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Após morte de presidente negacionista, Tanzânia tem 1ª mulher no cargo

John Magufuli, presidente da Tanzânia e negacionista, morreu vítima de covid-19 na semana passada

Samia Suluhu Hassan, uma uma muçulmana de 61 anos, deve permanecer no poder até 2025 (AFP/AFP)

Samia Suluhu Hassan, uma uma muçulmana de 61 anos, deve permanecer no poder até 2025 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 19 de março de 2021 às 10h33.

A até agora vice-presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, se tornou nesta sexta-feira (19) a primeira mulher chefe de Estado deste país, assumindo o lugar do presidente John Magufuli, que teve a morte anunciada na quarta-feira.

Hassan, uma muçulmana de 61 anos, natural do arquipélago semiautônomo de Zanzibar, prestou juramento durante uma rápida cerimônia em Dar es Salaam. Ela deve permanecer no poder até o fim do mandado de Magufuli, em 2025.

"Posso garantir aos tanzanianos que nada ruim acontecerá durante este período. Começaremos de onde parou Magufuli", disse Hassan em um rápido discurso.

"Sejamos pacientes e nos unamos para avançar", pediu.

Ela é uma das duas mulheres que lideram um governo atualmente na África, ao lado da etíope Sahle-Work Zewde, que tem funções honorárias.

Esta integrante leal do partido Chama Cha Mapinduzi (CCM), que ascendeu nos últimos 20 anos, anunciou na quarta-feira o falecimento do presidente John Magufuli, que não aparecia em público desde 27 de fevereiro.

O chefe de Estado faleceu devido a problemas cardíacos que sofria há 10 anos, de acordo com o anúncio oficial da sucessora.

Mas sua ausência incomum em eventos públicos alimentou boatos de que havia sido infectado com a covid-19, uma doença que o presidente minimizou em diversas ocasiões.

Morto há uma semana?

Seu principal opositor, Tindu Lissu, afirmou na quinta-feira que, de acordo com suas fontes, Magufuli morreu vítima de coronavírus na quarta-feira da semana passada.

O jornal queniano Daily Nation, que informou na semana passada que um "líder africano" - uma referência implícita a Magufuli - estava hospitalizado em Nairóbi, também afirmou nesta sexta-feira que a morte aconteceu na semana passada.

A publicação informa que Magufuli deixou o hospital de Nairóbi com respiração artificial depois que os médicos consideraram que não tinha mais condições de tratamento e retornou a Dar es Salaam, onde morreu na quinta-feira 11.

Ele foi o segundo líder africano que morreu em circunstâncias polêmicas durante a pandemia.

O presidente de Burundi, Pierre Nkurunziza, também cético da covid-19, faleceu por "insuficiência cardíaca" em junho, depois que sua esposa foi transferida a Nairóbi para receber tratamento contra o coronavírus.

Magufuli será enterrado na próxima semana em sua cidade natal, Chato (noroeste), anunciou a nova presidente.

Novo capítulo

Samia Suluhu Hassan foi nomeada vice-presidente de Magufuli - que era chamado de "Bulldozer" - durante a campanha presidencial de 2015.

Os dois foram reeleitos em outubro do ano passado em uma votação considerada ilegal pela oposição.

Os quase seis anos de Magufuli no poder foram marcados por grandes projetos de infraestruturas, mas também por uma guinada autoritária, com vários ataques à oposição e um retrocesso das liberdades.

A política de Hassan a respeito da covid-19 será examinada de perto.

Magufuli, um católico devoto, sempre minimizou a presença e a gravidade do vírus. Ele afirmava que o país havia sido "libertado" pela oração e se negou a impor medidas para conter a doença.

Uma postura difícil de manter nas últimas semanas: o país registra uma onda de mortes por "pneumonia" que atinge inclusive altos funcionários do governo.

A oposição e ONGs de defesa dos direitos humanos pediram uma mudança.

"Temos que aproveitar este período para iniciar um novo capítulo para a reconstrução da unidade nacional e o respeito à liberdade, justiça, ao Estado de Direito, à democracia e ao desenvolvimento centrado no povo", afirmou Freeman Mbowe, líder do grupo opositor Chadema.

A ONG Human Rights Watch afirmou que "o novo governo tem agora a oportunidade de começar de novo, acabando com as práticas problemáticas do passado".

Analistas, no entanto, afirmam que Samia Suluhu Hassan pode ser pressionada por partidários de Magufuli no CCM, que controla os serviços de inteligência e postos cruciais no governo.

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