Mundo

Argentina inicia campanha presidencial em plena recessão

O país irá às urnas em meio a uma recessão que começou no ano passado e de uma pobreza e desemprego crescentes

A recessão afetou a popularidade de Mauricio Macri, um engenheiro de 60 anos que busca um segundo mandato (Ueslei Marcelino/Reuters)

A recessão afetou a popularidade de Mauricio Macri, um engenheiro de 60 anos que busca um segundo mandato (Ueslei Marcelino/Reuters)

A

AFP

Publicado em 22 de junho de 2019 às 14h27.

Última atualização em 22 de junho de 2019 às 17h20.

Em meio à recessão, a Argentina lança neste sábado a corrida presidencial. O presidente liberal Mauricio Macri, que busca a reeleição, enfrentará Alberto Férnandez, que lidera a chapa peronista ao lado da ex-presidente Cristina Kirchner.

O terceiro na disputa é o centrista Roberto Lavagna, embora esteja bastante atrás em um cenário polarizado entre o macrismo e o kirchnerismo.

O país irá às urnas em meio a uma recessão que começou no ano passado e de uma pobreza (32% em 2018), desemprego (10,1% no primeiro trimestre deste ano) e inflação (47,6% em 2018 e que acumulou mais de 19% até maio passado) crescentes.

Milhares de pessoas caíram na pobreza nos últimos meses, em razão de uma dramática combinação de falta de trabalho e inflação, especialmente sobre produtos básicos como leite, carne e pão.

Somado a isso, um aumento de até 1.000% no preço da eletricidade, gás, água e transporte.

A recessão afetou a popularidade de Macri, um engenheiro de 60 anos que busca um segundo mandato de quatro anos, mas não o suficiente para deixá-lo fora da corrida.

Crítico das políticas protecionistas, de controles e subsídios que caracterizaram o governo anterior de Cristina Kirchner (2007-2015), Macri sofreu com devastadoras corridas cambiárias e recebeu em 2018 uma ajuda do Fundo Monetário Internacional de 56 bilhões de dólares em troca da promessa de alcançar o equilíbrio fiscal este ano e superávit em 2020.

Ele se apresenta com a coalizão que o acompanhou nos últimos anos, integrada pelo Proposta Republicana (PRO) e pela União Cívica Radical (UCR).

Macri pede aos eleitores um voto de confiança "para não voltar ao passado", em referência ao período de Kirchner. As pesquisas mais recentes dão a Macri menos de 30% das intenções de voto.

- Tornar o país "habitável" -

Por outro lado, a chapa de Alberto Fernández, que reúne diversas correntes do peronismo de centro e de esquerda, e que aparece com vantagem nas pesquisas com mais de 30% das preferências, exalta as dificuldades econômicas, prometendo "mobilidade social ascendente" e "tornar a Argentina habitável".

Fernández, que foi chefe de gabinete do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e também em 2008, durante o primeiro ano de governo de sua viúva Cristina, trouxe o toque de moderação necessária para atrair os setores peronistas distantes davisceral ex-presidente.

A terceira força em disputa é a chapa do ex-ministro da Economia Roberto Lavagna e do governador de Salta Manuel Urtubey, que despertam cerca de 10% das intenções de voto.

A dupla tem ganhado espaço apostando numa tentativa de despolarizar a sociedade, muito polarizada nos últimos. No entanto, essa iniciativa perdeu força com a incorporação de Fernandez à chapa eleitoral Kirchner.

Quando as respectivas alianças entregarem suas listas antes da meia-noite, os binômios que aspiram a assumir o controle do país terão sido definidos e, antes da eleição presidencial de 27 de outubro, terão que se submeter às primárias abertas e simultâneas de 11 de agosto.

No primeiro turno de outubro, um candidato só sairá vitorioso se obtiver 45% dos votos, ou se receber 40% e uma diferença maior que 10% com o segundo mais votado. Caso contrário, haverá um segundo turno em 24 de novembro.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaCristina KirchnerEleiçõesMauricio Macri

Mais de Mundo

Tarifas de Trump abrem espaço para mais negócios com o Brasil, diz diplomata do Canadá

Inglaterra quer proibir venda de facas com ponta para frear assassinatos

"Nós os responsabilizaremos", diz Netanyahu sobre Hamas após entrega de corpos de reféns

Indústria de alimentos tem faturamento recorde, vê decisões de Trump com cautela