do Acnur que indica que 11.537 iranianos apresentaram reivindicações de asilo em 44 países em 2009, enquanto em 2010 foram 15.195 e 18.128, em 2011.

A maioria foi feita na Turquia, onde os pedidos de asilo aumentaram 72% entre 2009 e 2011, e no Curdistão iraquiano devido a sua proximidade.


Mas seus problemas não acabam quando saem do país, já que muitos iranianos entrevistados pela HRW se queixaram das difíceis condições e do longo processo que necessitam as solicitações de asilo.

No caso da Turquia, sofrem impedimentos em sua liberdade de movimentos ou não podem adquirir permissões de trabalho, enquanto na região autônoma curdo-iraquiana são ameaçados e acossados pelas autoridades, que impõem regulações arbitrárias, frequentemente por suas atividades políticas.

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Beirute - A repressão no Irã contra os ativistas aumentou consideravelmente desde as eleições presidenciais de 2009, o que levou muitos opositores a buscarem asilo político em países vizinhos, denunciou nesta quinta-feira a Human Rights Watch (HRW).

Em seu relatório, a organização não-governamental assinala que nenhuma organização de direitos humanos independente pode trabalhar abertamente com a situação política atual na República Islâmica.

Além disso, se queixa que muitos ativistas proeminentes e jornalistas estão na prisão ou exilados, ou sofrem um assédio contínuo dentro do país.

Um dos ativistas que optou por sair do Irã após ser detido foi Shahram Bolouri, de 27 de anos, que participou dos protestos desencadeados após as controvertidas eleições presidenciais em 2009 e documentou a violência empregada contra os manifestantes pelas forças de segurança.

No dia 23 de junho de 2009, Boulouri foi detido e enviado à prisão de Evin onde permaneceu quase oito meses, nos quais esteve 45 dias em uma cela isolada.


O jovem explicou à HRW que os guardas da prisão o submeteram a graves torturas físicas e psicológicas: 'Minha cela media 2,5 metros por um. Tinha uma privada e não havia janelas'.

Além disso, os guardas lhe obrigavam a realizar tarefas insólitas. 'Um dia um deles me disse 'parece um atleta, escolha um esporte. Levante e sente para mim 100 vezes e tenha certeza de contar bem'', lembrou Boulouri, que executou essa mesma ordem em várias ocasiões apesar de estar com a perna fraturada.

Em de fevereiro de 2010, o ativista foi libertado após o pagamento de uma fiança de US$ 200 mil por parte de sua família.

Meses depois, um tribunal o condenou a quatro anos de prisão por 'reunir-se e conspirar contra o regime participando de protestos e comunicando-se com meios estrangeiros e disseminando notícias'.

O jovem decidiu então abandonar seu país e buscou refúgio no escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) no Iraque em julho de 2011. Na atualidade, procura asilo como refugiado em outro país.


A HRW destacou que desde 2009 se registrou de forma notável um aumento de ativistas que pediram asilo político em outros países.

O subdiretor para o Oriente Médio dessa organização, Joe Stork, afirmou que 'a repressão posterior a 2009 afetou profundamente à sociedade civil no Irã'.

'As imagens da polícia batendo sem piedade nos manifestantes pode ser que desapareçam da televisão e das telas dos computadores, mas muitos ativistas seguem tomando a opção dolorosa de abandonar suas casas e famílias', lamentou.

Assim demonstram os dados do Acnur que indica que 11.537 iranianos apresentaram reivindicações de asilo em 44 países em 2009, enquanto em 2010 foram 15.195 e 18.128, em 2011.

A maioria foi feita na Turquia, onde os pedidos de asilo aumentaram 72% entre 2009 e 2011, e no Curdistão iraquiano devido a sua proximidade.


Mas seus problemas não acabam quando saem do país, já que muitos iranianos entrevistados pela HRW se queixaram das difíceis condições e do longo processo que necessitam as solicitações de asilo.

No caso da Turquia, sofrem impedimentos em sua liberdade de movimentos ou não podem adquirir permissões de trabalho, enquanto na região autônoma curdo-iraquiana são ameaçados e acossados pelas autoridades, que impõem regulações arbitrárias, frequentemente por suas atividades políticas.

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