Após derrota no Brexit, May tem cabeça em jogo nesta quarta
O parlamento deve votar uma mução de desconfiança no governo, numa iniciativa do líder trabalhista Jeremy Corbyn
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 06h12.
Última atualização em 16 de janeiro de 2019 às 06h44.
Ontem, foi o destino do acordo de saída da União Europeia, o Brexit , que foi escrutinado, e aniquilado, pelo parlamento britânico. Hoje, é sua própria idealizadora, a primeira-ministra Theresa May, quem tem a cabeça a prêmio. O parlamento deve votar uma mução de desconfiança no governo, numa iniciativa do líder trabalhista Jeremy Corbyn.
Segundo Corbyn, em dois anos de governoe May não conseguiu elaborar uma proposta boa o suficiente para ser aprovada pela maioria do Parlamento. Em dezembro, May já havia sido alvo de uma moção de desconfiança apresentada pelo seu próprio partido, o Conservador, e sobreviveu. Desta vez, a expectativa é que ela siga no cargo mais uma vez. Caso perca, pode decidir renunciar, ou insistir no cargo e enfrentar uma votação num prazo de 14 dias.
Sua esperada vitória pode indicar que, assim como sobra insatisfação sobre a dificuldade de May de costurar um acordo de saída que seja visto como justo pelos parlamentares, há um reconhecimento de que a situação é realmente complexa. May é criticada pela oposição por levar o Brexit adiante e por seu partido por definir um plano brando demais — e os dois lados discordam da forma como vem tratando a questão da Irlanda do Norte. Pela proposta derrotada ontem, a região manteria uma fronteira aberta com sua vizinha Irlanda, o que na prática desmantelaria a unidade territorial do Reino Unido.
A votação foi a maior derrota da história para um governo do Reino Unido: 432 parlamentares recusaram o acordo e apenas 202 apoiaram a proposta de May, diferença de 230 votos.
Caso sobrevive, May tem prazo apertado para retomar a pauta do Brexit. Terá três dias para apresentar um plano alternativo para ser analisado pelo parlamento. O texto atualizado do acordo a ser apresentado até segunda-feira pode ser emendado pelos parlamentares com suas próprias propostas.
O presidente do conselho europeu, Donald Tusk, afirmou ontem no Twitter que é hora de alguém finalmente ter a coragem de reconhecer que a única solução possível para o Reino Unido é esquecer o Brexit e permanecer na União Europeia. O prazo final do desembarque é 29 de março.