Alimento para milhões de africanos, mandioca está ameaçada
O inimigo, uma doença do estriado marrom da mandioca, é dissimulado, pois os agricultores não conseguem detectá-lo
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2013 às 12h09.
Paris - As plantações de mandioca, principal fonte de calorias para 300 milhões de africanos, estão ameaçadas na África por um vírus que se expande do leste para o oeste daquele continente, enquanto um congresso de cientistas e doadores se reúne esta semana, na Itália, para tentar combater a praga.
O inimigo, uma doença do estriado marrom da mandioca, é dissimulado, pois os agricultores não conseguem detectá-lo.
"As folhas parecem saudáveis, mas as raízes (a parte comestível) ficam pretas, com necrose, inutilizando a planta para consumo, mesmo animal", explicou à AFP o cientista Claude Fauquet, um dos fundadores da Associação Mundial da Mandioca para o Século XXI (GCP21).
"É possível erradicar as doenças virais da mandioca na África como se fez com a pólio e, se for assim, de que forma? Ninguém nunca tentou", disse nas vésperas da reunião anual do grupo às margens do largo de Como, em Bellagio.
O estriado marrom, devastador para os cultivos, desaparecido desde 1935, ressurgiu há 10 anos no leste da África. Desde então, avança para o oeste do continente: depois da Tanzânia, Quênia, Moçambique, seus primeiros focos, foi detectado na República Democrática do Congo (terceiro produtor mundial) e em Angola.
Simultaneamente, e é algo novo, a praga emigra para as alturas, a 1.000 metros de altitude, em Uganda, Malauí, Ruanda e Burundi.
O temor é que o vírus contamine a Nigéria, o país mais populoso do continente, que produz 10 milhões de toneladas de mandioca, e busca um desenvolvimento industrial com base no amido de mandioca, como na Tailândia, onde esta atividade sustenta muitos pequenos produtores.
Ao plantar e intercambiar mudas doentes, os camponeses contribuem, prejudicando a si próprios, a propagar o vírus, afirma o pesquisador.
"Técnica e cientificamente sabemos o que temos que fazer, mas é preciso contar com os meios, financeiros e logísticos", afirma Claude Fauquet.
O pesquisador preconiza uma rede de distribuição de materiais saudáveis, garantidos sem vírus, como fizeram França e América do Norte com a batata.
A FAO, Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, que estará presente em Bellagio, se mobiliza também com um plano estratégico de cinco anos (2010-2015) para combater as doenças da mandioca, que vê como "uma ameaça maior para a segurança alimentar".
Sobretudo porque há outras pragas que ameaçam o tubérculo, como o vírus mosaico da mandioca, que a cada ano priva o continente de umas 50 toneladas desta raiz.
O vírus se propaga em cepas cada vez mais resistentes, através da África do leste e central.
Em Bellagio, os cientistas e representantes dos grandes organismos doadores (Banco Mundial, USAID, Fundação Bill Gates) devem tentar coordenar mais seus programas e atividades de pesquisa.
"O objetivo é obter o consenso de todos. Podemos começar com um plano piloto em dois ou três países e ampliá-lo progressivamente", diz Fauquet.
Mas com uma situação alimentar já bastante tensa, o pico demográfico esperado na África até 2050 e os impactos das mudanças climáticas, "não vale a pena agregar" outros problemas, avalia o pesquisador.
Paris - As plantações de mandioca, principal fonte de calorias para 300 milhões de africanos, estão ameaçadas na África por um vírus que se expande do leste para o oeste daquele continente, enquanto um congresso de cientistas e doadores se reúne esta semana, na Itália, para tentar combater a praga.
O inimigo, uma doença do estriado marrom da mandioca, é dissimulado, pois os agricultores não conseguem detectá-lo.
"As folhas parecem saudáveis, mas as raízes (a parte comestível) ficam pretas, com necrose, inutilizando a planta para consumo, mesmo animal", explicou à AFP o cientista Claude Fauquet, um dos fundadores da Associação Mundial da Mandioca para o Século XXI (GCP21).
"É possível erradicar as doenças virais da mandioca na África como se fez com a pólio e, se for assim, de que forma? Ninguém nunca tentou", disse nas vésperas da reunião anual do grupo às margens do largo de Como, em Bellagio.
O estriado marrom, devastador para os cultivos, desaparecido desde 1935, ressurgiu há 10 anos no leste da África. Desde então, avança para o oeste do continente: depois da Tanzânia, Quênia, Moçambique, seus primeiros focos, foi detectado na República Democrática do Congo (terceiro produtor mundial) e em Angola.
Simultaneamente, e é algo novo, a praga emigra para as alturas, a 1.000 metros de altitude, em Uganda, Malauí, Ruanda e Burundi.
O temor é que o vírus contamine a Nigéria, o país mais populoso do continente, que produz 10 milhões de toneladas de mandioca, e busca um desenvolvimento industrial com base no amido de mandioca, como na Tailândia, onde esta atividade sustenta muitos pequenos produtores.
Ao plantar e intercambiar mudas doentes, os camponeses contribuem, prejudicando a si próprios, a propagar o vírus, afirma o pesquisador.
"Técnica e cientificamente sabemos o que temos que fazer, mas é preciso contar com os meios, financeiros e logísticos", afirma Claude Fauquet.
O pesquisador preconiza uma rede de distribuição de materiais saudáveis, garantidos sem vírus, como fizeram França e América do Norte com a batata.
A FAO, Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, que estará presente em Bellagio, se mobiliza também com um plano estratégico de cinco anos (2010-2015) para combater as doenças da mandioca, que vê como "uma ameaça maior para a segurança alimentar".
Sobretudo porque há outras pragas que ameaçam o tubérculo, como o vírus mosaico da mandioca, que a cada ano priva o continente de umas 50 toneladas desta raiz.
O vírus se propaga em cepas cada vez mais resistentes, através da África do leste e central.
Em Bellagio, os cientistas e representantes dos grandes organismos doadores (Banco Mundial, USAID, Fundação Bill Gates) devem tentar coordenar mais seus programas e atividades de pesquisa.
"O objetivo é obter o consenso de todos. Podemos começar com um plano piloto em dois ou três países e ampliá-lo progressivamente", diz Fauquet.
Mas com uma situação alimentar já bastante tensa, o pico demográfico esperado na África até 2050 e os impactos das mudanças climáticas, "não vale a pena agregar" outros problemas, avalia o pesquisador.