Argentinos estudam geleiras como reguladores de rios na seca
O objetivo do estudo é facilitar a projeção de obras hídricas para garantir o abastecimento de água em épocas de seca
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2012 às 07h56.
Buenos Aires - O papel das geleiras da cordilheira dos Andes como "mecanismo regulador" do fluxo dos rios da região está sendo estudado por cientistas argentinos, o que permitirá um melhor cálculo e projeção de obras hídricas para garantir o abastecimento de água em épocas de seca.
"As geleiras possuem um mecanismo regulador, armazenam água na época fria e úmida, e abastecem em anos secos e quentes" explicou à Agência Efe Sebastián Crespo, cientista do Instituto Argentino de Neve de Mendoza, leste do país.
Crespo iniciou a pesquisa em fevereiro, durante o verão no hemisfério sul, e utilizou como "geleira piloto" o Horcones Superior, localizada no Parque Nacional Aconcágua, na zona central da cordilheira dos Andes.
O trabalho de Crespo, membro do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), pretende medir a quantidade de água procedente dos riachos que saem do Horcones Superior e deságuam nos rios que chegam à Mendoza, que também nasce nas geleiras.
"A ideia é medir os fluxos através de um método de solução de sais", afirmou Crespo. De acordo com o cientista, estes sais depositados no rio podem ser detectados em outras partes da bacia para distinguir que proporção de água do rio pertence à geleira, à neve ou às águas subterrâneas.
Estas medições são realizadas tomando mostras na própria geleira e em diferentes pontos da bacia do rio Mendoza. A operação é feita por Crespo ou outros dois cientistas que colaboram no projeto, e que depois são enviadas ao Paul Scherrer Institute da Suíça, para análise.
"Normalmente, 98% do fluxo do rio Mendoza é fornecido pela neve, mas em anos de seca as geleiras permitem atenuar o déficit hídrico", explicou o cientista argentino. Crespo também destacou como principal contribuição do estudo a possibilidade de saber quando as água das geleiras estarão disponíveis.
"Isso permitirá tornar melhor o uso de diques reguladores, para conter a água que a geleira fornece durante em período de seca", disse Crespo. Em províncias como a de Mendoza há uma grande atividade vitivinícola.
A pesquisa do Horcones Superior permitirá estimar como ocorre este fenômeno em outras geleiras similares da zona central da cordilheira, onde há um precedente para um estudo similar realizado há quase 15 anos. De acordo com o cientista, algumas geleiras do Parque Aconcágua estão "perdendo massa".
Para Crespo, a causa mais provável é o aumento de temperatura no planeta, que segundo projeções científicas de 2004, poderia ser maior no alto montanha, embora ainda não foi provado.
Neste sentido, a estação meteorológica instalada no Parque Aconcágua pelo grupo de cientistas argentinos da expedição SIGMA, da qual fizeram parte tanto Crespo como Lenzano, permitirá obter informações precisas sobre a evolução da temperatura no alto da montanha.
Em seu estudo, Sebastián Crespo utiliza dados da pesquisa sobre as geleiras para gerar uma "cultura do uso de água" e evitar usos irracionais como a irrigação por inundação no caso da agricultura.
"Ampliaremos o estudo a mais geleiras, no próximo verão faremos mais medições", concluiu Crespo.
Buenos Aires - O papel das geleiras da cordilheira dos Andes como "mecanismo regulador" do fluxo dos rios da região está sendo estudado por cientistas argentinos, o que permitirá um melhor cálculo e projeção de obras hídricas para garantir o abastecimento de água em épocas de seca.
"As geleiras possuem um mecanismo regulador, armazenam água na época fria e úmida, e abastecem em anos secos e quentes" explicou à Agência Efe Sebastián Crespo, cientista do Instituto Argentino de Neve de Mendoza, leste do país.
Crespo iniciou a pesquisa em fevereiro, durante o verão no hemisfério sul, e utilizou como "geleira piloto" o Horcones Superior, localizada no Parque Nacional Aconcágua, na zona central da cordilheira dos Andes.
O trabalho de Crespo, membro do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), pretende medir a quantidade de água procedente dos riachos que saem do Horcones Superior e deságuam nos rios que chegam à Mendoza, que também nasce nas geleiras.
"A ideia é medir os fluxos através de um método de solução de sais", afirmou Crespo. De acordo com o cientista, estes sais depositados no rio podem ser detectados em outras partes da bacia para distinguir que proporção de água do rio pertence à geleira, à neve ou às águas subterrâneas.
Estas medições são realizadas tomando mostras na própria geleira e em diferentes pontos da bacia do rio Mendoza. A operação é feita por Crespo ou outros dois cientistas que colaboram no projeto, e que depois são enviadas ao Paul Scherrer Institute da Suíça, para análise.
"Normalmente, 98% do fluxo do rio Mendoza é fornecido pela neve, mas em anos de seca as geleiras permitem atenuar o déficit hídrico", explicou o cientista argentino. Crespo também destacou como principal contribuição do estudo a possibilidade de saber quando as água das geleiras estarão disponíveis.
"Isso permitirá tornar melhor o uso de diques reguladores, para conter a água que a geleira fornece durante em período de seca", disse Crespo. Em províncias como a de Mendoza há uma grande atividade vitivinícola.
A pesquisa do Horcones Superior permitirá estimar como ocorre este fenômeno em outras geleiras similares da zona central da cordilheira, onde há um precedente para um estudo similar realizado há quase 15 anos. De acordo com o cientista, algumas geleiras do Parque Aconcágua estão "perdendo massa".
Para Crespo, a causa mais provável é o aumento de temperatura no planeta, que segundo projeções científicas de 2004, poderia ser maior no alto montanha, embora ainda não foi provado.
Neste sentido, a estação meteorológica instalada no Parque Aconcágua pelo grupo de cientistas argentinos da expedição SIGMA, da qual fizeram parte tanto Crespo como Lenzano, permitirá obter informações precisas sobre a evolução da temperatura no alto da montanha.
Em seu estudo, Sebastián Crespo utiliza dados da pesquisa sobre as geleiras para gerar uma "cultura do uso de água" e evitar usos irracionais como a irrigação por inundação no caso da agricultura.
"Ampliaremos o estudo a mais geleiras, no próximo verão faremos mais medições", concluiu Crespo.