Alabama assina lei que proíbe o aborto até mesmo em casos de estupro
Nova lei passa a proibir o aborto inclusive em casos de estupro e incesto; promotores estão conscientes de que mudança não entrará em vigor por enquanto
EFE
Publicado em 16 de maio de 2019 às 06h18.
Última atualização em 17 de maio de 2019 às 17h13.
Washington - A governadora do Alabama, a republicana Kay Ivey, assinou nesta quarta-feira (15) a polêmica lei que proíbe o aborto no estado e desafia assim a legalidade da prática nos Estados Unidos, consagrada em uma decisão do Supremo Tribunal de 1973.
O Legislativo do Alabama aprovou ontem à noite esta lei, que proíbe o aborto inclusive em casos de estupro e incesto, só permitindo-o quando a saúde da mulher estiver em grave risco, e contempla penas de entre 10 e 99 anos de prisão para as pessoas que o praticarem.
Os democratas introduziram durante o debate uma emenda para que o texto permitisse o aborto nos casos de estupro e incesto, mas esta foi rejeitada por 21 votos a 11.
Os promotores do projeto estão conscientes de que a lei não entrará em vigor, pelo menos por enquanto, já que contradiz a decisão do Supremo de 1973 conhecida como "Roe contra Wade", que legalizou a prática do aborto em todo o país.
Seu objetivo, no entanto, é iniciar uma batalha legal que leve a nova norma até a Suprema Corte para que seus magistrados possam reconsiderar a decisão de 1973.
"Podemos reconhecer que, pelo menos no curto prazo, esta lei também será inaplicável", disse em comunicado a governadora.
"Como cidadãos deste grande país, sempre devemos respeitar a autoridade do Supremo Tribunal dos EUA, inclusive quando não estejamos de acordo com suas decisões", acrescentou Ivey, em referência à decisão "Roe contra Wade".
"Os impulsores desta lei acreditam que essa é hora de o Tribunal Supremo examinar, mais uma vez, este importante assunto, e acreditam que (a aprovação da nova norma) pode provocar a melhor oportunidade para que isto ocorra", concluiu a governadora.
Aborto nos EUA
Nos EUA, o aborto é legal na prática desde que em 1973 o Supremo declarou inconstitucional qualquer interferência do Estado na decisão da mulher sobre a gravidez.
Nos últimos anos, no entanto, o movimento conservador tentou que o Supremo, de maioria conservadora, volte a analisar sua constitucionalidade para reverter a decisão de 1973.
A chegada de Donald Trump à Casa Branca e as nomeações no Supremo dos juízes conservadores Neil Gorsuch e Brett Kavanaugh criaram esperanças renovadas para os que desejam sua proibição.
Enquanto isso, o Partido Republicano tentou contornar essa decisão aprovando normas que obstaculizam o acesso ao aborto amparado nos direitos religiosos e na saúde das mulheres.
Além disso, Trump retirou o financiamento público das clínicas de planejamento familiar que oferecem abortos, uma medida dirigida principalmente contra a Planned Parenthood, a maior destas organizações no país contra a qual os conservadores empreendem uma cruzada.