Classe C pagará mais por produtos e serviços diferenciados
Mimos e experiência memoráveis são armas para conquistar a classe média. Consumidor está mais atento aos benefícios e disposto a pagar mais por qualidade
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2013 às 11h33.
Rio de Janeiro - A classe C estará mais atenta à qualidade que ao preço em 2013. O segmento que ficou conhecido como “consumidor mais por menos”, caracterizado por buscar preços atrativos em primeiro lugar, está mais atento à estética das lojas, prioriza benefícios, e se dispõe a pagar mais para experimentar novas marcas. As mudanças da classe média apontam para um cliente mais exigente e que deseja ser surpreendido no seu consumo, recebendo um atendimento hospitaleiro.
A relação dos emergentes com as marcas não está ligada à fama, mas à confiança que elas inspiram e funciona como um “atestado de qualidade”. Por mais que esta camada esteja vivendo um momento de crédito e poder de compra em alta, não dispõe de dinheiro para desperdiçar, o que faz com que esteja atenta a cada detalhe para garantir escolhas certeiras. A indicação de amigos e familiares é decisiva na hora de optar por uma empresa ou produto.
Apesar dessa relação, 46% da classe média afirmam não ter uma marca preferida, que gere identificação, de acordo com dados do 1° Fórum Novo Brasil realizado no último bimestre de 2012 com participação do Estudo Vozes da Classe Média Brasileira, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da Presidência da República.
Esse cenário é favorável para as empresas que buscam se adequar a este consumidor em desenvolvimento. É o momento para encontrar mecanismos de aproximação que gerem afinidade com a marca e sensação de acolhimento. “As lojas de 10 anos atrás voltadas para a classe C não eram elaboradas, o layout, a comunicação, tudo era mais simples. Agora estão arrumadas e têm uma comunicação arrojada. Alguns bons exemplos são: o Lojão do Brás e a Torra-Torra, que investiram em equipamento, conceito de moda e embelezamento dos pontos de venda para desenvolver um serviço mais agradável”, afirma Edgard Barki, autor do livro “Varejo para Baixa Renda”(Bookman 2008).
Varejo investe em acolhimento
Para atender a este novo momento da classe C, algumas lojas focadas nesse público têm opções de alimentação como lanchonetes e cafeterias. “Os emergentes fizeram vários desafios para as empresas. Não é uma questão apenas de gosto e sim de como você trabalha serviços e atende às exigências. As empresas tiveram que adaptar seus modelos de negócios não só nos produtos, mas com relação à distribuição e comunicação. Essa é uma fase de mutação, pois a classe média cresceu, ampliou sua renda e se aproximou da classe alta quanto às exigências e expectativas geradas com relação às empresas”, aponta Edgard Barki.
A maior exigência altera a relação estabelecida pelo consumidor entre custo e valor. Diante de um público disposto a pagar mais, porém criterioso, a combinação entre preço baixo e qualidade é a tendência de posicionamento das marcas para 2013. “Existe uma migração das decisões de compra que eram focadas em menor preço para preço baixo, porém necessariamente aliado a marcas de melhor reputação. O processo de afirmação do consumidor resulta em uma demanda de decisões baseadas em qualidade, o que não significa que ele esteja disposto a pagar mais caro, e sim que poderá optar pelo produto um pouquinho mais caro, porém que julgue ser melhor”, afirma Gilberto Braga, professor do IBMEC.
O que a classe C busca em 2013?
A nova classe média é a camada social com maior índice de ascensão, composta por 94,9 milhões de pessoas e representando 52% da população brasileira, um segmento que cresceu 14% em 10 anos. Na última década, 35 milhões de pessoas ingressaram na classe C, de acordo com números da publicação Vozes da Classe Média Brasileira.
A classe C é mais rica que 52% da população mundial e apenas 18% dos países têm renda per capita superior a deste grupo. A principal preocupação desta parcela da sociedade continua sendo saúde e a educação, pensamento que se reflete na busca por planos de saúde, creche para os filhos, cursos profissionalizantes e faculdades particulares. A classe C movimenta R$ 1,03 trilhão por ano e será responsável por 40% do PIB até 2020. Na lista dos bens de consumo mais desejados estão os smartphones, eletroeletrônicos, bebidas, perfumes importados e viagens ao exterior.
Oferta de crédito X endividamento
A expansão de crédito aliada à pouca educação financeira se tornou uma faca de dois gumes que colocou os brasileiros da classe média entre os mais endividados do país. Com o maior índice de inadimplência, esta camada representa 47% dos consumidores com dívidas em aberto a mais de 90 dias. Os dados são de um estudo feito em parceria pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Há tempos o consumidor da classe C vem experimentando grande oferta de crédito, cedido pelos bancos e varejistas. Porém, este novo perfil de cliente leva em conta mais que as facilidades de crediário na hora de optar pela forma de pagamento. O valor e o tipo de produto são determinantes para a decisão.
Os bens duráveis são os maiores candidatos ao parcelamento. “A classe C hoje compra à vista itens de menor expressão financeira como supermercado e manutenção do dia a dia, e prefere o prazo para adquirir artigos pessoais, como por exemplo, vestuário. Mas o campeão do crediário são os itens de maior valor como eletroeletrônicos, carro e casa própria”, afirma Gilberto Braga, do IBMEC.
Crescimento: Classe média X Classe alta
A diminuição das taxas de juros será um facilitador para o consumidor colocar suas contas em dia. “Com a queda das taxas, está aberta a oportunidade das pessoas que se enrolavam com o pagamento de juros obterem valores de prestação menores para saldar o que devem. Isso ajudará na regularização da vida financeira em 2013. Porém o endividamento continuará forte”, projeta Gilberto Braga.
Em razão disso, a classe média deve crescer em ritmo mais lento, devido à parcela da renda comprometida com pagamento de dívidas. “Todos os sinais da economia concordam que para esse segmento da população a situação financeira não vai piorar. Porém o crescimento deve ser mais lento. O consumo se manterá por intermédio do crédito”, analisa o professor do IBMEC.
As perspectivas de crescimento para a Classe B são melhores. Respingada pela prosperidade da classe média, este grupo deve ter crescimento mais robusto que o outro, já que tem a seu favor uma menor taxa de endividamento. O segmento representa 33% dos cidadãos inadimplentes.
Rio de Janeiro - A classe C estará mais atenta à qualidade que ao preço em 2013. O segmento que ficou conhecido como “consumidor mais por menos”, caracterizado por buscar preços atrativos em primeiro lugar, está mais atento à estética das lojas, prioriza benefícios, e se dispõe a pagar mais para experimentar novas marcas. As mudanças da classe média apontam para um cliente mais exigente e que deseja ser surpreendido no seu consumo, recebendo um atendimento hospitaleiro.
A relação dos emergentes com as marcas não está ligada à fama, mas à confiança que elas inspiram e funciona como um “atestado de qualidade”. Por mais que esta camada esteja vivendo um momento de crédito e poder de compra em alta, não dispõe de dinheiro para desperdiçar, o que faz com que esteja atenta a cada detalhe para garantir escolhas certeiras. A indicação de amigos e familiares é decisiva na hora de optar por uma empresa ou produto.
Apesar dessa relação, 46% da classe média afirmam não ter uma marca preferida, que gere identificação, de acordo com dados do 1° Fórum Novo Brasil realizado no último bimestre de 2012 com participação do Estudo Vozes da Classe Média Brasileira, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da Presidência da República.
Esse cenário é favorável para as empresas que buscam se adequar a este consumidor em desenvolvimento. É o momento para encontrar mecanismos de aproximação que gerem afinidade com a marca e sensação de acolhimento. “As lojas de 10 anos atrás voltadas para a classe C não eram elaboradas, o layout, a comunicação, tudo era mais simples. Agora estão arrumadas e têm uma comunicação arrojada. Alguns bons exemplos são: o Lojão do Brás e a Torra-Torra, que investiram em equipamento, conceito de moda e embelezamento dos pontos de venda para desenvolver um serviço mais agradável”, afirma Edgard Barki, autor do livro “Varejo para Baixa Renda”(Bookman 2008).
Varejo investe em acolhimento
Para atender a este novo momento da classe C, algumas lojas focadas nesse público têm opções de alimentação como lanchonetes e cafeterias. “Os emergentes fizeram vários desafios para as empresas. Não é uma questão apenas de gosto e sim de como você trabalha serviços e atende às exigências. As empresas tiveram que adaptar seus modelos de negócios não só nos produtos, mas com relação à distribuição e comunicação. Essa é uma fase de mutação, pois a classe média cresceu, ampliou sua renda e se aproximou da classe alta quanto às exigências e expectativas geradas com relação às empresas”, aponta Edgard Barki.
A maior exigência altera a relação estabelecida pelo consumidor entre custo e valor. Diante de um público disposto a pagar mais, porém criterioso, a combinação entre preço baixo e qualidade é a tendência de posicionamento das marcas para 2013. “Existe uma migração das decisões de compra que eram focadas em menor preço para preço baixo, porém necessariamente aliado a marcas de melhor reputação. O processo de afirmação do consumidor resulta em uma demanda de decisões baseadas em qualidade, o que não significa que ele esteja disposto a pagar mais caro, e sim que poderá optar pelo produto um pouquinho mais caro, porém que julgue ser melhor”, afirma Gilberto Braga, professor do IBMEC.
O que a classe C busca em 2013?
A nova classe média é a camada social com maior índice de ascensão, composta por 94,9 milhões de pessoas e representando 52% da população brasileira, um segmento que cresceu 14% em 10 anos. Na última década, 35 milhões de pessoas ingressaram na classe C, de acordo com números da publicação Vozes da Classe Média Brasileira.
A classe C é mais rica que 52% da população mundial e apenas 18% dos países têm renda per capita superior a deste grupo. A principal preocupação desta parcela da sociedade continua sendo saúde e a educação, pensamento que se reflete na busca por planos de saúde, creche para os filhos, cursos profissionalizantes e faculdades particulares. A classe C movimenta R$ 1,03 trilhão por ano e será responsável por 40% do PIB até 2020. Na lista dos bens de consumo mais desejados estão os smartphones, eletroeletrônicos, bebidas, perfumes importados e viagens ao exterior.
Oferta de crédito X endividamento
A expansão de crédito aliada à pouca educação financeira se tornou uma faca de dois gumes que colocou os brasileiros da classe média entre os mais endividados do país. Com o maior índice de inadimplência, esta camada representa 47% dos consumidores com dívidas em aberto a mais de 90 dias. Os dados são de um estudo feito em parceria pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Há tempos o consumidor da classe C vem experimentando grande oferta de crédito, cedido pelos bancos e varejistas. Porém, este novo perfil de cliente leva em conta mais que as facilidades de crediário na hora de optar pela forma de pagamento. O valor e o tipo de produto são determinantes para a decisão.
Os bens duráveis são os maiores candidatos ao parcelamento. “A classe C hoje compra à vista itens de menor expressão financeira como supermercado e manutenção do dia a dia, e prefere o prazo para adquirir artigos pessoais, como por exemplo, vestuário. Mas o campeão do crediário são os itens de maior valor como eletroeletrônicos, carro e casa própria”, afirma Gilberto Braga, do IBMEC.
Crescimento: Classe média X Classe alta
A diminuição das taxas de juros será um facilitador para o consumidor colocar suas contas em dia. “Com a queda das taxas, está aberta a oportunidade das pessoas que se enrolavam com o pagamento de juros obterem valores de prestação menores para saldar o que devem. Isso ajudará na regularização da vida financeira em 2013. Porém o endividamento continuará forte”, projeta Gilberto Braga.
Em razão disso, a classe média deve crescer em ritmo mais lento, devido à parcela da renda comprometida com pagamento de dívidas. “Todos os sinais da economia concordam que para esse segmento da população a situação financeira não vai piorar. Porém o crescimento deve ser mais lento. O consumo se manterá por intermédio do crédito”, analisa o professor do IBMEC.
As perspectivas de crescimento para a Classe B são melhores. Respingada pela prosperidade da classe média, este grupo deve ter crescimento mais robusto que o outro, já que tem a seu favor uma menor taxa de endividamento. O segmento representa 33% dos cidadãos inadimplentes.