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América Latina está diante de impasse em serviços básicos, diz <I>NYT</I>

A privatização de serviços como o fornecimento de água foi rejeitada pela população de vários países da região, mas os governos estão ainda menos capacitados a assumir os serviços do que há uma década

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h01.

O fornecimento de serviços públicos básicos continua sendo uma das questões políticas e de saúde pública mais urgentes na América Latina. Segundo reportagem do The New York Times desta terça-feira (22/2), 130 milhões de habitantes de região esperam por acesso a água limpa, por exemplo. As privatizações no setor realizadas nos anos 90, diz a reportagem, são rejeitadas atualmente, e o investimento estrangeiro despencou. O desafio, agora, é retornar os serviços para estados ainda menos capacitados do que há uma década.

"[Os governos] terão de reassumir aqueles serviços e, é claro, torná-los eficientes nas mãos do Estado", afirma Riordan Roett, diretor de estudos latino-americanos da universidade americana Johns Hopkins. "Mas o histórico desses países nessa matéria é péssimo."

O jornal americano cita a Argentina, que "tem assumido uma trilha decididamente esquerdista na recuperação econômica depois do colapso de 2001". O país recuperou apenas uma fração dos investimentos que atraía apenas alguns anos atrás. Por toda região, mais do que nunca, as companhias estariam ponderando riscos políticos ao considerar planos de expansão. "Na última década, fatores não econômicos tornaram-se ainda mais influentes sobre os investimentos", diz César Gaviria, ex-secretário geral da Organização dos Estados Americanos e atualmente presidente da Hemispheric Partners, uma firma americana de análise de risco soberano.

The New York Times destaca a Bolívia entre os países que têm rejeitado as companhias estrangeiras. "Forma-se um grande ressentimento quando coisas tão essenciais quanto água e eletricidade não são distribuídas de forma justa e equitativa. Trata-se de uma fórmula para a revolta, e é por isso que estamos diante de uma região em convulsão", diz Michael Shifter da organização Inter-American Dialogue. Também o Uruguai aprovou em referendo no final do ano passado o controle público sobre os recursos hídricos. No Chile, em plebiscito realizado em 2000, 99,2% dos votantes rejeitaram a privatização da estatal de água.

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