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Atento à crise síria, Nobel da Paz coroa luta da Opaq

Nobel da Paz premiou a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) por seus "amplos esforços" para eliminar esse tipo de arsenal


	OPAQ: trabalho de desarmamento químico ganhou muita visibilidade perante a crise síria
 (AFP)

OPAQ: trabalho de desarmamento químico ganhou muita visibilidade perante a crise síria (AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2013 às 13h20.

Copenhague - O Nobel da Paz premiou nesta sexta-feira a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) por seus "amplos esforços" para eliminar esse tipo de arsenal, um trabalho que ganhou muita visibilidade perante a crise síria.

O trabalho da Opaq "definiu o uso de armas químicas como um tabu na legislação internacional", segundo o Comitê Nobel Norueguês, que lembrou que a assinatura da convenção que proíbe a produção e o armazenamento desses arsenais está completando 20 anos, embora só tenha entrado em vigor em 1997.

Apesar de a mesma ter sido aderida por 189 Estados, muitos ainda não assinaram e outros não respeitaram o prazo limite para destruir seus arsenais até abril de 2012, caso dos Estados Unidos e da Rússia.

"Os fatos recentes na Síria, onde as armas químicas voltaram a serem usadas, evidenciou a necessidade de aumentar os esforços para eliminá-las", explicou o Comitê Nobel Norueguês.

Na entrevista coletiva posterior ao anúncio da decisão no Instituto Nobel de Oslo, o presidente do comitê citado, Thorbjoern Jagland, ressaltou que a Opaq foi candidata há anos e que a motivação do prêmio não se baseia unicamente no caso da Síria, embora ele acredite que o prêmio poderá ajudar a resolver a crise no país árabe.

"Isto mostra como uma organização global e multilateral pode ser o elemento essencial para solucionar uma crise internacional. É importante destacar o significado da organização nesta situação", declarou Jagland, que também é o secretário-geral do Conselho da Europa.

As armas químicas, cujo uso foi proibido pela Convenção de Genebra em 1925, foram empregadas por Estados e terroristas em várias ocasiões até a assinatura da convenção em 1993 e da posterior criação da Opaq, com sede em Haia.

Assim como nos últimos anos, a televisão pública norueguesa "NRK" voltou a antecipar em uma hora o nome do ganhador, que, por sinal, não aparecia cotado nas apostas prévias.


A grande favorita nas apostas era a paquistanesa Malala Yousafzai, a jovem de 16 anos que foi baleada pelos fundamentalistas talibãs no ano passado por defender a educação feminina em seu país.

"O comitê nunca comenta nada sobre quem não obteve o prêmio. Há muitos bons candidatos, mas só um pode ganhar", declarou Jagland ao justificar a decisão do comitê.

De acordo com o NRK, os argumentos usados pelo Comitê Nobel para não conceder o prêmio a Malala foram o de pouca idade, suas poucas conquistas e a possibilidade do prêmio se transformar em um alvo terrorista.

A polêmica sempre foi presente na história do Nobel da Paz, principalmente nos cinco anos em que Jagland esteve à frente do comitê com suas controversas decisões, como a de premiar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 2009, e à UE, em 2010.

Nesta ocasião, no entanto, tanto políticos como ONGs de diferentes áreas cumprimentaram a distinção outorgada à Opaq, que o Comitê Nobel espera ajudar a eliminar as armas químicas no mundo.

O desarmamento é mencionado no testamento de Alfred Nobel, o criador dos prêmios, como um critério a ser levado em conta, sendo que o comitê já outorgou outros prêmios anteriormente vinculados a essa questão.

Da mesma forma que os demais vencedores, que serão definidos ao total na segunda-feira com o Nobel de Economia, a Opaq receberá 8 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,3 milhões) pelo prêmio.

Seguindo a tradição, a entrega dos prêmios será realizada em duas cerimônias paralelas no próximo dia 10 de dezembro, data que marca o aniversário da morte de Nobel. Desta forma, o Nobel da Paz será entregue na Prefeitura de Oslo, enquanto os cinco restantes serão entregues no Konserthus de Estocolmo.

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