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7,8 milhões de latino-americanos correm risco de sofrer insegurança alimentar, afirma Cepal

A Cepal apresentou nesta segunda relatório que atualiza dados sobre pobreza na região após a pandemia de coronavírus e a guerra na Ucrânia

Colabore: no Estado de São Paulo, há mais de 24 mil pessoas em situação de rua (Eats For You/Divulgação)
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AFP

Publicado em 6 de junho de 2022 às 15h12.

Última atualização em 6 de junho de 2022 às 15h59.

Cerca de 7,8 milhões de pessoas estão em risco de sofrer insegurança alimentar na América Latina e no Caribe devido à inflação e à desaceleração do crescimento econômico, estimou nesta segunda-feira, 6, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Essa quantidade de pessoas se somaria aos 86,4 milhões que já vivem nesta situação na região.

"Isto é apenas levando em consideração a inflação e o crescimento. Se acrescentarmos o fato de que afeta muito mais as mulheres [ em alusão à piora na renda e no emprego das mulheres pela pandemia ], os setores informais, que não têm recursos para melhorar no social, [ então ] o impacto da situação pode ser ainda maior", assinalou o secretário-geral interino da Cepal, Mario Cimoli.

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O que é insegurança alimentar?

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), a insegurança alimentar significa que a pessoa corre o risco de não ter acesso "a alimentos suficientes, inócuos e nutritivos que satisfaçam suas necessidades energéticas diárias e preferências alimentares para levar uma vida ativa e sã".

A Cepal apresentou nesta segunda em Santiago (Chile) o relatório "Repercussões na América Latina e no Caribe da guerra na Ucrânia: como enfrentar esta nova crise?", no qual também atualiza dados sobre pobreza e extrema pobreza na região após a eclosão do conflito no Leste Europeu, em sequência da pandemia de coronavírus.

A pobreza passaria de 29,8% em 2018 para 33,7% em 2022, enquanto, no caso da extrema pobreza, o aumento seria de 10,4% em 2018 para 14,9% neste ano, com ênfase em México, Colômbia, Brasil e Paraguai.

Cimoli ressaltou que "o que está acontecendo agora é um processo de choques distintos, crises em sequência e um processo cumulativo" que começou com a debacle financeira mundial de 2008, seguiu com as tensões políticas entre Estados Unidos e China em 2019, a pandemia de coronavírus a partir de 2020 e, atualmente, a guerra na Ucrânia.

Crescimento em baixa, preços em alta

A região da América Latina e do Caribe cresceu 6,3% em 2021, em plena recuperação econômica da pandemia. Para 2022, a projeção cai para 1,8%, 0,3 ponto percentual a menos que o previsto em janeiro, e "tende a retornar ao lento padrão de crescimento de 2014-2019", assinala o relatório.

"Existe uma resposta heterogênea [ dos países ] com uma tendência muito forte para baixo das estimativas", argumentou o secretário interino.

O Caribe se destaca com uma projeção de 10,1% de aumento do PIB, impulsionado por Guiana (13%) e Santa Lúcia (10,5%). Por sua vez, o crescimento da América Central é estimado em 4,2%, enquanto no caso da América do Sul, a previsão é de uma expansão de 1,5%, com Venezuela (5%) e Colômbia (4,8%) na cabeça.

A inflação regional, que segue a tendência mundial, passará de 6,6% em 2021 para 8,1% em 2022, diz o relatório.

O aumento da pobreza "reflete o forte aumento dos preços dos alimentos", indica a Cepal. "Esses níveis são notoriamente superiores aos observados antes da pandemia e implicam em mais um retrocesso na luta contra a pobreza" na região, acrescenta o texto.

(AFP)

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