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Ataque mostra que radicais islâmicos não esqueceram revista

O ataque à Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos, é um sinal de que os islamitas radicais não esqueceram da revista, que publicou caricaturas de Maomé em 2006

Bombeiros e policiais cercados por jornalistas em frente à sede da revista Charlie Hebdo, em Paris (Kenzo Tribouillard/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2015 às 14h52.

Paris - O ataque ao semanário Charlie Hebdo nesta quarta-feira, que deixou 12 mortos em pleno coração de Paris , é um sinal de que os islamitas radicais não esqueceram da irreverente revista que publicou em 2006 as caricaturas de Maomé.

Em um vídeo filmado durante o ataque do alto de um edifício próximo ao local, se escuta um dos atiradores, vestido de preto com um kalashnikov na mão, gritar "Alhah Akbar!" ("Alá é o maior!") e depois "Matamos a Charlie Hebdo!".

Imediatamente depois, um dos atiradores dispara à queima-roupa em um policial ferido que estava no chão. Foi um disparo certeiro, na cabeça.

Há quase nove anos a revista sofre ameaças de radicais islâmicos. Sua redação foi incendiada em 2011, seu diretor sofreu ameaças de decapitação e há meses os jihadistas pedem voluntários para ataques contra a França, país militarmente envolvido em diferentes países, tanto no Oriente Médio como na África.

Desde o final de setembro, a França participa nos bombardeios da coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico no Iraque e o presidente francês François Hollande estaria para enviar à região do Golfo o porta-aviões "Charles de Gaulle" para participar nas operações.

Na África, Paris lidera a luta contra o terrorismo , disponibilizando 3.000 militares para cinco países do Sahel e do Saara.

"É evidente que desde a primeira publicação das caricaturas de Maomé, a Charlie se transformou num símbolo, num alvo", disse à AFP Louis Caprioli, ex-chefe da agência antiterrorista francesa, a DST.

"Nunca esqueceram nem perdoaram o que consideraram como um insulto supremo. A escolha desse alvo está repleta de símbolos: mira-se nos laicos, que ousaram rir do profeta. A seus olhos, é uma vingança divina", completou.

Os especialistas concordam que os terroristas islamitas têm boa memória e jamais se esquecem de seus alvos. Foi o que aconteceu com as torres-gêmeas do World Trade Center em Nova York, que sofreram um primeiro ataque em 1993, quando um caminhão-bomba explodiu no subsolo do complexo, e depois foram a baixo no ataque de 11 de setembro de 2001.

Na esfera radical, em suas páginas da internet, nas gravações, nos fóruns de discussão, os discursos dos chefes jihadistas circulam listas de alvos, sempre as mesmas, e incentivam aqueles que podem executá-las.

"A questão agora é saber se foi uma operação isolada, como a de Mohamed Merah (jihadista que assassinou sete pessoas em 2012 no sul da França), ou o começo das operações. Entramos em outra dimensão, com uma célula que passou à ação? Está previsto um ciclo de ataques como foi o caso em Paris nos anos 1980?", indaga Louis Caprioli.

"O que está claro é que é preciso encontrar os assassinos. Estou certo de que os serviços de segurança ativaram todas as suas fontes, todos os seus sistemas de vigilância, é a urgência absoluta", acrescentou.

No fim de novembro, uma série de vídeos foram publicados na internet. Entre eles, podem-se ver jovens franceses radicais, que se uniram às fileiras do grupo Estado Islâmico na Síria, convocando os candidatos à Jihad (guerra santa), a seguir seu exemplo e "matar os infiéis", espalhando a angústia e o medo na sociedade francesa.

Esses vídeos geraram preocupações nas autoridades que há meses temem um ataque deste tipo, por um ou vários homens com armas de guerra, o que as levou a reforçar a vigilância dos lugares públicos nas festas de final de ano.

Na França, cerca de mil pessoas se juntaram às fileiras jihadistas, com aproximadamente 400 nos grupos Estado Islâmico e Jabat al Nosra, que se reivindica da Al-Qaeda. Cerca de 120 pessoas voltaram à França depois de terem sido treinados e participado em combates.

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Em um vídeo filmado durante o ataque do alto de um edifício próximo ao local, se escuta um dos atiradores, vestido de preto com um kalashnikov na mão, gritar "Alhah Akbar!" ("Alá é o maior!") e depois "Matamos a Charlie Hebdo!".

Imediatamente depois, um dos atiradores dispara à queima-roupa em um policial ferido que estava no chão. Foi um disparo certeiro, na cabeça.

Há quase nove anos a revista sofre ameaças de radicais islâmicos. Sua redação foi incendiada em 2011, seu diretor sofreu ameaças de decapitação e há meses os jihadistas pedem voluntários para ataques contra a França, país militarmente envolvido em diferentes países, tanto no Oriente Médio como na África.

Desde o final de setembro, a França participa nos bombardeios da coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico no Iraque e o presidente francês François Hollande estaria para enviar à região do Golfo o porta-aviões "Charles de Gaulle" para participar nas operações.

Na África, Paris lidera a luta contra o terrorismo , disponibilizando 3.000 militares para cinco países do Sahel e do Saara.

"É evidente que desde a primeira publicação das caricaturas de Maomé, a Charlie se transformou num símbolo, num alvo", disse à AFP Louis Caprioli, ex-chefe da agência antiterrorista francesa, a DST.

"Nunca esqueceram nem perdoaram o que consideraram como um insulto supremo. A escolha desse alvo está repleta de símbolos: mira-se nos laicos, que ousaram rir do profeta. A seus olhos, é uma vingança divina", completou.

Os especialistas concordam que os terroristas islamitas têm boa memória e jamais se esquecem de seus alvos. Foi o que aconteceu com as torres-gêmeas do World Trade Center em Nova York, que sofreram um primeiro ataque em 1993, quando um caminhão-bomba explodiu no subsolo do complexo, e depois foram a baixo no ataque de 11 de setembro de 2001.

Na esfera radical, em suas páginas da internet, nas gravações, nos fóruns de discussão, os discursos dos chefes jihadistas circulam listas de alvos, sempre as mesmas, e incentivam aqueles que podem executá-las.

"A questão agora é saber se foi uma operação isolada, como a de Mohamed Merah (jihadista que assassinou sete pessoas em 2012 no sul da França), ou o começo das operações. Entramos em outra dimensão, com uma célula que passou à ação? Está previsto um ciclo de ataques como foi o caso em Paris nos anos 1980?", indaga Louis Caprioli.

"O que está claro é que é preciso encontrar os assassinos. Estou certo de que os serviços de segurança ativaram todas as suas fontes, todos os seus sistemas de vigilância, é a urgência absoluta", acrescentou.

No fim de novembro, uma série de vídeos foram publicados na internet. Entre eles, podem-se ver jovens franceses radicais, que se uniram às fileiras do grupo Estado Islâmico na Síria, convocando os candidatos à Jihad (guerra santa), a seguir seu exemplo e "matar os infiéis", espalhando a angústia e o medo na sociedade francesa.

Esses vídeos geraram preocupações nas autoridades que há meses temem um ataque deste tipo, por um ou vários homens com armas de guerra, o que as levou a reforçar a vigilância dos lugares públicos nas festas de final de ano.

Na França, cerca de mil pessoas se juntaram às fileiras jihadistas, com aproximadamente 400 nos grupos Estado Islâmico e Jabat al Nosra, que se reivindica da Al-Qaeda. Cerca de 120 pessoas voltaram à França depois de terem sido treinados e participado em combates.

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