Lula: ex-presidente deveria se entregar até às 17 horas de hoje (Leonardo Benassatto/Reuters)
Karla Mamona
Publicado em 6 de abril de 2018 às 11h18.
Última atualização em 6 de abril de 2018 às 17h25.
São Paulo — O Ibovespa fechou em queda de 0,46% na tarde desta sexta-feira aos 84.820 pontos. Já o dólar operava em alta de 0,78% sendo negociado na casa dos 3,36 reais.
Tanto o dólar como a Bolsa foram impactados pelo comunicado emitido por Donald Trump, na última quinta-feira.
O presidente dos Estados Unidos instruiu o Escritório do Representante Comercial do país para avaliar a imposição de mais 100 bilhões de dólares em tarifas contra a China.
Os temores de uma possível guerra comercial entre os dois países pesaram mais no mercado do que o mandado de prisão emitido pelo juiz federal Sérgio Moro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o que afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
“A influência maior vem do mercado externo. O que se prevalece é o cenário de incertezas geradas pelos Estados Unidos. A ameaça de tributação de 100 bilhões de dólares à China é nebulosa e acaba deixando o mercado mais cauteloso”, explica.
Sobre a prisão de Lula, que deve ocorrer ainda hoje até às 17 horas, o economista afirma que não deve impactar a Bolsa e o dólar – isso porque os investidores já tinham precificado essa situação, tanto nas ações como no câmbio.
“O mercado já fez uma avaliação sobre isso. Já era esperado que isso acontecesse. O preço atual já vem sendo trabalhado há semanas ou até mesmo meses.”
Silveira destaca ainda que os investidores já consideravam que Lula, condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, estaria fora das eleições presidenciais. A Lei da Ficha Limpa torna inelegíveis os condenados em órgãos colegiados do Judiciário.
Fora das eleições, o economista não acredita que Lula possa se tornar um forte cabo eleitoral. “Nas eleições, não será eleito um candidato de esquerda. Isso é fato.”
Ele acrescenta, ainda, que, entre os possíveis candidatos escolhidos pelo mercado, estão Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL). Sobre a possibilidade de Henrique Meirelles se candidatar, o economista afirma “ninguém no mercado leva essa candidatura a sério.”