Beirute - A Anistia Internacional (AI) criticou nesta terça-feira o Líbano por negar a entrada no país de refugiados palestinos da Síria , entre eles grávidas e menores, restrições que acabaram separando muitas famílias.
"Ao negar a entrada de uma mãe e de seu filho recém-nascido, entre outras pessoas, as autoridades libanesas mostraram uma apavorante falta de respeito rumo aos direitos de alguns refugiados que fogem de um conflito sangrento", disse a organização de direitos humanos em comunicado.
Entre os casos registrados está o de uma mulher grávida de seis meses e acompanhada de cinco crianças que foi admitida em sua segunda tentativa, sem que seu marido e seus dois filhos maiores fossem envolvidos.
O responsável da AI para as pessoas refugiadas e migrantes, Sherif Ali, declarou que "o Líbano está descumprindo suas obrigações contraídas em virtude do direito internacional".
"As autoridades libanesas devem pôr fim imediatamente a essas medidas discriminatórias com essas pessoas. Embora sua chegada suponha uma enorme carga para os recursos do Líbano, isto não é uma desculpa para abandoná-las", afirmou Ali.
A entidade também assinalou que os refugiados palestinos da Síria sofrem severas restrições em outros países como na Jordânia, que proíbe sua entrada desde 2013, e a Turquia, onde têm mais dificuldades que os cidadãos sírios para se internar.
A AI revelou que os refugiados palestinos da Síria devem cumprir com uma série de requisitos para obter uma residência temporária no Líbano, entre elas as que estejam de passagem para outro país e que não procedam de zonas onde há combates perto da fronteira.
A Anistia considerou que esses requisitos não se aplicam aos sírios, inclusive depois das novas medidas tomadas por Beirute em junho de 2014.
"Ninguém deve ser devolvido à Síria se procurar um refúgio seguro. Todos os refugiados que vivem no Líbano não deveriam temer ser detidos ou expulsos", acrescentou Ali.
A Anistia reiterou sua chamada à comunidade internacional para que intensifique seu apoio econômico aos países vizinhos da Síria, incluindo o Líbano, que abriga o maior número de refugiados procedentes da Síria, em torno de 1,1 milhão de pessoas.
A estes é preciso agregar cerca de 400 mil palestinos que vivem no país desde 1948 após a criação do Estado de Israel, assim como outros 60 mil que fugiram da violência na Síria e se refugiaram no Líbano, com uma população de cerca quatro milhões de habitantes.
"Sem uma ajuda econômica maior da comunidade internacional, é muito provável que aumentem as restrições impostas no Líbano a todos os refugiados procedentes da Síria", ressaltou Ali.
- 1. Longe de casa
1 /15(Muhammad Hamed/Reuters)
São Paulo –
Mais de dois milhões de pessoas saíram da
Síria em direção a campos de refugiados da Organização das Nações Unidas em países vizinhos desde que a guerra civil começou, dois anos atrás. A situação não é inédita no mundo. De acordo com a agência da
ONU responsável por refugiados, mais de 32 milhões de pessoas deixaram seus países por causa da situação política ou social da região em que viviam. Em áreas próximas a zonas de conflito e instabilidade, a ONU constrói centros (complexos, campos ou vilas) para abrigar aqueles que, por fome,
guerra ou doenças, tiveram de escapar de seu país natal. Alguns campos de refugiados chegam ao tamanho de cidades: o maior deles, localizado no
Quênia , abriga mais de 400 mil pessoas. A pedido de
EXAME.com, a Agência de Refugiados da ONU (UNHCR, na sigla em inglês) levantou informações sobre os maiores campos de refugiados do mundo. Embora esses sejam os dados mais atualizados, a cada dia os números podem mudar – especialmente em regiões onde o conflito ainda é intenso, como nas proximidades da Síria, onde
a guerra civil já matou mais de 110 mil pessoas. Clique nas fotos e veja os maior campos de refugiados do mundo.
- 2. 1. Dadaab, Quênia
2 /15(Getty Images)
Localização: nordeste do Quênia, próximo à fronteira com a Somália, na África
Habitantes: 402,361 pessoas
Contexto: um complexo de cinco campos abriga pessoas que fugiram da guerra civil na vizinha Somália.
- 3. 2. Dollo Ado, Etiópia
3 /15(Giro 555/Flickr)
Localização: sudoeste da Etiópia
Habitantes: 198,462 pessoas
Contexto: complexo de cinco campos abriga somalianos que fugiram das condições precárias (fome e seca) de seu país
- 4. 3. Kakuma, Quênia
4 /15(Zoriah/Flickr)
Localização: noroeste do Quênia, próximo à fronteira com o Sudão do Sul
Habitantes: 124,814 pessoas
Contexto: o campo abriga somalianos e sudaneses que fugiram das guerras e condições precárias em seus países de origem
- 5. 4. Za’atri, Jordânia
5 /15(Getty Images)
Localização: norte da Jordânia, próximo à fronteira com a Síria
Habitantes: 122,723 pessoas
Contexto: abriga refugiados sírios que escaparam da guerra civil em seu país
- 6. 5. Jabalia, Faixa de Gaza (Palestina)
6 /15(Getty Images)
Localização: faixa de Gaza, na Palestina
Habitantes: cerca de 110,000 pessoas
Contexto: abriga palestinos desde o fim da guerra árabe-israelense, em 1948
- 7. 6. Sahrawi, Argélia
7 /15(Getty Images)
Localização: sudoeste da Argélia
Habitantes: cerca de 90 mil pessoas
Contexto: um complexo de cinco campos abriga africanos do oeste do deserto do Saara desde o conflito com forças marroquinas por questões territoriais na década de 1970
- 8. 7. Yida, Sudão do Sul
8 /15(Getty Images)
Localização: norte do Sudão do Sul
Habitantes: 70.095 pessoas
Contexto: sudaneses que fugiram da guerra civil que separou o Sudão e agora tentam escapar de condições de miséria vivem no campo
- 9. 8. Mbera, Mauritânia
9 /15(Cyprien Fabre/Creative Commons)
Localização: sudeste da Mauritânia, quase na fronteira com Mali
Habitantes: 69.676 pessoas
Contexto: a maioria dos refugiados fugiram do conflito no país vizinho Mali, que sofreu um golpe militar em 2012, após dez anos de relativa estabilidade. Disputas com rebeldes separatistas no norte levaram a um intervenção francesa no país e eleições foram instauradas. O novo presidente tomou posse nesta quarta-feira.
- 10. 9. Nakivale, Uganda
10 /15(Stephen Luke/Creative Commons)
Localização: sul da Uganda, próximo à fronteira com a Tanzânia
Habitantes: 68.996 pessoas
Contexto: abriga refugiados de Ruanda desde a guerra civil e genocídio na década de 1990
- 11. 10. Nyarugusu, Tanzânia
11 /15(Anduze traveller/Creative Commons)
Localização: noroeste da Tanzânia, próximo à fronteira com Burundi
Habitantes: 68.197 pessoas
Contexto: criado no fim da década de 1990, abriga milhares de congoleses que fugiram da guerra civil no país
- 12. 11. Tamil Nadu, Índia
12 /15(EC/ECHO Arjun Claire)
Localização: sudeste da Índia
Habitantes: 66.700 pessoas
Contexto: um complexo com 112 campos abriga refugiados da guerra no Sri Lanka, onde guerrilheiros de uma minoria étnica lutam pelo separatismo há mais de quinze anos. Na região, ainda mais 34 mil cingaleses vivem fora dos campos de refugiados
- 13. 12. Vila da Panian, no Paquistão
13 /15(Reprodução/Google Maps)
Localização: nordeste do Paquistão
Habitantes: 56.820 pessoas
Contexto: uma vila onde refugiados afegão vivem há mais de 30 anos, fugidos de regimes fundamentalistas e guerras em seu país
- 14. 13. Vila de Shamshatoo, Paquistão
14 /15(UN Photo/Eskinder Debebe)
Localização: nordeste do Paquistão, próximo à fronteira com o Afeganistão
Habitantes: 53.537 pessoas
Contexto: uma vila onde refugiados afegãos vivem há mais de 30 anos, fugidos de regimes fundamentalistas e guerras em seu país
- 15. Agora, veja imagens do ataque que deixou centenas de refugiados na Síria
15 /15(REUTERS/Nour Fourat)