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Acordo com Irã afasta risco de um ataque israelense

"Ninguém entenderia" um ataque de Israel neste período, afirmou nesta segunda-feira o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2013 às 18h45.

Jerusalém - O acordo das grandes potências com o Irã afasta a possibilidade de um ataque militar de Israel contra as instalações nucleares iranianas e o Estado hebraico não pode fazer mais que se limitar a vigiar sua aplicação, afirmam os analistas.

As repetidas ameaças do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de atacar as instalações nucleares iranianas soam cada vez mais vazias após o acordo anunciado domingo, opinam os analistas consultados.

"Não há nenhuma possibilidade de que Israel lance um ataque militar contra o Irã nos seis meses que durará o acordo temporário alcançado em Genebra", declarou nesta segunda-feira à rádio militar o ex-chefe da Aviação israelense, Eitan Ben Eliahu.

"Ninguém entenderia" um ataque de Israel neste período, afirmou nesta segunda-feira o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.

"Enquanto existir um apoio tão considerável a este acordo temporário, bombardear instalações nucleares do Irã seria um suicídio político e diplomático", resumiu o especialista militar do jornal Haaretz.

Usando a fórmula do famoso spaghetti western "O Bom, o Mau e o Feio", um editorialista do mesmo jornal debocha das ameaças de Netanyahu: "Quando disparas, não contas tua vida".

O editorialista pediu ao primeiro-ministro a renunciar a uma nova "campanha agressiva e fútil contra a administração norte-americana", destacando que "aqueles aos quais hoje insultais são a quem pedireis amanhã para tirá-lo da confusão em que os tinham suplicado que não vos metesses".

Considerando que este acordo "não é bom, mas não é o fim do mundo", um editorialista do jornal Yediot Aharonot reprovou a atuação de Netanyahu se fosse o caso e que se dispusesse a "ordenar um ataque militar no Irã em plenas negociações".

"Tal decisão colocaria Israel em situação delicada em relação ao mundo inteiro, com exceção da Arábia Saudita, nosso amigo leal, dedicado e eterno", ironiza, em relação às preocupações compartilhadas com as monarquias do Golfo frente às ambições regionais de Teerã.


No domingo, Netanyahu afirmou que "Israel tem direito e dever de se defender" e considerou que o acordo tornava o "mundo mais perigoso".

"Nenhuma influência sobre a política norte-americana"

"O papel de Israel é montar guarda", disse um antigo cônsul de Israel nos Estados Unidos, Alon Pinkas, ao jornal Yediot.

O correspondente militar desse jornal considera que "Israel grita porque isso é tudo o que lhe resta no momento" e acrescentou: "o pouco que resta é tentar pressionar os aspectos técnicos, com a esperança de ganhar tempo", como sobre a limitação do enriquecimento de urânio.

"Israel atualmente não dispõe de nenhuma influência sobre a política norte-americana para o Irã, a não ser a ameaça de fazer as negociações com os palestinos descarrilar", insistiu.

Yoél Guzanski, antigo analista sobre Irã do gabinete do primeiro-ministro, reconhece que "as opções de Israel são pouco numerosas e limitadas", já que "o acordo coloca, de fato, o conjunto da comunidade internacional do lado do Irã".

"Mas se os iranianos enganam e já fizeram isso no passado", afirma à AFP este pesquisador do Instituto para os Estudos sobre a Segurança Nacional (INSS), "então Israel disporá da legitimidade para recorrer a outros meios".

Israel "não tem justificativa para atacar durante os seis próximos meses", disse o novo chefe da oposição, o dirigente trabalhista Yitzhek Herzog, que pediu a Netanyahu para "baixar o tom o quanto antes" em relação ao aliado estratégico norte-americano.

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