DUTERTE E ABE: japonês quer manter hegemonia no Pacífico e, para isso, precisa fazer vistas grossas às ações do filipino / Issei Kato/Reuters
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 05h40.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h26.
O primeiro ministro japonês Shinzo Abe tem uma missão pra lá de complexa quando chegar às Filipinas nesta quinta-feira: consolidar a relação entre o arquipélago e o Japão. O intuito é fortalecer a presença japonesa na região, diante do aumento assertivo da China. Depois, Abe vai para Vietnam, Indonésia e Austrália.
Nas Filipinas, Abe se encontra com o presidente Rodrigo Duterte, e visitará a cidade natal do filipino, Davao, ao sul do país. Uma forma de retribuição da viagem que Duterte realizou em outubro do ano passado ao Japão e uma demonstração de proximidade. Depois que Duterte assumiu em junho de 2016, ele restabeleceu relações bilaterais com China e tem estreitado relações com a Rússia — além de ter se afastado dos Estados Unidos, após ter xingado até a mãe do presidente Barack Obama —, preocupando o Japão como potência hegemônica no Oceano Pacífico.
Abe deve abordar com Duterte e com os outros líderes no decorrer da viagem sua preocupação com a expansão chinesa no Mar do Sul da China e a construção de um exército chinês. “Ele espera cumprir seu papel como coordenador das nações na região em um tempo de incerteza na política, segurança e economia”, disse um oficial do alto escalão japonês. Com Duterte, os assuntos devem cobrir também ações para coibir o terrorismo e até um pacote de estímulos econômicos de 19 bilhões de dólares, prometidos pelo Japão anteriormente.
Para manter as boas relações, o japonês fez vistas grossas às políticas anti-drogas do filipino, que já passam de 6.000 mortes em execuções sumárias. No ano passado, Abe chegou a oferecer ajuda financeira para construir clínicas de reabilitação no país, assunto que deve voltar à pauta. Tudo para não perder um aliado.