MONTADORA ALEMÃ (FOTO DE 2019): recuo do PIB foi o dobro do registrado na crise de 2009 (Ralph Orlowski/File Photo/Reuters)
Duas das maiores economias do mundo divulgam nesta quinta-feira (30) os dados do crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano, e as notícias não vão ser nada boas. Tanto os Estados Unidos como a Alemanha deverão apresentar uma das piores contrações de suas economias em várias décadas, já que o período de abril a junho abarca o pico da pandemia e da paralisação das atividades nesses países.
Nos Estados Unidos, os economistas preveem uma queda de 33% a 34% do PIB no segundo trimestre, em taxa anualizada (ou seja, a taxa trimestral extrapolada para o ano). Seria a maior queda trimestral desde o fim da Segunda Guerra, quando o Departamento de Análises Econômicas (BEA) começou a compilar esse índice, e três vezes a pior taxa registrada no país até agora (queda de 10% em 1958). No primeiro trimestre deste ano, o PIB americano caiu 5%.
Na Alemanha, após uma queda de 2,2% no primeiro trimestre, a previsão era que o PIB caísse mais 11,9% no segundo trimestre. A queda foi até mais suave — 11,7%. Ainda assim, é a queda mais acentuada desde que o país começou a fazer cálculos trimestrais do PIB, em 1970. É também mais que o dobro da contração da economia registrada no primeiro trimestre de 2009, durante a crise financeira global.
Para conter o avanço do coronavírus, a Alemanha decretou o lockdown no dia 22 de março, quando o número de novos casos de covid-19 se aproximava de 7.000 por dia. Com a estabilização da pandemia, o país começou a reabrir sua economia gradualmente em 20 de abril. Nos últimos dias, o coronavírus voltou a preocupar o país – ontem, foram registrados 860 novos casos e 5 óbitos.
De maneira geral, a flexibilização da economia deve garantir um segundo semestre um pouco melhor, mas não o suficiente para salvar o ano. A previsão do Fundo Monetário Internacional é que o PIB alemão tenha uma redução de 7,8% neste ano e se recupere em 2021, quando está projetado uma expansão de 5,4%.
Para os Estados Unidos, o FMI prevê uma contração de 8% neste ano e um crescimento de 4,5% em 2021. No entanto, com o coronavírus ainda causando muitas vítimas (ontem, foram registrados quase 63.000 novos casos e 1.300 óbitos no país), mais empresas estão sendo forçadas a recuar em seus planos de reabertura. No Congresso, republicanos e democratas não chegam a um acordo sobre uma nova ajuda do governo aos desempregados, o que pode piorar a situação da economia nos próximos meses.
Nesta quinta-feira, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos vai divulgar o número de pessoas que entraram com pedido de seguro desemprego na semana que se encerrou em 25 de julho. A previsão é que 1,4 milhão de americanos requereram o seguro desemprego nesse período, elevando para mais de 54 milhões o número de desempregados que solicitaram o benefício desde meados de março.