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Assad só cai se perder apoio alauíta, diz dissidente síria

A ativista Randa Kassis, radicada em Paris, diz ter sido expulsa do Conselho Nacional Sírio, principal grupo de oposição a Assad

Presidente sírio Bashar al-Assad : entre os principais desertores até agora está o primeiro-ministro Riyad Hijab, um sunita que fugiu da Síria em 6 de agosto (Divulgação/Sana/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2012 às 21h55.

Paris - Uma dissidente do regime de Bashar al Assad disse na quinta-feira que o atual governo sírio, há quase 18 meses reprimindo com violência uma rebelião, só cairá se perder o apoio da seita minoritária alauíta.

A ativista Randa Kassis, radicada em Paris, diz ter sido expulsa do Conselho Nacional Sírio, principal grupo de oposição a Assad, depois de manifestar temores sobre um futuro domínio islâmico no país.

Ela disse que o CNS está ignorando a ascensão de combatentes salafistas e da Al Qaeda na Síria , e que tem pouco contato com os alauítas - e menos ainda uma estratégia para convencê-los a abandonar Assad.

"Sem a deserção dos alauítas, não seremos capazes de fazermos nada, e vamos direto para a guerra civil", disse à Reuters a escritora e antropóloga, que prometeu lançar em setembro um novo bloco de oposição, o Movimento por uma Sociedade Pluralista, para fazer frente ao dividido CNS.

O novo grupo, segundo ela, será composto por membros de minorias étnicas e religiosas, como drusos, cristãos e curdos, e também por personalidades laicas e pluralistas.


Com a intensificação dos combates em Damasco e Aleppo, as duas maiores cidades sírias, países ocidentais estão cada vez mais ansiosos para que as facções oposicionistas sírias definam um plano factível para um governo de transição pós-Assad.

Kassis se disse cética quanto a qualquer governo transitório, dado o histórico de desconfiança mútua entre os sírios após décadas de repressão governamental.

A ativista disse que o objetivo primordial do seu grupo será organizar deserções em massa, especialmente dentro da comunidade alauíta. Para que os integrantes da elite do regime abandonem Assad, disse ela, seria primeiro antes retirar suas famílias do país, e isso só seria possível com a ajuda de potências estrangeiras.

A insurgência na Síria envolve principalmente membros da maioria sunita, e até agora não há notícia de que algum integrante da seita alauíta - à qual o próprio Assad é ligado - tenha abandonado o regime.

Entre os principais desertores até agora está o primeiro-ministro Riyad Hijab, um sunita que fugiu da Síria em 6 de agosto, além de vários militares de alta patente.

"Estamos conversando com os alauítas - os filhos da velha guarda - para convencê-lo a desertar", afirmou Kassis. "Não acho que haverá nenhuma (deserção) nos próximos meses, porque como você tranquiliza uma comunidade que se sente em perigo?" Financiar seu grupo é o maior obstáculo, disse Kassis, acrescentando que o CNS e os rebeldes armados recebem fundos de grupos islâmicos do golfo Pérsico e da Irmandade Muçulmana, ajudando-lhes a criar uma "ilusão" de legitimidade.

Por isso, Kassis disse que vai pedir ajuda financeira de grupos anti-islâmicos. Ela pediu às potências ocidentais para que pressionem os países do Golfo a canalizarem suas doações para o grupo dela, e não para o CNS.

"Preciso tentar. Estamos à beira de uma guerra civil, e agora com os fundamentalistas envolvidos que podem empurrar o país para o desconhecido."

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Paris - Uma dissidente do regime de Bashar al Assad disse na quinta-feira que o atual governo sírio, há quase 18 meses reprimindo com violência uma rebelião, só cairá se perder o apoio da seita minoritária alauíta.

A ativista Randa Kassis, radicada em Paris, diz ter sido expulsa do Conselho Nacional Sírio, principal grupo de oposição a Assad, depois de manifestar temores sobre um futuro domínio islâmico no país.

Ela disse que o CNS está ignorando a ascensão de combatentes salafistas e da Al Qaeda na Síria , e que tem pouco contato com os alauítas - e menos ainda uma estratégia para convencê-los a abandonar Assad.

"Sem a deserção dos alauítas, não seremos capazes de fazermos nada, e vamos direto para a guerra civil", disse à Reuters a escritora e antropóloga, que prometeu lançar em setembro um novo bloco de oposição, o Movimento por uma Sociedade Pluralista, para fazer frente ao dividido CNS.

O novo grupo, segundo ela, será composto por membros de minorias étnicas e religiosas, como drusos, cristãos e curdos, e também por personalidades laicas e pluralistas.


Com a intensificação dos combates em Damasco e Aleppo, as duas maiores cidades sírias, países ocidentais estão cada vez mais ansiosos para que as facções oposicionistas sírias definam um plano factível para um governo de transição pós-Assad.

Kassis se disse cética quanto a qualquer governo transitório, dado o histórico de desconfiança mútua entre os sírios após décadas de repressão governamental.

A ativista disse que o objetivo primordial do seu grupo será organizar deserções em massa, especialmente dentro da comunidade alauíta. Para que os integrantes da elite do regime abandonem Assad, disse ela, seria primeiro antes retirar suas famílias do país, e isso só seria possível com a ajuda de potências estrangeiras.

A insurgência na Síria envolve principalmente membros da maioria sunita, e até agora não há notícia de que algum integrante da seita alauíta - à qual o próprio Assad é ligado - tenha abandonado o regime.

Entre os principais desertores até agora está o primeiro-ministro Riyad Hijab, um sunita que fugiu da Síria em 6 de agosto, além de vários militares de alta patente.

"Estamos conversando com os alauítas - os filhos da velha guarda - para convencê-lo a desertar", afirmou Kassis. "Não acho que haverá nenhuma (deserção) nos próximos meses, porque como você tranquiliza uma comunidade que se sente em perigo?" Financiar seu grupo é o maior obstáculo, disse Kassis, acrescentando que o CNS e os rebeldes armados recebem fundos de grupos islâmicos do golfo Pérsico e da Irmandade Muçulmana, ajudando-lhes a criar uma "ilusão" de legitimidade.

Por isso, Kassis disse que vai pedir ajuda financeira de grupos anti-islâmicos. Ela pediu às potências ocidentais para que pressionem os países do Golfo a canalizarem suas doações para o grupo dela, e não para o CNS.

"Preciso tentar. Estamos à beira de uma guerra civil, e agora com os fundamentalistas envolvidos que podem empurrar o país para o desconhecido."

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