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A poucos dias de referendo, Ucrânia faz apelo a Ocidente

Governo pediu ajuda para impedir a anexação da Crimeia pela Rússia, mas a península parece determinada a levar adiante a proposta

Um ativista pró-Rússia segura uma bandeira russa atrás de um militar armado no topo de um veículo do exército russo, próximo a um posto de controle de fronteira na cidade de Balaclava, na Crimeia (Baz Ratner/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de março de 2014 às 20h13.

Sebastopol/Kiev - O governo da Ucrânia pediu ajuda ocidental nesta terça-feira para impedir a anexação da Crimeia pela Rússia , mas a península do Mar Negro, ocupada por tropas russas, parece determinada a levar adiante uma trajetória que poderá formalizar o controle russo dentro de alguns dias.

Com as próprias tropas na Crimeia prisioneiras, de fato, em suas bases, as novas autoridades de Kiev pintaram um quadro sombrio da situação militar no país após a derrubada do presidente pró-Moscou, há duas semanas. Elas anunciaram a criação de uma nova Guarda Nacional a ser criada com voluntários recrutados entre veteranos.

O primeiro-ministro, que se encaminhava para tomar parte em conversações na Casa Branca e nas Nações Unidas, disse ao Parlamento em Kiev querer que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha - como partes garantidoras de um tratado de 1994 que levou a Ucrânia a desistir de suas armas nucleares soviéticas - intervenham tanto diplomática como militarmente para afastar a "agressão" russa.

Mas, apesar de aviões de reconhecimento da Otan estarem patrulhando as fronteiras romena e polonesa, e forças navais dos EUA se prepararem para exercícios no Mar Negro, as potências ocidentais deixaram claro que, como em 2008, quando a ex-república soviética da Geórgia perdeu territórios para a Rússia, eles não têm intenção de se arriscar a transformar a pior crise Leste-Oeste desde o fim da Guerra Fria em um conflito militar com Moscou.

A diplomacia parece restrita a uma guerra de palavras. Os responsáveis pela área de Relações Exteriores nos EUA e na Rússia conversaram por telefone. Mas o Departamento de Estado dos EUA afirmou que a posição de Moscou não oferece espaço para negociações e o Ministério das Relações Exteriores russo emitiu uma declaração condenando a ajuda financeira dada pelos EUA ao "regime ilegítimo" em Kiev, que qualifica como sendo formado por ultranacionalistas com ligações "nazistas".


Essa linguagem repete a do presidente ucraniano deposto, Viktor Yanukovich, que deu uma entrevista à imprensa na Rússia insistindo que ainda é o legítimo chefe de Estado da Ucrânia. Derrubado por protestos desencadeados pela sua decisão de estreitar os laços do país com a Rússia, em vez de firmar um acordo comercial com a União Europeia, Yanukovich culpou seus inimigos por provocar a secessão da Crimeia.

O Parlamento, em Kiev, cuja posição é apoiada pelos governos ocidentais, considera ilegítimo o referendo planejado para domingo na Crimeia, sobre a união da região com a Rússia, e resolveu nesta terça-feira dissolver o Parlamento regional crimeio se até quarta-feira não voltar atrás na consulta popular. Parece não haver chance de que isso aconteça.

O governo russo nega que suas tropas tenham tido qualquer papel na tomada da região, que já foi governada pelos russos - declaração que é motivo de sarcasmo no exterior -, e diz que as pessoas na Crimeia, habitada por uma maioria russa, devem ter o direito de se separar. Ele tem explorado ao máximo o sentimento antirusso entre nacionalistas ucranianos, embora muitos habitantes da Ucrânia que falam russo estejam temerosos em relação ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Sanções, Referendo

O Congresso dos Estados Unidos está estudando sanções contra a Rússia e os líderes da União Europeia podem impor já na segunda-feira algumas penalidades, tais como a proibição de vistos para altos funcionários.

Até então, no entanto, a Crimeia já terá votado no referendo não reconhecido por Kiev ou países ocidentais, para buscar sua união à Rússia. A cédula de votação não apresenta a opção de manter o status quo de região autônoma dentro da Ucrânia.

Os eleitores da região de 2 milhões de habitantes terão de optar entre a união direta com a Rússia ou a restauração de uma antiga Constituição pela qual a Crimeia se tornaria uma região soberana com laços com a Ucrânia. Mas, de qualquer maneira, a região se uniria à Rússia. Na terça-feira, o Parlamento regional aprovou uma resolução segundo a qual uma Crimeia soberana cortaria relações com Kiev e se ligaria à Rússia.

O parlamento russo já aprovou a adesão, em princípio, da Crimeia, que foi entregue a Ucrânia por governantes soviéticos há 60 anos.

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Com as próprias tropas na Crimeia prisioneiras, de fato, em suas bases, as novas autoridades de Kiev pintaram um quadro sombrio da situação militar no país após a derrubada do presidente pró-Moscou, há duas semanas. Elas anunciaram a criação de uma nova Guarda Nacional a ser criada com voluntários recrutados entre veteranos.

O primeiro-ministro, que se encaminhava para tomar parte em conversações na Casa Branca e nas Nações Unidas, disse ao Parlamento em Kiev querer que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha - como partes garantidoras de um tratado de 1994 que levou a Ucrânia a desistir de suas armas nucleares soviéticas - intervenham tanto diplomática como militarmente para afastar a "agressão" russa.

Mas, apesar de aviões de reconhecimento da Otan estarem patrulhando as fronteiras romena e polonesa, e forças navais dos EUA se prepararem para exercícios no Mar Negro, as potências ocidentais deixaram claro que, como em 2008, quando a ex-república soviética da Geórgia perdeu territórios para a Rússia, eles não têm intenção de se arriscar a transformar a pior crise Leste-Oeste desde o fim da Guerra Fria em um conflito militar com Moscou.

A diplomacia parece restrita a uma guerra de palavras. Os responsáveis pela área de Relações Exteriores nos EUA e na Rússia conversaram por telefone. Mas o Departamento de Estado dos EUA afirmou que a posição de Moscou não oferece espaço para negociações e o Ministério das Relações Exteriores russo emitiu uma declaração condenando a ajuda financeira dada pelos EUA ao "regime ilegítimo" em Kiev, que qualifica como sendo formado por ultranacionalistas com ligações "nazistas".


Essa linguagem repete a do presidente ucraniano deposto, Viktor Yanukovich, que deu uma entrevista à imprensa na Rússia insistindo que ainda é o legítimo chefe de Estado da Ucrânia. Derrubado por protestos desencadeados pela sua decisão de estreitar os laços do país com a Rússia, em vez de firmar um acordo comercial com a União Europeia, Yanukovich culpou seus inimigos por provocar a secessão da Crimeia.

O Parlamento, em Kiev, cuja posição é apoiada pelos governos ocidentais, considera ilegítimo o referendo planejado para domingo na Crimeia, sobre a união da região com a Rússia, e resolveu nesta terça-feira dissolver o Parlamento regional crimeio se até quarta-feira não voltar atrás na consulta popular. Parece não haver chance de que isso aconteça.

O governo russo nega que suas tropas tenham tido qualquer papel na tomada da região, que já foi governada pelos russos - declaração que é motivo de sarcasmo no exterior -, e diz que as pessoas na Crimeia, habitada por uma maioria russa, devem ter o direito de se separar. Ele tem explorado ao máximo o sentimento antirusso entre nacionalistas ucranianos, embora muitos habitantes da Ucrânia que falam russo estejam temerosos em relação ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Sanções, Referendo

O Congresso dos Estados Unidos está estudando sanções contra a Rússia e os líderes da União Europeia podem impor já na segunda-feira algumas penalidades, tais como a proibição de vistos para altos funcionários.

Até então, no entanto, a Crimeia já terá votado no referendo não reconhecido por Kiev ou países ocidentais, para buscar sua união à Rússia. A cédula de votação não apresenta a opção de manter o status quo de região autônoma dentro da Ucrânia.

Os eleitores da região de 2 milhões de habitantes terão de optar entre a união direta com a Rússia ou a restauração de uma antiga Constituição pela qual a Crimeia se tornaria uma região soberana com laços com a Ucrânia. Mas, de qualquer maneira, a região se uniria à Rússia. Na terça-feira, o Parlamento regional aprovou uma resolução segundo a qual uma Crimeia soberana cortaria relações com Kiev e se ligaria à Rússia.

O parlamento russo já aprovou a adesão, em princípio, da Crimeia, que foi entregue a Ucrânia por governantes soviéticos há 60 anos.

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