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Bancos divulgam carteiras recomendadas de crédito privado. Veja onde investir

Carteiras recomendadas do BTG Pactual, Itaú BBA, Safra e Ativa guiam investidores em meio a recorde de emissões de dívidas

App de investimentos: crédito privado protege contra inflação e oferece rentabilidade atrativa por ser isento de Imposto de Renda (Reprodução/Getty Images)

App de investimentos: crédito privado protege contra inflação e oferece rentabilidade atrativa por ser isento de Imposto de Renda (Reprodução/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 5 de julho de 2022 às 16h45.

Última atualização em 5 de julho de 2022 às 16h53.

A janela fechada para IPOs e a captação positiva dos fundos de renda fixa tornaram o cenário favorável para captação de dívida pelas companhias. Como consequência, o volume de emissões de debêntures aumentou e vem batendo recordes. Mesmo com a Selic em patamares elevados, a captação de dívida no mercado de capitais atingiu mais de R$ 100 bilhões de janeiro a maio deste ano, volume bem superior ao registrado no primeiro trimestre de 2021.

De olho na diversidade e potencial destas aplicações, pelo menos quatro instituições financeiras já divulgam carteiras recomendada de crédito privado. As indicações se concentram em debêntures incentivadas, que são isentas de Imposto de Renda (IR), mas tambem podem incluir certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) e certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).

Segundo Yuri Machado, analista de renda fixa do Safra, ficou mais fácil investir nesses títulos. Por outro lado, há uma gama maior de opções. "Como resultado, o investidor se vê diante de 20 debêntures e não sabe como escolher. Nosso intuito é dizer, todo mês, quais são as nossas preferências".

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O crédito privado é atrativo porque pode proporcionar uma rentabilidade maior em relação a outros investimentos de renda fixa. Isso porque seu risco também é maior: se relaciona com a atividade de uma empresa. É diferente de um título bancário, garantido pelo FGC, ou um título garantido pelo governo. Os títulos também protegem contra a inflação, completa Ciro Matuo, head de renda fixa na área de research do Itaú BBA

A análise de cada debênture é complexa: passa por liquidez, perfil de crédito da companhia, o setor na qual está inserida e também questões macroeconômicas. É necessário também comparar as taxas dos papéis com as pagas por títulos públicos, como as NTNBs, e a curva DI futura.

Portanto, uma carteira recomendada pode ser um bom norte para quem começa a colocar o pé nessa modalidade de investimento.

Veja abaixo as carteiras recomendadas por cada banco para julho:

BTG Pactual

A carteira do banco de investimentos lista títulos que tenham pontos de entrada atrativos e boa relação risco retorno-liquidez. Na medida do possível, o banco buscará manter 5 ativos atrelados ao IPCA e 3 ativos atrelados ao CDI.

O processo de análise do risco de crédito dos emissores dos títulos leva em consideração a visão dos analistas do banco sobre a situação atual e perspectivas de evolução das métricas de crédito de um determinado emissor, prêmio de crédito ofertado no mercado secundário e comparação com outros emissores do mesmo setor e/ou faixa de rating, além do rating do emissor.

Na análise de liquidez os analistas consideram: tamanho da emissão, número de dias de negociação nos últimos 30 dias e/ou existência de outros títulos do mesmo emissor no mercado secundário.

Itaú

O Itaú começou a publicar a sua carteira de crédito privado em setembro de 2021. A carteira reúne títulos que negociam a taxas que, na visão dos analistas do banco, parecem ser bons pontos de entrada, oferecendo uma boa relação entre retorno e risco de crédito e bons níveis de liquidez de mercado secundário ao longo dos vértices da curva de NTN-Bs de referência.

Na análise de risco de crédito das devedoras, além de seu rating médio, os analistas levam em consideração a situação atual e a evolução esperada de suas métricas de crédito no curto/médio prazo.

Para calcular a liquidez de mercado, levam em conta índice calculado com base no volume diário médio e no número de dias de negociação nos últimos 90 dias.

A carteira dá sugestões de título em cada vértice da curva e para o investidor pessoa física (ICVM400) e qualificados (ICVM 476).

Segundo Matuo, do BBA, a escolha vai depender do prazo que o investidor deseja carregar o titulo. "Em alguns casos também pode também depender de como enxerga potencial rentabilidade do vértice ou se tem preferência por algum nome: nesse caso, o prazo do título não é a prioridade da aplicação. Buscamos dar flexibilidade para ele escolher".

Safra

O Safra passou a publicar a sua carteira em outubro do ano passado. Sua preferência é por papéis com forte geração de caixa, suficiente para arcar com a dívida. Ou seja, a análise recai sobre a saúde financeira da empresa, e não necessariamente se guia por ratings.

A duration da carteira é de 3 a 4 anos. Inclui ativos indexados ao CDI, mas majoritariamente títulos incentivados indexados ao IPCA, que são mais líquidos.

Ativa

A carteira da corretora é composta por cinco ativos, que são alterados de acordo com a sinalização de especialistas, e seu valor mínimo recomendado é de R$ 10 mil.

A carteira inclui cinco debêntures incentivadas com boa liquidez (com ao menos 3 participantes institucionais do mercado operando o papel), que tenham emissoes com bom perfil de crédito e taxas de rentabilidade atrativas.

O objetivo da carteira é estar à frente do índice IMA-B, ou seja, superar a inflação.

O percentual de exposição a cada debênture foi ajustado para a duration do portfólio se aproximar de 5 anos. Todos os ativos têm grau de investimento, sendo 40% de grau elevado (AAA) e os demais de grau médio elevado (A e A+).

Atualização mensal faz sentido no crédito privado?

Segundo Machado, do Safra, mais de 90% dos clientes carregam as debêntures até a data de vencimento. Mas então, por que atualizar mensalmente a carteira?

O objetivo é dar mais opções ao investidor, diz o analista. "Quando modificamos os papéis o investidor não necessariamente precisa mudar a sua carteira. Apenas colocamos novos títulos no radar, que preferimos naquele momento. Não pedimos para ele vender os títulos que já tem: só fazemos isso quando vemos que a empresa passa por dificuldades financeiras".

Segundo a Ativa, a mudança na carteira será feita sempre que houver novas oportunidades em outros ativos. A saída de um ativo da carteira não configura sua venda, apenas sua alteração para neutro. O call de venda ocorrerá direcionado por ativo quando necessário, nos casos em que a taxa negociada do ativo atingir um nível adequado para vender; ou a qualidade do crédito deteriorar.

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Como as taxas dos títulos sofrem variações diárias, a recomendação da Ativa é adquirir os ativos selecionados para a carteira gradativamente durante o mês, de forma a obter um preço de compra médio para sofrer menos volatilidade em dias de grandes variações.

Além disso, embora seja feita uma seleção de 7 a 8 ativos por carteira, não necessariamente é preciso distribuir o investimento em todos os ativos escolhidos para aquele mês, ressalta os analistas do BTG Pactual. No entanto, os analistas frisam a importância da diversificação do portfólio, procurando evitar concentrações elevadas do patrimônio em um único emissor ou setor da economia.

Apesar da seleção de ativos considerar os calls de analistas de macroeconomia ou eventuais oportunidades táticas pelos times de pesquisa, os analistas do BTG recomendam que as escolhas de prazo dos investimentos também estejam em linha com as necessidades de tempo e liquidez de cada investidor.

Onde investir em crédito privado agora?

Como a negociação de títulos vem sendo alta no mercado secundário, há uma diminuição do rendimento pago pelas aplicações. Portanto, começa a ficar mais interessante aplicar em títulos que estão vindo a mercado, cita Machado, do Safra. "Como eles começam a ser negociados em um ano de incertezas, marcado pelas eleições, tendem a oferecer um prêmio maior".

Para os analistas do Itaú, ante à continuação do conflito entre Rússia e Ucrânia, a maior parte das alocações da carteira recomendada estão em setores regulados, bem como empresas exportadoras que não têm sido significativamente impactadas pelo conflito. "Emissores de certos setores regulados oferecem mais proteção contra eventual volatilidade no curto prazo decorrente do conflito", dizem, em relatório.

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Entre as 10 recomendações na carteira do Itaú BBA, seis nomes pertencem a setores regulados, aponta Matuo. "Setores de saneamento e transmissão de energia estão bem representados na carteira, além do de logística".

Já no caso de nomes de fabricantes de proteínas, como JBS e Minerva, mesmo com bastante volatilidade o setor sempre teve demanda bem constante, analisa Matuo. "A JBS opera dentro dos Estados Unidos e tem grau de investimento global, enquanto a Minerva é exportadora e tem demanda constante da China. São nomes que nos deixam tranquilos".

 

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