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Após CIA, serviço secreto britânico fica sob pressão

Aliados mais próximos dos americanos, os britânicos participaram das campanhas no Iraque e no Afeganistão

O premier britânico, David Cameron: aliados mais próximos dos americanos, os britânicos participaram das campanhas no Iraque e no Afeganistão (Adem Altan/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 13h47.

Londres - Crescem no Reino Unido os apelos por esclarecimentos sobre as ações do serviço secreto britânico na guerra contra o terrorismo ao lado de seus aliados americanos, após as revelações sobre o uso da tortura pela CIA .

O relatório do Senado americano publicado na terça-feira trouxe de volta à tona muitas questões pendentes sobre o papel do MI5 e do MI6 - os serviços de inteligência interna e externa do Reino Unido -, desde os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos .

Aliados mais próximos dos americanos, os britânicos participaram das campanhas no Iraque e no Afeganistão.

Em 2010, o primeiro-ministro David Cameron admitiu que havia "perguntas sobre o grau de cooperação dos agentes britânicos com os serviços de inteligência estrangeiros que tratavam os presos de uma forma inadequada".

O juiz aposentado Peter Gibson foi encarregado de conduzir uma investigação independente.

Mas, sem recursos suficientes, seu relatório divulgado em dezembro de 2013 levanta mais perguntas do que respostas. E soa como uma admissão de impotência diante de uma administração pouco disposta a revelar seus segredos, principalmente quando se referem a seu principal aliado.

'Quero a verdade'

A Comissão Parlamentar de Inteligência e Segurança (ISC) herdou o caso, e deve tirar as suas próprias conclusões no final de 2015.

"Uma vez que a Comissão tenha concluído o seu relatório, teremos que nos perguntar se não será necessário abrir um inquérito judicial completo", declarou esta semana o vice-primeiro-ministro Nick Clegg (liberal-democrata).

"Eu sou como todo mundo, eu quero a verdade", insistiu.

Os serviços secretos britânicos têm as mãos limpas? Entre aqueles que disseram que não está o etíope Binyam Mohamed. Detido em Guantánamo por mais de quatro anos, ele afirmou que um membro do MI5 tinha feito as perguntas durante seu interrogatório acompanhado de tortura.

O Reino Unido também é acusado de cumplicidade em sequestros por Abdelhakim Belhaj, um ex-jihadista que se tornou comandante militar de Trípoli após a queda de Muammar Khaddafi em 2011.

Em outubro passado, o Tribunal de Segunda Instância de Londres considerou ter embasamento para apresentar uma queixa contra as autoridades britânicas.

Abaixo-assinado para uma investigação

"Nós sabemos que o Reino Unido foi cúmplice da CIA nos casos de tortura e transferências de detentos", acusa Donald Campbell, porta-voz da Reprieve, uma organização de defesa dos direitos Humanos.

A questão é saber "quando o governo explicará como isso foi autorizado", disse à AFP, acrescentando que o relatório dos Estados Unidos "ressalta a necessidade de Londres fazer seu próprio exame de consciência".

"Neste momento, o Reino Unido é como alguém que não se atreve a abrir a porta por medo de descobrir o que há por trás", afirma Tom Davies, um funcionário da Anistia Internacional.

A ONG lançou um abaixo-assinado online pedindo a abertura de uma investigação criminal que já recebeu mais de 14.000 assinaturas nesta sexta-feira.

Se isso não é suficiente, o governo de Cameron deverá lidar com a imprensa britânica que questiona a possibilidade de Londres ter pedido a Washington para suprimir algumas partes a seu respeito do relatório sobre a CIA.

"Essas informações foram suprimidas (...) os Estados Unidos conhecem a verdade, e não nós", afirma Jenni Russell em um editorial publicado no The Times.

Por parte de Downing Street, reconhece-se que houve um diálogo com os americanos sobre o conteúdo do relatório, "mas está fora de questão tentar retirar quaisquer eventuais acusações do envolvimento britânico em atividades consideradas ilegais no Reino Unido".

Quanto ao resto, o gabinete do primeiro-ministro pede para que todos aguardem o resultado da comissão parlamentar: "Vamos ver o que eles dizem e depois vamos ver o que fazer."

Os britânicos que querem saber deverão esperar de dedos cruzados para que as informações mais sensíveis deste relatório não sejam protegidos pelo período de 20 anos sobre a publicação de documentos secretos.

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O relatório do Senado americano publicado na terça-feira trouxe de volta à tona muitas questões pendentes sobre o papel do MI5 e do MI6 - os serviços de inteligência interna e externa do Reino Unido -, desde os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos .

Aliados mais próximos dos americanos, os britânicos participaram das campanhas no Iraque e no Afeganistão.

Em 2010, o primeiro-ministro David Cameron admitiu que havia "perguntas sobre o grau de cooperação dos agentes britânicos com os serviços de inteligência estrangeiros que tratavam os presos de uma forma inadequada".

O juiz aposentado Peter Gibson foi encarregado de conduzir uma investigação independente.

Mas, sem recursos suficientes, seu relatório divulgado em dezembro de 2013 levanta mais perguntas do que respostas. E soa como uma admissão de impotência diante de uma administração pouco disposta a revelar seus segredos, principalmente quando se referem a seu principal aliado.

'Quero a verdade'

A Comissão Parlamentar de Inteligência e Segurança (ISC) herdou o caso, e deve tirar as suas próprias conclusões no final de 2015.

"Uma vez que a Comissão tenha concluído o seu relatório, teremos que nos perguntar se não será necessário abrir um inquérito judicial completo", declarou esta semana o vice-primeiro-ministro Nick Clegg (liberal-democrata).

"Eu sou como todo mundo, eu quero a verdade", insistiu.

Os serviços secretos britânicos têm as mãos limpas? Entre aqueles que disseram que não está o etíope Binyam Mohamed. Detido em Guantánamo por mais de quatro anos, ele afirmou que um membro do MI5 tinha feito as perguntas durante seu interrogatório acompanhado de tortura.

O Reino Unido também é acusado de cumplicidade em sequestros por Abdelhakim Belhaj, um ex-jihadista que se tornou comandante militar de Trípoli após a queda de Muammar Khaddafi em 2011.

Em outubro passado, o Tribunal de Segunda Instância de Londres considerou ter embasamento para apresentar uma queixa contra as autoridades britânicas.

Abaixo-assinado para uma investigação

"Nós sabemos que o Reino Unido foi cúmplice da CIA nos casos de tortura e transferências de detentos", acusa Donald Campbell, porta-voz da Reprieve, uma organização de defesa dos direitos Humanos.

A questão é saber "quando o governo explicará como isso foi autorizado", disse à AFP, acrescentando que o relatório dos Estados Unidos "ressalta a necessidade de Londres fazer seu próprio exame de consciência".

"Neste momento, o Reino Unido é como alguém que não se atreve a abrir a porta por medo de descobrir o que há por trás", afirma Tom Davies, um funcionário da Anistia Internacional.

A ONG lançou um abaixo-assinado online pedindo a abertura de uma investigação criminal que já recebeu mais de 14.000 assinaturas nesta sexta-feira.

Se isso não é suficiente, o governo de Cameron deverá lidar com a imprensa britânica que questiona a possibilidade de Londres ter pedido a Washington para suprimir algumas partes a seu respeito do relatório sobre a CIA.

"Essas informações foram suprimidas (...) os Estados Unidos conhecem a verdade, e não nós", afirma Jenni Russell em um editorial publicado no The Times.

Por parte de Downing Street, reconhece-se que houve um diálogo com os americanos sobre o conteúdo do relatório, "mas está fora de questão tentar retirar quaisquer eventuais acusações do envolvimento britânico em atividades consideradas ilegais no Reino Unido".

Quanto ao resto, o gabinete do primeiro-ministro pede para que todos aguardem o resultado da comissão parlamentar: "Vamos ver o que eles dizem e depois vamos ver o que fazer."

Os britânicos que querem saber deverão esperar de dedos cruzados para que as informações mais sensíveis deste relatório não sejam protegidos pelo período de 20 anos sobre a publicação de documentos secretos.

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