Entenda a alta na procura por empréstimos que têm imóvel como garantia
Com taxas bem menores do que outras modalidades de empréstimo, home equity começa a ganhar espaço no Brasil. Número de contratos cresceu 25% em dois anos
Gabriella Sandoval
Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 09h30.
Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 10h56.
O home equity – modalidade que permite a utilização do imóvel próprio como garantia do empréstimo –, vem chamando cada vez mais a atenção dos brasileiros. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o número de contratos passou de 5.368, entre janeiro e agosto de 2018, para 6.721 no mesmo período deste ano – um salto de 25%. O valor emprestado também apresentou alta de 50% nos últimos dois anos.
Entre as explicações para o bom desempenho dessa modalidade de empréstimo estão as baixas taxas de juros oferecidas pelo home equity: em torno de 1% ao mês – bem menos do que a cobrada em empréstimos pessoais (cerca de 6,8% ao mês), e em empréstimos consignados (2,8% ao mês em média). “Pegar uma taxa de juros menor dá um fôlego fantástico para que as pessoas consigam organizar as finanças, empreender ou mesmo reformar o imóvel”, destaca Marcos Eduardo Carvalho, diretor comercial na Too Seguros .
“Estamos diante de uma solução muito mais competitiva do que linhas tradicionais, com taxas mais baratas ainda”. Incentivos para que as pessoas recorram a esse tipo de solução não faltam. Além dos juros baixos, o Banco Central (BC) anunciou, no ano passado, ajustes na metodologia de cálculo do capital exigido dos bancos para esse tipo de operação. Se antes era necessário manter um capital equivalente a 50% do valor emprestado, agora a porcentagem é de 35% caso o saldo devedor do empréstimo seja de até metade do valor de avaliação do imóvel. Em uma coletiva, em janeiro deste ano, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o home equity é “uma modalidade segura e barata”, e que tem o potencial de “desmobilizar cerca de 500 bilhões nos próximos anos”. Diante das perspectivas positivas, grandes instituições financeiras passaram a reduzir suas taxas, reforçando a oferta do produto.
Uma boa opção para empreendedores
O mercado também começou a chamar a atenção de startups como a Wimo, linha de home equity criada no ano passado pela corretora Wiz e a gestora Galapagos Capital. “Hoje, 80% da nossa carteira é formada por empreendedores que pegam um empréstimo para ampliar seu negócio”, diz Luis Henrique Moraes, diretor de produtos da Wiz Soluções. Entre as vantagens, diz ele, estão o prazo de pagamento estendido (de até 180 meses) a possibilidade de fazer um seguro que dilui o risco e protege o imóvel, o fato de o cliente ter a comprovação de renda facilitada, e a preservação do fluxo de caixa. “Como um novo negócio leva em torno de seis meses a um ano para decolar, o empreendedor consegue honrar com seus compromissos com mais tranquilidade, sem se descapitalizar.”
Seguro e garantias do imóvel
Entusiasta do home equity, Carvalho, da Too Seguros – parceira de startups como a Wimo –, explica que o seguro é fundamental na medida em que garante a cobertura tanto em casos de danos físicos, como incêndio, queda de raio, explosão, inundação, alagamento, destelhamento e desmoronamento, como em casos de morte do segurado ou aposentadoria por invalidez. “As coberturas podem ser personalizadas de acordo com as necessidades de bancos, financeiras e dos próprios segurados e garante mais tranquilidade tanto ao tomador do crédito como para a instituição financeira.”, destaca Carvalho.
O executivo alerta ainda que a hora de instituições financeiras oferecerem esse tipo de solução é agora. “Estamos aqui para ajudá-las a tornar essa modalidade ainda mais segura. Além do seguro tradicional, estamos desenvolvendo novos produtos para atender a modalidade”, diz ele. Bancos e fintechs que queiram oferecer esses tipos de seguro ou entrar nessa modalidade de concessão de crédito com garantias e mitigação de risco em situações de inadimplência ou custos com apropriação de imóveis inadimplentes podem entrar em contato com a Too Seguros pelo site da seguradora .
Juros (bem) mais baixos
E para quem duvida do potencial dessa modalidade de empréstimo, vale destacar que, enquanto no Brasil ela representa menos de 2% do crédito residencial, nos Estados Unidos a porcentagem é de cerca de 15%. “No mercado americano, essa operação é comum e faz parte da cultura. No Brasil, muitos desconhecem o home equity e acabam ficando anos e anos no cheque especial”, alerta Carvalho.
Para Moraes, da Wiz Soluções, a digitalização desse tipo de operação deve torná-la cada vez mais popular por aqui. “Com as vistorias sendo feitas de forma online e a digitalização de alguns cartórios, conseguimos reduzir consideravelmente o tempo de contratação do home equity”, diz o executivo. Segundo ele, todo o processo leva em torno de 15 a 30 dias para ser concluído.
A startup aceita imóveis de todo o país, estejam eles quitados ou não, e empresta até 50% do valor de mercado do imóvel, porcentagem que, por regulação do Banco Central pode chegar a até 60%. “Com essas facilidades, queremos que os brasileiros tenham acesso a uma solução de crédito cada vez mais justa, segura, barata e de longo prazo”, diz Moraes.