Ai Weiwei acusa Pequim de 'não ter vergonha' após exigir pagamento de multa
Dissidente chinês ficou 81 dias preso em local não revelado e ainda teve de pagar milhões de dólares em suposta "evasão fiscal"
Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2011 às 10h05.
Pequim - O artista e dissidente chinês Ai Weiwei criticou nesta quarta-feira as autoridades chinesas pela cobrança do equivalente a US$ 2,3 milhões pela suposta evasão de impostos, quem acusou de 'não ter vergonha'.
'Todos os ministérios do país, todos esses homens e mulheres, não têm vergonha de se transformarem em ferramentas da perseguição do poder político', questionou Ai, de 54 anos, no Twitter, microblog sob censura na China.
Sem ordem de prisão oficial emitida, Ai ficou preso neste ano durante 81 dias em local não revelado, período em que sofreu tortura psicológica. A acusação contra ele é de evasão fiscal, o que nega e atribui a uma vingança pela sua dissidência política.
O artista foi libertado após promoter ao regime chinês que não daria entrevistas à imprensa estrangeira nem publicaria opiniões na internet, um acordo já quebrado em diversas ocasiões. Ele também não pode sair de Pequim, embora tenha certa liberdade para circular pela capital chinesa.
'É o colapso das bases autoritárias', disse. 'Desprezam os princípios morais e a justiça', prosseguiu o artista conceitual chinês, um dos desenhistas do estádio olímpico de Pequim, mas também uma das vozes mais ferozes contra o regime do país asiático.
'Tudo isto vai mais longe do que se possa imaginar. Estou em choque, é uma tragédia, me sinto impotente', conclui o artista.
A detenção em abril de Ai gerou inúmeras críticas de Governos ocidentais e grupos de direitos humanos. Depois do anúncio da multa, ele voltou a receber gestos de apoio.
Nesta quarta, o comissário do Governo para os Direitos Humanos alemão, Markus Loning, falou com preocupação sobre o tratamento que as autoridades chinesas estão dando ao artista e pela exigência do pagamento da multa, o que evidencia dúvidas sobre a aplicação da lei.
Segundo as autoridades chinesas, Ai terá de pagar a multa no prazo de 15 dias. A quantia cobrada é tão alta que equivale a um ano de receita das ferrovias chinesas em todo o ano de 2010, comparou o artista em outro comentário no Twitter.
A detenção de Ai foi uma das mais polêmicas entre as centenas de ativistas, intelectuais, advogados e artistas que as autoridades chinesas têm detido e torturado desde abril com o objetivo de frear qualquer manifestação como as da 'Primavera Árabe' em seu país.
Conforme a ONG Chinese Human Rights Defenders (CHRD), do total de dissidentes presos, somente 52 tiveram ordem formal de detenção por motivos políticos. EFE
Pequim - O artista e dissidente chinês Ai Weiwei criticou nesta quarta-feira as autoridades chinesas pela cobrança do equivalente a US$ 2,3 milhões pela suposta evasão de impostos, quem acusou de 'não ter vergonha'.
'Todos os ministérios do país, todos esses homens e mulheres, não têm vergonha de se transformarem em ferramentas da perseguição do poder político', questionou Ai, de 54 anos, no Twitter, microblog sob censura na China.
Sem ordem de prisão oficial emitida, Ai ficou preso neste ano durante 81 dias em local não revelado, período em que sofreu tortura psicológica. A acusação contra ele é de evasão fiscal, o que nega e atribui a uma vingança pela sua dissidência política.
O artista foi libertado após promoter ao regime chinês que não daria entrevistas à imprensa estrangeira nem publicaria opiniões na internet, um acordo já quebrado em diversas ocasiões. Ele também não pode sair de Pequim, embora tenha certa liberdade para circular pela capital chinesa.
'É o colapso das bases autoritárias', disse. 'Desprezam os princípios morais e a justiça', prosseguiu o artista conceitual chinês, um dos desenhistas do estádio olímpico de Pequim, mas também uma das vozes mais ferozes contra o regime do país asiático.
'Tudo isto vai mais longe do que se possa imaginar. Estou em choque, é uma tragédia, me sinto impotente', conclui o artista.
A detenção em abril de Ai gerou inúmeras críticas de Governos ocidentais e grupos de direitos humanos. Depois do anúncio da multa, ele voltou a receber gestos de apoio.
Nesta quarta, o comissário do Governo para os Direitos Humanos alemão, Markus Loning, falou com preocupação sobre o tratamento que as autoridades chinesas estão dando ao artista e pela exigência do pagamento da multa, o que evidencia dúvidas sobre a aplicação da lei.
Segundo as autoridades chinesas, Ai terá de pagar a multa no prazo de 15 dias. A quantia cobrada é tão alta que equivale a um ano de receita das ferrovias chinesas em todo o ano de 2010, comparou o artista em outro comentário no Twitter.
A detenção de Ai foi uma das mais polêmicas entre as centenas de ativistas, intelectuais, advogados e artistas que as autoridades chinesas têm detido e torturado desde abril com o objetivo de frear qualquer manifestação como as da 'Primavera Árabe' em seu país.
Conforme a ONG Chinese Human Rights Defenders (CHRD), do total de dissidentes presos, somente 52 tiveram ordem formal de detenção por motivos políticos. EFE