2014, um ano catastrófico para civis vítimas de conflitos
A Anistia Internacional classificou como "escandalosa e inoperante" a resposta da comunidade internacional a essa violência
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 08h03.
Londres - O ano de 2014 foi "catastrófico" para as vítimas civis dos conflitos, relata a organização Anistia Internacional em seu relatório anual divulgado nesta quarta-feira, classificando como "escandalosa e inoperante" a resposta da comunidade internacional a essa violência.
Segundo a ONG, 2014 foi "excepcionalmente" carregado de conflitos, em meio a tragédias e sangrentos confrontos em Síria, Ucrânia, Gaza, Nigéria, entre outros territórios, com "milhões de civis mortos" e "15 milhões" de pessoas deslocadas.
"Este é, provavelmente, o maior número de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial", denunciou o secretário-geral da Anistia, Salil Shetty, em entrevista coletiva em Londres.
"2014 foi catastrófico para pessoas presas na violência ", alertou.
O relatório da organização analisa o estado dos direitos humanos em 160 países e aponta violações em 35 deles por parte de grupos armados como os jihadistas do Estado Islâmico e do Boko Haram.
"Isso pode e deve mudar", insistiu Shetty, que considerou "escandalosa e inoperante" a resposta da comunidade internacional às violações das liberdades fundamentais.
"Infelizmente, os líderes mundiais fracassaram na hora de proteger os mais desamparados", acusa a organização.
A Anistia é particularmente severa com as Nações Unidas.
"O Conselho de Segurança das Nações Unidas, um organismo que foi criado para proteger os civis e garantir a paz e a segurança, infelizmente, fracassou", denunciou Shetty.
Segundo ele, "os cinco membros permanentes (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia), na nossa opinião, abusaram constantemente do poder e dos privilégios do direito a veto para promover seus próprios interesses políticos, ou geopolíticos, em detrimento da proteção dos civis".
Renunciar ao direito a veto
Por esse motivo, a Anistia promete adotar "um código de conduta" para que os "membros do Conselho de Segurança renunciem, voluntariamente, a fazer uso de seu direito a veto para bloquear a ação do Conselho de Segurança, em caso de genocídio, crimes de guerra, ou crimes contra a humanidade".
Essa proposta não é nova, mas a Anistia espera fazer a ideia avançar com o apoio de seus sete milhões de membros no mundo.
"Ao renunciar a seu direito a veto, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança ampliariam a margem de manobra das Nações Unidas e enviariam uma mensagem aos responsáveis pelas atrocidades maciças de que o mundo não permanecerá com os braços cruzados", justificou Shetty.
Para o diretor para Oriente Médio e África do Norte da Anistia, Philip Luther, uma renúncia desse tipo teria permitido, por exemplo, que o Tribunal Penal Internacional perseguisse os responsáveis por crimes de guerra e por crimes contra a humanidade na Síria.
Além dessa proposta, a organização pede que se impeça a chegada de armas aos países onde esses equipamentos podem cair nas mãos de grupos armados.
A Anistia também insta aos Estados que ratifiquem o Tratado sobre Comércio de Armas, que entrou em vigor em 2014.
A Anistia Internacional encerra sua análise com um tom pessimista em relação às perspectivas para os direitos humanos em 2015.
Segundo a ONG, a previsão é que cada vez mais civis serão obrigados a viver sob controle de grupos armados brutais, agravando a crise humanitária dos refugiados.
Londres - O ano de 2014 foi "catastrófico" para as vítimas civis dos conflitos, relata a organização Anistia Internacional em seu relatório anual divulgado nesta quarta-feira, classificando como "escandalosa e inoperante" a resposta da comunidade internacional a essa violência.
Segundo a ONG, 2014 foi "excepcionalmente" carregado de conflitos, em meio a tragédias e sangrentos confrontos em Síria, Ucrânia, Gaza, Nigéria, entre outros territórios, com "milhões de civis mortos" e "15 milhões" de pessoas deslocadas.
"Este é, provavelmente, o maior número de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial", denunciou o secretário-geral da Anistia, Salil Shetty, em entrevista coletiva em Londres.
"2014 foi catastrófico para pessoas presas na violência ", alertou.
O relatório da organização analisa o estado dos direitos humanos em 160 países e aponta violações em 35 deles por parte de grupos armados como os jihadistas do Estado Islâmico e do Boko Haram.
"Isso pode e deve mudar", insistiu Shetty, que considerou "escandalosa e inoperante" a resposta da comunidade internacional às violações das liberdades fundamentais.
"Infelizmente, os líderes mundiais fracassaram na hora de proteger os mais desamparados", acusa a organização.
A Anistia é particularmente severa com as Nações Unidas.
"O Conselho de Segurança das Nações Unidas, um organismo que foi criado para proteger os civis e garantir a paz e a segurança, infelizmente, fracassou", denunciou Shetty.
Segundo ele, "os cinco membros permanentes (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia), na nossa opinião, abusaram constantemente do poder e dos privilégios do direito a veto para promover seus próprios interesses políticos, ou geopolíticos, em detrimento da proteção dos civis".
Renunciar ao direito a veto
Por esse motivo, a Anistia promete adotar "um código de conduta" para que os "membros do Conselho de Segurança renunciem, voluntariamente, a fazer uso de seu direito a veto para bloquear a ação do Conselho de Segurança, em caso de genocídio, crimes de guerra, ou crimes contra a humanidade".
Essa proposta não é nova, mas a Anistia espera fazer a ideia avançar com o apoio de seus sete milhões de membros no mundo.
"Ao renunciar a seu direito a veto, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança ampliariam a margem de manobra das Nações Unidas e enviariam uma mensagem aos responsáveis pelas atrocidades maciças de que o mundo não permanecerá com os braços cruzados", justificou Shetty.
Para o diretor para Oriente Médio e África do Norte da Anistia, Philip Luther, uma renúncia desse tipo teria permitido, por exemplo, que o Tribunal Penal Internacional perseguisse os responsáveis por crimes de guerra e por crimes contra a humanidade na Síria.
Além dessa proposta, a organização pede que se impeça a chegada de armas aos países onde esses equipamentos podem cair nas mãos de grupos armados.
A Anistia também insta aos Estados que ratifiquem o Tratado sobre Comércio de Armas, que entrou em vigor em 2014.
A Anistia Internacional encerra sua análise com um tom pessimista em relação às perspectivas para os direitos humanos em 2015.
Segundo a ONG, a previsão é que cada vez mais civis serão obrigados a viver sob controle de grupos armados brutais, agravando a crise humanitária dos refugiados.