COMEMORAÇÃO NA CASA BRANCA: presidente americano celebra aprovação da lei de saúde ao lado de Paul Ryan, presidente da Câmara / Carlos Barria/Reuters
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2017 às 18h57.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h17.
Ao completar 105 dias no cargo de presidente dos Estados Unidos, Donald Trump obteve nesta quinta-feira o que pode ser considerada sua maior vitória interna até agora: a Câmara aprovou a lei de saúde proposta pelo presidente para substituir o Affordable Care Act — lei conhecida como Obamacare e aprovada em 2010 na gestão do ex-presidente Barack Obama.
Ainda não é uma vitória definitiva, já que o texto precisa ser aprovado no Senado — onde analistas esperam que novas mudanças devam ser feitas. A margem de vitória apertada (217 votos a 213) também mostra que nem todos os republicanos votaram a favor do texto. Mas a aprovação na Câmara já é um grande passo na política interna do governo Trump, que passou a campanha dizendo que seu principal objetivo era “revogar e substituir” o Obamacare.
Conhecido como Ryancare por ter sido elaborado pelo presidente da Câmara, Paul Ryan, a lei já havia sido indiretamente rejeitada em março, quando foi retirada da pauta de votação por não contar com votos suficientes — ainda que os republicanos tenham maioria tanto na Câmara quanto no Senado.
Mas o projeto que foi a plenário nesta quinta tem algumas pequenas mudanças que o tornam mais suave em relação ao anterior, como uma emenda de 8 bilhões de dólares para assistência a portadores de doenças pré-existentes. Um dos grandes feitos do Obamacare foi impedir que seguradoras recusassem clientes que já tenham graves problemas de saúde.
A partir de agora, os americanos não serão mais obrigados a contratarem um plano de saúde. O projeto de Trump ainda diminuiu o auxílio a americanos de baixa-renda e idosos, concedidos por meio de subsídios diretos e programas como o Medicaid e o Medicare, que tiveram seu orçamento ampliado pelo Obamacare.
O texto não é unanimidade nem mesmo entre republicanos: os mais conservadores afirmam que a lei tira subsídios de menos, enquanto os democratas e os republicanos temem que o fim do programa possa lhes custar votos. Mais de 40 milhões de pessoas ganharam cobertura com a criação do Obamacare e estima-se que, com a nova lei, 24 milhões de pessoas percam seu acesso à saúde.
Em comemoração à aprovação, Trump concedeu uma coletiva na Casa Branca e disse que o Obamacare está “essencialmente morto”. Logo em seguida, o presidente seguiu viagem para Nova York, onde se encontrará com o premiê australiano, Malcolm Turnbull. Manifestações em repúdio à lei já vêm sendo organizadas para esperar a chegada do presidente.
Muitos atribuem à aprovação do Obamacare em 2010 a culpa pelo fato de os democratas terem perdido a maioria no Congresso nas legislativas de 2012. Agora, perto das eleições de 2018, a história pode se repetir, mas ao contrário. Não à toa, após a aprovação do texto, a bancada democrata na Câmara entoou um grito de “hey hey hey, goodbye” para os colegas republicanos.