Renda fixa: diversificação é regra para obter retornos maiores
A rentabilidade dos ativos deve subir com a alta esperada da Selic, mas quem quiser retorno maior terá de buscar títulos de médio e longo prazo
Bianca Alvarenga
Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 05h38.
Última atualização em 1 de março de 2021 às 17h46.
O que saber antes de investir em renda fixa em 2021:
- Aumento projetado da taxa Selic vai impactar o rendimento de títulos de curto prazo
- Alongamento da carteira com títulos de prazo mais longo é estratégia recomendada
- Fundos de crédito privado são uma alternativa para quem busca retornos maiores
O ano de 2021 não será de retornos fáceis e de curto prazo para a renda fixa. Há uma expectativa de aumento da taxa Selic no segundo semestre, afastando um pouco a taxa de juro do atual piso histórico de 2% ao ano. A taxa deve chegar a 3,25% ao ano em dezembro, segundo projeções da pesquisa Focus, do Banco Central. Ainda assim, é um patamar bastante baixo.
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Isso significa que, além de diversificar seus recursos entre várias categorias de ativos para tentar obter uma rentabilidade melhor do que a do CDI, uma vez que a taxa que referencia o retorno da renda fixa vem perdendo até para a inflação, os investidores devem buscar a diversificação dos próprios ativos de renda fixa de sua carteira.
Os títulos de dívida continuam indicados pelo menos para a parcela dos recursos que será usada logo ou que corresponde à reserva de emergência. Mas diferentes tipos de títulos têm perspectivas de retorno diversas. Não é o momento de comprar títulos públicos como Tesouro IPCA + ou Tesouro prefixado com vencimento em um ou dois anos — esses são exemplos de papéis que andam com retorno muito baixo atualmente.
A recomendação dos especialistas é alongar a carteira. Odilon Costa, analista de renda fixa do banco de investimentos BTG Pactual, do mesmo grupo quecontrola a EXAME, sugere investir em títulos públicos ou privados com prazo superior a cinco anos atrelados ao IPCA, o índice oficial de inflação ao consumidor, medido pelo IBGE.
“Além da remuneração atrativa, o título oferece proteção contra o aumento dos preços. Papéis de longo prazo, caso vendidos antes do vencimento, podem apresentar ganhos ou perdas de capital. No entanto, esse risco pode ser gerido. Quanto menor for o prazo do título, menor será o risco de mercado caso o investidor opte por uma saída antecipada”, diz Costa.
A projeção de inflação para 2021 está em 3,3% (segundo o Focus), mas é possível que os preços subam um pouco mais que o esperado. Não é um aumento fora de controle, porém uma inflação que pode incomodar. Aplicações que proporcionam proteção contra a alta dos preços podem ser interessantes.
Embora no curto prazo o perigo inflacionário seja pequeno, é importante lembrar que os bancos centrais despejaram um caminhão de dinheiro nos mercados, o que pode ter algum efeito de inflação no futuro, diz Alan Ghani, especialista em renda fixa da EXAME Research.
Entre os títulos privados indexados à inflação, opções como debêntures incentivadas, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) continuam atrativas, já que a remuneração desses papéis normalmente acompanha a de um título público similar e inclui um prêmio de crédito, que varia entre 0,5 e 0,75 ponto percentual ao ano no caso de títulos com boa qualidade de crédito (rating AAA).Isso sem considerar que os títulos são isentos de imposto de renda sobre ganhos de capital, o que amplia sua rentabilidade líquida.
Existem ainda os fundos de investimento que aplicam nesses títulos de crédito de empresas. A necessidade das empresas de levantar recursos para dar tração à recuperação pós-pandemia também deve impulsionar os rendimentos de títulos de médio e longo prazo. Pode ser uma boa opção para o investidor que prefere contar com a experiência de um gestor de fundos, que acompanha o mercado mais ativamente.
“Por um lado, a gestão ativa dos fundos permite que o investidor obtenha um desempenho melhor até do que teria se comprasse os papéis por conta própria, a depender da estratégia adotada. Por outro, a gestão ativa implica em operações diversas que aumentam a volatilidade do fundo e que não dão garantia de rentabilidade”, diz Ghani.