Análise: Trump deve enfrentar onda de notícias ruins em abril
Ex-presidente precisa pagar fiança, enfrentar julgamento na Justiça e vê ações de sua empresa começarem o mês em queda
Repórter de macroeconomia
Publicado em 2 de abril de 2024 às 06h01.
Donald Trump, ex-presidente dos EUA e candidato nas eleições de 2024, teve um começo de ano com boas notícias em várias frentes, mas o jogo pode virar neste mês de abril.
No primeiro trimestre de 2024, o republicano venceu as primárias com facilidade e conseguiu número de delegados suficiente para confirmar a candidatura ainda em março. Quase todos os rivais desistiram após a primeira rodada, em Iowa, e sua competidora final, Nikki Haley, não conseguiu vencê-lo nem no estado em que ela foi governadora.
Trump também obteve uma decisão favorável da Suprema Corte, que impediu estados de barrarem sua candidatura com base na 14ª Emenda da Constituição. Ele havia sido impedido de estar nas cédulas de dois estados pela acusação de ter se envolvido em uma insurreição contra o país, por conta do ataque ao Congresso em 6 de janeiro de 2021, mas a Suprema Corte determinou que não caberia aos estados aplicar a restrição, que seria prerrogativa do Congresso.
Uma terceira vitória, no fim de março, foi um negócio que levou a rede social Truth Social a ter ações negociadas na bolsa Nasdaq. A abertura de capital elevou seu patrimônio em mais de 2 bilhões de dólares, mas o preço das ações vem tendo quedas: no primeiro dia de vendas, 26 de março, a ação era cotada a 70 dólares. Seis dias depois, em 1º de abril, estava em 49 dólares.
Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, explica que essa queda das ações é uma das notícias negativas que Trump enfrentará em abril.
"A partir de agora, ele vai entrar em um período de agenda negativa. Tem julgamento marcado para começar em 15 de abril, e ele está com o problema surreal de ter de levantar patrimônio para pagar um processo que diz que ele inflou patrimônio", comentou, no podcast O Caminho para a Casa Branca. Assista abaixo.
O ex-presidente tinha até esta semana para pagar uma fiança de 175 milhões de dólares e, assim, poder recorrer de um processo no qual foi condenado por fraude fiscal. Ele efetivou o pagamento na segunda, 1º, de noite. Caso ele não pagasse, a Justiça poderia começar a apreender seu patrimônio para quitar uma multa de 355 milhões de dólares, mais juros, a qual ele foi condenado.
Trump inicialmente teria de pagar uma fiança de 454 milhões de dólares, mas ele alegou não ter conseguido levantar o valor, pois boa parte de seu patrimônio se refere a imóveis, que não são vendidos facilmente. Em 25 de março, a Justiça baixou o valor devido e deu mais dez dias de prazo para o pagamento.
Já no dia 15 de abril, começará o julgamento criminal em que Trump é acusado de usar recursos irregulares para pagar suborno à atriz pornô Stormy Daniels, que o acusava de ter tido um caso com ela.
"A grande questão é como tudo isso vai pegar nos eleitores de Trump. E tem uma corrente da campanha dele que propõe que ele antecipe a escolha do vice", explica Moura. O gesto poderia mudar o foco do noticário sobre o republicano em um momento conturbado.