Retomada da Azul recompensa investidores com rali de ações
A Azul registrou seu melhor primeiro semestre desde a oferta pública inicial em 2018, beneficiada por preços mais baixos dos combustíveis, recuperação da demanda por suas rotas regionais
Agência de notícias
Publicado em 29 de agosto de 2023 às 17h19.
Mesmo depois de as ações da Azul terem subido 34% no acumulado do ano, muitos investidores ainda subestimam o potencial de lucro da companhia aérea em meio à retomada da demanda interna e aumento dos preços das passagens, de acordo com analistas do Itaú BBA e do Raymond James.
A Azul registrou seu melhor primeiro semestre desde a oferta pública inicial em 2018, beneficiada por preços mais baixos dos combustíveis, recuperação da demanda por suas rotas regionais e um recente plano de reestruturação da dívida. A empresa foi fundada por David Neeleman, que lançou várias aéreas comerciais, entre elas a JetBlue Airways nos EUA.
“Parte dos investidores ainda não tem total percepção de que a Azul virou uma outra companhia nos últimos seis meses”, disse Gabriel Rezende, analista do Itaú BBA. “Realmente a assimetria de risco e retorno está bem mais favorável.”
No setor, a Azul se destaca pela capacidade de oferecer rotas para mercados menores, onde tem pouca ou nenhuma concorrência. Ao mesmo tempo, uma reestruturação da dívida finalizada no mês passado levou a Moody’s Investors Service a elevar a nota de crédito da companhia em um nível, para Caa1, ao mesmo tempo em que a perspectiva passou de negativa para positiva.
“Essa reestruturação da dívida que a Azul teve nos últimos meses vai levar a ação de volta aos radares dos investidores que, em 2018 e 2019, deixaram de seguí-la porque a percepção de risco aumentou muito”, disse Rezende. “Agora voltamos a um cenário mais normalizado.”
Além disso, a ação da rival Gol está em queda livre depois de a aérea ter vendido quase 2 bilhões de bônus de subscrição de ações no início de agosto, o que levou a um rebaixamento pelo Citi.
As cicatrizes deixadas pela pandemia ainda são sentidas em todo o setor, e investidores continuam cautelosos quanto à recuperação total das companhias aéreas, dada a elevada volatilidade relacionada aos preços dos combustíveis e à força do dólar. Apesar das crescentes preocupações com os problemas econômicos da China e uma possível recessão no exterior, a narrativa geral para aéreas como a Azul parece “limpa”, disse Savanthi Syth, analista de renda variável do Raymond James.
“Os lucros subjacentes aqui são muito, muito mais fortes do que o que o preço das ações reflete”, disse Syth.