Agência americana investiga titânio falso em aeronaves da Airbus e Boeing
Material, comprado de empresa chinesa, foi vendido com documentos falsificados e usado em peças de aviões dos dois fabricantes
Redator na Exame
Publicado em 14 de junho de 2024 às 10h41.
A indústria da aviação enfrenta um desafio preocupante com a descoberta de titânio falsificado em componentes de aeronaves Boeing e Airbus fabricadas entre 2019 e 2023. A investigação em andamento, liderada pela Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), revela a gravidade da situação e levanta sérias dúvidas sobre a segurança de milhares de aeronaves em operação. A reportagem é do The New York Times.
O problema foi identificado pela Spirit AeroSystems, importante fornecedora de fuselagens para Boeing e asas para Airbus, durante uma inspeção de rotina. Ao detectar buracos no material devido à corrosão, a empresa deu início a uma investigação que revelou a utilização de titânio falsificado em diversos componentes. A falsificação foi possível através da documentação fraudulenta que acompanhava o material, atestando sua autenticidade e qualidade para uso aeronáutico.
Diante da gravidade da situação, a FAA mobilizou suas equipes para investigar a fundo a extensão do problema e determinar as implicações de segurança para as aeronaves afetadas. A Boeing, por sua vez, emitiu um alerta urgente aos seus fornecedores, alertando-os sobre a possibilidade de registros falsificados em sua cadeia de suprimentos.
Componentes críticos
A Spirit AeroSystems, epicentro da crise, trabalha para identificar a origem do titânio falsificado, verificar se ele atende aos padrões mínimos de qualidade exigidos para a indústria aeronáutica e determinar se as peças fabricadas com o material defeituoso representam um risco à segurança dos voos.As peças afetadas pelo titânio falsificado incluem componentes críticos para a operação das aeronaves, como portas de entrada de passageiros, portas de carga, escudos térmicos e componentes que conectam os motores à estrutura do avião. A empresa ainda não possui um panorama completo da quantidade de aeronaves afetadas, mas já iniciou um processo de monitoramento rigoroso e está em contato com as companhias aéreas para avaliar as medidas necessárias em cada caso.
Até o momento, os testes realizados pela Spirit não indicaram falhas imediatas nos materiais falsificados. No entanto, a investigação ainda está em andamento e novos testes serão realizados para garantir a segurança das aeronaves. A empresa ressalta que a prioridade absoluta é garantir a segurança dos passageiros e tripulações, e que todas as medidas cabíveis serão tomadas para solucionar o problema o mais rápido possível.
A Spirit está trabalhando com seus clientes para identificar os aviões afetados. Aeronaves já em serviço serão monitoradas pelas companhias aéreas e retiradas de serviço mais cedo do que o normal, se necessário. Mais provavelmente, as peças afetadas serão removidas durante as verificações de manutenção de rotina, independentemente de o titânio ser aprovado nos testes.