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Aliviada por resultado na Áustria, UE analisa referendo na Itália

A questão italiana foi avaliada como um assunto sem grande repercussão para o bloco, uma análise oposta à feita em relação à Áustria

UE: a vitória do ecologista Alexander Van der Vellen foi considerada uma nova esperança para o projeto de integração europeia (Giuseppe Cacace/Getty Images)
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EFE

Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 14h36.

Bruxelas - A União Europeia respirou aliviada nesta segunda-feira após a derrota da extrema-direita nas eleições presidenciais da Áustria, mas ligou um alerta depois da vitória do "não" no referendo realizado na Itália, um resultado que provocou a renúncia do primeiro-ministro do país, Matteo Renzi.

A questão italiana, porém, foi avaliada como um assunto interno do país, sem grande repercussão para o bloco, uma análise oposta à feita em relação à Áustria.

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A vitória do ecologista Alexander Van der Vellen sobre o ultranacionalista Nobert Hofer foi considerada como uma nova esperança para o projeto de integração europeia.

"O referendo na Itália era sobre uma mudança na Constituição da Itália, não sobre a Europa", afirmou o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, que repassou aos partidos políticos e instituições do país a responsabilidade de oferecer "respostas políticas convincentes sem se afastar de uma onda de reformas".

A vitória do "não", com 59,11% dos votos contra os 40,89% obtidos pelo "sim", ainda provoca incertezas sobre a terceira maior economia da zona do euro, um país acostumado a governos de curta duração - 63 nos últimos 70 anos - e que atravessa um momento de instabilidade financeira e tímido crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

A Itália fechará neste ano com um avanço de 0,8% do PUB, de acordo com a última estimativa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). A previsão para 2017 é de uma expansão de 0,9%, segundo a Comissão Europeia.

A breve mensagem da Comissão Europeia está alinhada com as demais instituições da União Europeia e dos países-membros do bloco, como os ministros de Finanças da zona do euro reunidos hoje em Bruxelas para a reunião do Eurogrupo.

O ministro de Finanças da França, Michael Sapin, disse que o referendo da Itália não falava a Europa, a política europeia ou o lugar do país no bloco continental.

"A Itália é um país profundamente europeu, muito ligado à construção europeia. É um país sólido", afirmou o ministro francês, que também tentou separar a decisão dos italianos sobre a proposta de Renzi com o sentimento de permanência na UE.

O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, foi igualmente contundente, ao afirmar que "não há nenhuma razão para falar de crise do euro" após o referendo na Itália.

"A Itália deve continuar política e economicamente o caminho percorrido nos últimos três anos por Renzi", resumiu Schäuble.

A humilhante derrota no referendo que defendia uma reforma constitucional no país fez com que o primeiro-ministro da Itália apresentasse sua renúncia, como tinha prometido durante a campanha, o que eleva a instabilidade em um período eleitoral decisivo para a União Europeia. Holanda (março), França (abril e maio) e Alemanha (agosto e outubro) realizam pleitos gerais no próximo ano.

"Há um espaço público europeu emergente que leva os europeus a acompanhar de perto os processos eleitorais democráticos em todos os países-membros. Isso é bom para a Europa e é bom que a Europa seja parte desses debates", afirmou a porta-voz da Comissão Europeia.

Sobre a Áustria, Schinas disse que o resultado foi uma vitória clara do bloco após meses de tensão desde o referendo do "Brexit", que decidiu pela saída do Reino Unido do bloco, em julho, até a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.

"A Europa foi central na campanha para a eleição do presidente austríaco e o resultado fala por si só", completou o porta-voz da Comissão Europeia. EFE

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