AIE vê demanda global por petróleo em nível pré-Covid em 2022
A Agência Internacional de Energia (AIE) acredita que consumo mundial voltará aos 100 milhões de barris por dia no segundo semestre de 2022
Bloomberg
Publicado em 11 de junho de 2021 às 11h06.
A demanda global por petróleo deve retornar aos níveis pré-pandemiano fim do próximo ano, segundo previsão da Agência Internacional deEnergia, segundo a qual a Opep e aliados podem manter os mercados equilibrados com o uso da capacidade de produção extra.
O consumo mundial voltará aos 100 milhões de barris por dia no segundo semestre de 2022, à medida que economias desenvolvidas controlam a Covid-19 , disse a agência em sua primeira estimativa detalhada para o ano que vem. Em algum momento antes do final do ano, a demanda ultrapassará os níveis pré-Covid, disse AIE.
A previsão vai contra a percepção de que o uso do petróleo - e as emissões resultantes do aquecimento do planeta - já pode ter atingido o pico como resultado das mudanças sociais na esteira da pandemia. A própria AIE vê o consumo em um platô na década de 2030, mas não previu um pico na demanda.
Os preços do petróleo se recuperaram e agora estão no maior nível em dois anos, acima de US$ 70 o barril, com motoristas de volta às estradas e maior atividade econômica com a flexibilização dos lockdowns. O relatório - que mostra um quadro um pouco mais otimista do que a perspectiva mais recente divulgada pela agência - destaca que o próximo movimento do mercado está nas mãos da Rússia e Arábia Saudita.
A AIE., com sede em Paris , fez um apelo direto à aliança Opep+, liderada por esses dois países, para continuar a reposição da produção reduzida quando a demanda despencou no ano passado.
“A Opep+ precisa abrir as torneiras para manter os mercados mundiais de petróleo adequadamente abastecidos”, disse a agência, que assessora a maioria das grandes economias. Atender ao crescimento da demanda “provavelmente não será um problema” se a coalizão de 23 nações agir, porque apenas 20% de sua capacidade extra é necessária para manter o mercado em equilíbrio, disse o relatório.
O diretor executivo da AIE, Fatih Birol, alertou sobre um novo aumento de preços se suprimentos extras não forem disponibilizados. No entanto, o ministro de Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, disse que vai esperar sinais de que o consumo seja sólido antes de responder.
Objetivo alcançado
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e parceiros já alcançaram seu objetivo principal, tendo eliminado o enorme excesso de estoque acumulado durante a pandemia, mostrou o relatório.
A Opep+ precisará adicionar cerca de 1,4 milhão de barris por dia - ou menos se o Irã fechar um acordo que suspenda as sanções dos EUA -, deixando a aliança com outros 5,5 milhões de barris por dia fora do mercado, de acordo com estimativas da AIE. Cálculos da Bloomberg sugerem que essa capacidade extra não é tão generosa.
O governo de Teerã pode contribuir com 1,4 milhão de barris em exportações se concluir o acordo nuclear com Washington que remova as barreiras dos EUA ao comércio de petróleo, estima a AIE - equivalente ao volume que a aliança Opep+ precisa adicionar. O grupo se reunirá em 1º de julho para estudar o próximo passo.
A aliança, talvez sem querer, facilitou o próprio trabalho. Ao fazer cortes da produção em larga escala no ano passado e apoiar os preços, o grupo encorajou investimentos de produtores de gás de xisto dos EUA e outros rivais, segundo o relatório.
A oferta fora da Opep+ deve se recuperar para 1,6 milhão de barris por dia em 2022, respondendo pela metade do salto previsto para a demanda, de 3,1 milhões de barris. Mesmo se a Opep+ aumentasse a produção o suficiente para atender ao aumento na demanda, sua produção permaneceria em 2 milhões de barris por dia abaixo dos níveis de 2019.
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