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América Latina é a região mais perigosa para jornalistas em tempos de paz

A América Latina é tão perigosa para os jornalistas quanto o Oriente Médio, região abalada por guerras, denuncia a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF)

México: na América Latina, a região em paz mais perigosa do mundo para jornalistas, país é o que oferece o cenário mais violento (Andrew Hasson / Colaborador/Getty Images)
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AFP

Publicado em 17 de dezembro de 2019 às 15h27.

Última atualização em 17 de dezembro de 2019 às 15h30.

A América Latina, com o México à frente, é tão perigosa para os jornalistas quanto o Oriente Médio, região abalada por guerras, denuncia a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) no balanço de 2019. Em todo o mundo, foram registrados 49 assassinatos de profissionais da imprensa no mundo, o menor resultado em 16 anos.

Com 14 mortos - 10 no México, dois em Honduras, um na Colômbia e um no Haiti -, a América Latina "continua sendo uma região particularmente instável e perigosa para os profissionais da informação", afirma a RSF em seu relatório, que alerta que as estatísticas podem esconder uma realidade ainda pior.

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"Outros 10 jornalistas foram assassinados no Brasil, Chile, México, Honduras e Haiti em 2019", mas estes casos não aparecem no documento da organização de defesa da liberdade de imprensa porque "continuam sendo objeto de verificação".

"A lentidão, inclusive as violações da justiça nos diferentes países afetados, impede jogar toda a luz sobre estas mortes", lamenta a RSF no balanço mais recente sobre a situação da imprensa no mundo, que compila dados sobre assassinatos, detenções e sequestros de jornalistas.

México, o país mais perigoso

O México é de longe o país mais perigoso para o exercício do jornalismo. Além de registrar no decorrer do ano 10 assassinatos de profissionais da imprensa, mesmo número da Síria, a probabilidade de que os responsáveis por estas mortes sejam julgados é praticamente nula, pois o país tem uma taxa de impunidade superior a 90%, diz a RSF.

O relatório anual, elaborado desde 1995, cita os assassinatos da jornalista Norma Garabia Sarduza e de seu colega Francisco Romero Díaz, que são "particularmente sintomáticos da ineficácia das autoridades mexicanas a frear esta espiral de violência contra a imprensa". A primeira havia solicitado proteção e o segundo era beneficiado por medidas de segurança.

Honduras, com dois jornalistas mortos em plena luz do dia, "também está superada pela corrupção e o crime organizado", enquanto a Colômbia enfrenta novamente seus "velhos demônios", depois de uma trégua relativa após a assinatura dos acordos de paz em 2016, constata a RSF.

O diretor colombiano Mauricio Lezama foi assassinado quando preparava um documentário sobre as vítimas do conflito armado. Já o Haiti, que conheceu um longo período de calma, voltou às páginas do relatório da RSF.

Número historicamente baixo

Com 49 jornalistas mortos no mundo (profissionais e não profissionais), 2019 registra um número "historicamente baixo", o menor em 16 anos.

Embora nos países em paz permaneça estável, como no México, a queda foi registrada nos países em guerra como Síria, Iêmen e Afeganistão, onde o número de jornalistas assassinados caiu 44%: 36 mortos, contra 66 em 2018.

No Iêmen (2 mortos contra 8 do ano passado) ou Afeganistão (5 contra 16), a redução se deve a dois fatores: muitos jornalistas abandonaram a profissão ou aprenderam a não se expor.

Os movimentos sociais de protesta que este ano afetaram países como Equador, Chile, Bolívia, Líbano, Irã, Iraque, Colômbia, Hong Kong e Argélia também representam um desafio para a segurança dos jornalistas, assim como o crime organizado, que se tornou um dos "piores predadores" para os repórteres investigativos, afirma o relatório da RSF.

China, "a maior prisão do mundo"

Outro risco para o exercício do jornalismo é a mordaça registrada em muitos países, em particular a China, que se transformou na "maior prisão do mundo para os jornalistas".

No total, 389 jornalistas estavam presos pelo exercício do direito de informar, 12% a mais que no ano passado.

Deste número, quase metade das detenções aconteceu em três países: China, Egito e Arábia Saudita.

"Mais de 40% dos jornalistas detidos são não profissionais que tentam, apesar da censura crescente das redes sociais, atenuar as dificuldades de uma imprensa tradicional cada vez mais vigiada e amordaçada", destaca o documento.

Arábia Saudita e Egito disputam a liderança da censura no Oriente Médio, seguidos pela Síria. Tanto em Riad como no Cairo, muitos jornalistas estão detidos sem julgamento ou qualquer acusação.

Ao menos 57 jornalistas estavam sequestrados, praticamente todos na Síria (pior fábrica de reféns do mundo"), Iêmen, Iraque e Ucrânia.

Alguns, como o britânico John Cantlie ou o americano Austin Tice, estão sequestrados há mais de sete anos, recorda a RSF.

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