Argentinos protestam contra a redução de pena de repressores
Ao menos 250 condenados por crimes contra a humanidade durante a ditadura poderiam solicitar a libertação antecipada baseados em decisão do Supremo.
AFP
Publicado em 11 de maio de 2017 às 11h25.
Última atualização em 11 de maio de 2017 às 13h17.
Ao menos 500 mil argentinos - segundo os organizadores - participaram nesta quarta-feira de um protesto em Buenos Aires contra a decisão da Suprema Corte que permite a redução de penas de repressores da última ditadura.
A manifestação aconteceu no dia em que o Senado argentino aprovou, por unanimidade, uma lei que impede a libertação antecipada de condenados por crimes contra a Humanidade, em resposta a polêmica decisão do Supremo.
O protesto, que contou com a presença das Mães e Avós da Praça de Maio, que perderam seus filhos e netos durante a ditadura na Argentina entre 1976 e 1983, foi marcado pelos tradicionais lenços brancos e palavras de ordem como "Senhores juízes: Nunca mais um genocida solto. Trinta mil detidos desaparecidos, presentes"!
"Por sorte, a sociedade reagiu com firmeza", disse Estela de Carlotto, presidente das Avós da Praça de Maio.
"Estamos demonstrando, mais uma vez, que não queremos que genocidas, estupradores e assassinos caminhem ao nosso lado", clamou Tati Almeida, das Mães da Praça de Maio.
Estela de Carlotto agradeceu ao Congresso por sua decisão e pediu que "os representantes dos três poderes do Estado ouçam o povo unido nesta praça e revertam esta decisão antidemocrática e pró-ditadura".
A questionada decisão da Suprema Corte, na qual três dos cinco juízes aprovaram a redução da pena do ex-agente paramilitar Luis Muiña - condenado a 13 anos de prisão -, provocou revolta entre advogados, juízes, promotores e congressistas.
Na terça-feira, os três juízes que votaram a favor da medida foram acusados de prevaricação, depois que muitos consideraram que atuaram de maneira arbitrária e contrária ao que determinam os parâmetros internacionais da questão.
Especialistas calculam que ao menos 250 condenados por crimes contra a humanidade poderiam solicitar a libertação antecipada baseados na decisão do Supremo.
O projeto aprovado nesta quarta-feira pelo Senado estabelece que o benefício conhecido como "dois por um", que permite ao condenado descontar dois anos de prisão por cada ano cumprido da sentença, "não é aplicável a delitos contra a humanidade, genocídio e crimes de guerra".