Private equity e venture capital: a aposta da Legend na ‘economia real’
Family office LW estrutura nova área dedicada a gerar valor no médio e longo prazo com aportes em empresas sem capital aberto
Beatriz Quesada
Publicado em 16 de abril de 2022 às 08h35.
Ações, títulos de renda fixa, operações no exterior: a carteira montada por family offices para investir o dinheiro dos maiores patrimônios do Brasil costuma ter as mesmas classes de ativos disponíveis para qualquer investidor. Existem, no entanto, produtos e condições que são majoritariamente restritos aos bolsos mais cheios. E são essas operações mais rentáveis – ainda que com maior risco – que estão na mira da Legend Wealth Management (LW).
Com mais de R$ 4,5 bilhões em ativos sob gestão, o family office acaba de estruturar uma nova área voltada para o que a casa chama de “economia real”. As apostas se concentram principalmente em empresas que ainda estão fora do mercado de capitais. Os investimentos serão feitos via private equity, com a compra de participações de empresas não listadas, e por venture capital, com aporte de capital em negócios ainda em estágio inicial, como startups.
Para Sergio Marini, CEO da Legend Wealth, a estratégia é o diferencial da LW frente a outros family offices. “Vejo a concorrência tratando o segmento como mais um investimento em meio a várias áreas de gestão. Nós estamos criando uma vertical específica para operações que geram e mantêm riqueza para famílias no médio e longo prazo”, disse.
Na visão do CEO, a experiência dos nomes à frente da estratégia também conta a favor do produto. A área tem foco nacional e internacional, com Felipe Jaguaribe, ex-XP e Bozano Investimentos, liderando a operação no Brasil. No exterior, o comando é de Eduardo Loja, ex-chefe de investimentos do private banking do JPMorgan para a América Latina, e de Luiz Forjaz, que passou pelo Banco Safra e pela Brainvest Wealth.
Já o CEO da LW, por sua vez, foi um dos sócios fundadores da Turim, o primeiro family office do Brasil, e chefiou o braço de gestão de fortunas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) por aproximadamente uma década.
Em entrevista à EXAME Invest, Marini detalhou os planos da LW com o lançamento da nova área. Confira os principais pontos:
Como irá funcionar a estratégia de investimento da nova área?
O nosso foco são empresas que ainda não têm capital aberto. Não temos restrição quanto a setores ou a região do mundo em que o negócio atua. O mais importante é a análise do parceiro que vai estar junto conosco nessa operação. Se é um fundo, vamos analisar a qualidade do produto e dos gestores. Mas se é uma empresa, o foco são os executivos à frente do negócio. Investimos um tempo inicial muito grande analisando as parcerias.
A LW pode adquirir tanto cotas de fundos quanto as próprias empresas?
Exatamente. Para dar um exemplo, é possível que a LW entre como cotista de um fundo e uma dessas empresas que faz parte do produto precise de um capital extra que o fundo não consegue atender. Nesse caso, somos elegíveis a ser um investidor direto nessas empresas.
Investimentos mais arriscados costumam ser penalizados em momentos de alta na taxa de juros. Considerando a trajetória de alta da Selic, os ativos alternativos continua sendo um bom investimento?
A LW sempre trabalha com juro real, que é o nominal menos a inflação, e acreditamos na hipótese de juros reais baixos a longo prazo. Por mais que, agora, a Selic esteja se encaminhando para um cenário de 12% a 13% ao ano, a inflação anunciada pode chegar a mais de 8%. E a inflação de alta renda fica geralmente acima da geral. Vale lembrar ainda que o Brasil já acelerou o processo de subida de juros, o que significa que o patamar atual deve ser temporário.
Outro ponto a considerar é que as grandes fortunas têm uma necessidade maior de investimento a médio e longo prazo e, historicamente, o ideal para gerar retorno em um horizonte mais prolongado de tempo é investindo em boas empresas.
Qual o percentual da carteira que deve ficar investido nesse tipo de ativo?
Certamente não é a maior parcela de investimento do cliente porque é uma fatia de maior risco, que precisa de uma análise muito completa do setor, da empresa e de quem está à frente do negócio em que se entra como sócio. Dito isso, é um percentual muito particular para cada família, que varia entre 5% e 15%. Não é uma parcela grande, muito pelo contrário, mas é dela que depende o retorno de longo prazo.