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Afeganistão aplaude decisão de Trump de manter tropas dos EUA

Na noite de ontem o presidente renunciou a uma retirada das tropas americanas do país, abrindo caminho para o envio de mais soldados

Tropas: O anúncio provocou ameaças dos talibãs (Andrew Burton/Reuters)
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AFP

Publicado em 22 de agosto de 2017 às 15h31.

A presidência afegã comemorou, nesta terça-feira (22), a decisão do presidente americano, Donald Trump, de renunciar a uma retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, abrindo caminho para o envio de mais soldados.

O anúncio provocou ameaças dos talibãs.

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Em pronunciamento ontem, Trump apresentou sua estratégia para o mais longo conflito da história dos Estados Unidos, acentuando a pressão sobre o Paquistão, ao mesmo tempo em que acusou o país de ser um abrigo para "os agentes do caos".

"É um dia histórico para nós. Hoje, os Estados Unidos mostraram que estão conosco, sem limite de tempo", reagiu o presidente afegão, Ashraf Ghani, durante uma visita às tropas em Kandahar, reduto dos talibãs afegãos.

Ghani também lançou uma advertência ao grupo.

"Vocês não podem ganhar essa guerra. As portas da paz e da negociação estão abertas para vocês", convocou.

Os insurgentes islamitas reagiram rapidamente ao anúncio de Trump e prometeram um "novo cemitério" aos americanos, se decidirem permanecer no país.

"Enquanto restar um único soldado americano no nosso solo e continuarem a nos impor a guerra, continuaremos com nossa jihad", ameaçaram, reivindicando o lançamento de um foguete contra a embaixada americana em Cabul na segunda-feira.

Mudança de opinião

Trump manifestou sua convicção de que uma retirada precipitada do Afeganistão criaria um vazio que beneficiaria os "terroristas", tanto da Al-Qaeda quanto do grupo Estado Islâmico.

"Meu instinto era nos retirarmos e, geralmente, costumo seguir meu instinto", reconheceu o presidente.

"Mas as decisões são muito diferentes quando você está no Salão Oval", afirmou.

Um funcionário de alto escalão do governo americano disse que Trump autorizou o Pentágono a enviar um extra de até 3.900 soldados. Esse efetivo se somaria aos 8.400 militares já presentes no Afeganistão no âmbito de uma coalizão internacional de 13.500 homens.

Embora não seja uma alta espetacular - os Estados Unidos já contaram com até 100 mil soldados nesse país -, trata-se de uma mudança de tendência em relação aos últimos anos.

O secretário americano da Defesa, Jim Mattis, destacou que vários países aliados se comprometeram com aumentar o número de soldados estacionados no Afeganistão.

Em uma primeira reação, o secretário-geral da Otan, Jens Stolenberg, celebrou a medida de Trump, afirmando que a Aliança Atlântica não deixará que o Afeganistão se transforme em um "refúgio para terroristas".

Para vários especialistas, não se trata de uma nova abordagem, mas de "medidas já testadas no passado", afirma James Der Derian, da Universidade de Sydney, e de um "plano provisório para conter a guerra e os avanços dos talibãs", segundo o analista afegão Feda Mohammad.

Não é um cheque em branco

No mesmo discurso, Trump advertiu que os Estados Unidos não vão mais tolerar que o Paquistão seja "um refúgio" para extremistas.

"O Paquistão tem muito a ganhar, caso colabore com nossos esforços no Afeganistão (...), e muito a perder se continuar acolhendo criminosos e terroristas", advertiu.

Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores paquistanês pediu "paz e estabilidade no Afeganistão" e destacou "o desejo permanente do Paquistão de trabalhar com a comunidade internacional para eliminar a ameaça do terrorismo".

Em julho, o Pentágono suspendeu 50 milhões de dólares em ajuda militar, ao considerar que Islamabad não está suficientemente comprometida com desmantelar a rede Haqqani. Há tempos, afirma-se que essa rede, aliada dos talibãs afegãos, tem vínculos com os serviços secretos paquistaneses.

A Presidência assegurou que "o governo afegão priorizou a aceleração de seu rigoroso programa de reformas para eliminar a corrupção".

Trump já havia advertido que o apoio dos EUA não é um "cheque em branco".

"A América trabalhará com o governo afegão, desde que vejamos determinação e progresso. No entanto, nosso compromisso não é ilimitado, e nosso apoio não é um cheque em branco. O povo americano espera ver reformas reais e resultados reais", frisou.

Diálogo com talibãs?

Donald Trump também disse estar aberto a um diálogo político com os extremistas.

"Algum dia, depois de um esforço militar efetivo, talvez seja possível ter um acordo político que inclua membros talibãs no Afeganistão", comentou.

"Mas ninguém sabe se, ou quando, isso acontecerá", desconversou.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, corroborou que os Estados Unidos estão dispostos a apoiar "sem pré-condições" negociações de paz entre o governo e os talibãs.

Cerca de 2.400 soldados americanos morreram no Afeganistão desde 2001, e mais de 20 mil ficaram feridos.

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