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500 imigrantes desapareceram em naufrágio no Mediterrâneo

Até 500 imigrantes podem ter morrido em um naufrágio na semana passada no Mediterrâneo, segundo organização

Imigrantes em barco de patrulha: naufrágio teria sido provocado por traficantes (Matthew Mirabelli/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 14h40.

Roma -Cerca de 500 imigrantes estavam desaparecidos após a colisão de duas embarcações que acabaram naufragando perto de Malta, o que seria o caso mais grave do tipo registrado no Mediterrâneo, anunciou nesta segunda-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Este elevado balanço se soma às dezenas de imigrantes clandestinos desaparecidos em um outro naufrágio no domingo, a leste de Trípoli, segundo a Marinha líbia.

Ao mesmo tempo, a Marinha italiana informou nesta segunda-feira ter resgatado 2.380 pessoas durante o fim de semana, como parte do vasto programa "Mare Nostrum" criado após a morte de mais de 400 imigrantes em dois naufrágios em outubro.

Segundo as autoridades de Malta, a colisão envolveu um navio transportando de 300 a 400 imigrantes e um outro com 30 pessoas a bordo, que aparentemente se chocou deliberadamente contra o outro, provocando o naufrágio das duas embarcações.

A tragédia, que aconteceu na quarta-feira em águas internacionais a 300 milhas náuticas no sudeste de Malta, foi constatada quando um cargueiro panamenho resgatou duas pessoas na quinta-feira.

A OIM interrogou essas duas testemunhas, dois jovens palestinos de Gaza , que desembarcaram no sábado em Pozzallo, no sul da Sicília.

Interrogados separadamente, eles explicaram que partiram em 6 de setembro de Damietta, no Egito , com outras 500 pessoas, entre sírios, palestinos, egípcios e sudaneses.

De acordo com os depoimentos, os traficantes obrigaram os imigrantes a trocar várias vezes de embarcação. Na quarta-feira, pediram que saltassem para um barco menor e mais precário.

Quando os passageiros se rebelaram, os traficantes, que estavam em outra embarcação, avançaram contra o barco dos imigrantes, que sofreu o naufrágio.

Os dois palestinos foram resgatados no dia seguinte.

Sete outras pessoas, todas inconscientes e com hipotermia, foram socorridas e levadas de helicóptero para um hospital na Grécia. Uma menina morreu durante o trajeto.

Homicídio em massa

As autoridades italianas abriram uma investigação. Caso as informações sejam confirmadas, seria o naufrágio com o maior número de vítimas dos últimos anos, especialmente por não ser um acidente e sim um "homicídio em massa", denunciou a OIM.

Ao largo da Líbia, 36 pessoas, incluindo três mulheres, foram resgatadas pela Marinha. Segundo o coronel Kassem Ayoub, havia "200 pessoas ou mais" a bordo do barco que afundou.

"Havia um monte de corpos flutuando. Mas a falta de recursos não nos permitiu recuperar os corpos", disse à AFP.

Além disso, 102 imigrantes africanos foram resgatados nesta segunda-feira na costa de Guarabouli, 60 km a leste de Trípoli, de acordo com a Guarda Costeira, que também relatou três mortos e três desaparecidos.

A Líbia é um país de trânsito para as praias da Europa para muitos imigrantes, principalmente africanos, que pagam muito caro para viajarem em barcos frágeis esperando alcançar Malta ou a ilha italiana de Lampedusa, ao sul da Sicília.

No final de agosto, cerca de 170 africanos desapareceram em outro naufrágio na costa da Líbia, onde o caos reina absoluto permitindo aos traficantes multiplicar as partidas nas últimas semanas.

Em visita no domingo ao centro de resgate marítimo de Malta, o alto comissário da ONU para os refugiados, António Guterres, pediu um esforço verdadeiramente coletivo por parte da Europa para evitar novas tragédias em sua porta.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), mais de 2.200 pessoas morreram ou desapareceram ao tentar atravessar o Mediterrâneo desde junho, e 130.000 chegaram à Europa por mar a partir de 1º de janeiro.

*Atualizada às 14h39 do dia 15/09/2014

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São Paulo – A Letônia é o país que tem as piores condições para receber imigrantes , segundo o índice MIPEX, produzido em parceira entre o British Council e a organização europeia para políticas de imigração Migration Policy Group, revisado periodicamente. O ranking avaliou países europeus, o Canadá e os Estados Unidos. Recentemente, a pesquisa também incluiu o Japão (que ficou em 29º lugar do ranking) e a Austrália (que figurou em quinto lugar). Foram analisados 33 países no total e, por conta desta metodologia, nenhum país da América Latina apareceu no ranking. O estudo aplicou uma nota de até 100 para sete áreas principais: mobilidade no mercado de trabalho, possibilidade de reunir a família no país, educação, participação do imigrante na política, residência de longo prazo, acesso à nacionalidade e políticas contra discriminação. Nenhuma nação alcançou a nota máxima. Confira nas fotos ao lado e confira os piores países para ser imigrante segundo a classificação geral, além da nota em cada um dos critérios estudados.
  • 2. 33º) Letônia – 31 pontos

    2 /12(Wikimedia Commons)

  • Mobilidade no mercado de trabalho: 36
    Possibilidade de reunir a família: 46
    Residência de longo prazo: 59
    Políticas contra discriminação: 25
    Participação política: 18
    Acesso à nacionalidade: 15
    Educação: 17
  • 3. 32º) Chipre – 35 pontos

    3 /12(Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 21
    Possibilidade de reunir a família: 39
    Residência de longo prazo: 37
    Políticas contra discriminação: 59
    Participação política: 25
    Acesso à nacionalidade: 32
    Educação: 33
  • 4. 31º) Eslováquia – 36 pontos

    4 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 21
    Possibilidade de reunir a família: 53
    Residência de longo prazo: 50
    Políticas contra discriminação: 59
    Participação política: 21
    Acesso à nacionalidade: 27
    Educação: 24
  • 5. 30º) Malta – 37 pontos

    5 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 43
    Possibilidade de reunir a família:
    48
    Residência de longo prazo:
    64
    Políticas contra discriminação:
    36
    Participação política:
    25
    Acesso à nacionalidade:
    26
    Educação:
    16
  • 6. 29º) Japão – 38 pontos

    6 /12(Kiyoshi Ota/Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 62
    Possibilidade de reunir a família:
    51
    Residência de longo prazo:
    58
    Políticas contra discriminação:
    14
    Participação política:
    27
    Acesso à nacionalidade:
    33
    Educação:
    19
  • 7. 28º) Lituânia – 40 pontos

    7 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 46
    Possibilidade de reunir a família:
    59
    Residência de longo prazo:
    57
    Políticas contra discriminação:
    55
    Participação política:
    25
    Acesso à nacionalidade:
    20
    Educação:
    17
  • 8. 27º) Bulgária – 41 pontos

    8 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 40
    Possibilidade de reunir a família: 51
    Residência de longo prazo: 57
    Políticas contra discriminação: 80
    Participação política: 17
    Acesso à nacionalidade: 24
    Educação: 15
  • 9. 26º) Polônia – 42 pontos

    9 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 48
    Possibilidade de reunir a família: 67
    Residência de longo prazo: 65
    Políticas contra discriminação: 36
    Participação política: 13
    Acesso à nacionalidade: 35
    Educação: 29
  • 10. 25º) Áustria – 42 pontos

    10 /12(Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 56
    Possibilidade de reunir a família: 41
    Residência de longo prazo: 58
    Políticas contra discriminação: 40
    Participação política: 33
    Acesso à nacionalidade: 22
    Educação: 44
  • 11. 24º) Suíça – 43 pontos

    11 /12(Mike Hewitt/Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 53
    Possibilidade de reunir a família: 40
    Residência de longo prazo: 41
    Políticas contra discriminação: 31
    Participação política: 59
    Acesso à nacionalidade: 36
    Educação: 45
  • 12. Agora veja a ponta contrária do ranking

    12 /12(Sean Gallup/Getty Images)

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